Cuiabá está pegando fogo
Chapada
está em chamas
O
céu que era azul sumiu
O
anil não é mais anil
Os
homens de gravatas
Não
se responsabilizam
Os
governantes pra disfarçar
Não
usam mais gravatas
Cuiabá
– olhem – está ardendo
E
tudo era tão simples
As
mangueiras nos quintais
Os
sarãs nas margens dos rios
As
nuvens e os temporais
Tudo
no seu tempo certo
E
os cuiabanos preguiçosos
Não
reclamavam tanto do calor
Cuiabá
atual é só asfalto
O
prefeito, pra mostrar serviço,
Pinta
ruas e ruas de preto
O
Morro da Luz é só entulho
Os
escapamentos dos ônibus
pela
Nova Era dão sua contribuição
Cuiabá
arde dentro da ordem
Os
semáforos não funcionam
Os
motoristas se desesperam
O
horário bancário foi alterado
O
caixa eletrônico está fora do ar
O
Equador é mais em cima
Ou
mais embaixo?
Cuiabá
está em chamas
As
labaredas em Chapada brilham
Nas
noites como cartão postal
Os
decretos proíbem queimadas
Os
alvarás liberam o cerrado
As
viroses internam as crianças
E
trabalhadores bebem cervejas
Cuiabá
está fora de controle
Os
agentes corretores invadem
Mais
uma área verde e o ano
Eleitoral
dá sua parcela
E
mais um grilo se consolida
Cuiabá
está pegando foto
No
satélite infravermelho
Os
balneários estão lotados
Os
rios poluídos secam-se
A
umidade do ar diminui
O
Jardim Alencastro não é jardim
A
praça da República sem sombra
Não
temos para onde fugir...
Sobra
no bairro Goiabeiras
O
shopping que se mostra variável
Se
a Cemat não apagar a luz
Ps.:
Caro Enock, Cuiabá deixou de ser lírica
Ela
é vítima de sucessivos enganos administrativos
De
mentiras eleitorais, de conchavos políticos
Portanto,
não há sorte num tempo futuro imediato.
Do Livro "Seleta Cuiabana
- Cinquenta Poemas que Falam Cuiabá" página 51
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