O Adivinhador de Gente

Pelo semblante triste
sabe-se que morre a alegria
e se descontenta com a vida
sem descontos calculados

Adivinha-se fácil pela face
o pensamento do homem na praça...
Este madrugou o sono
sonhos incompletos perseguem
Aquele ri como um rio
caudaloso ao encontro do mar

A mulher sustenta um filho
no ventre morno
A menina brinca, mas caça
um namorado na multidão



Vai nascer amanhã, segunda-feira
pode buscar a notícia nos jornais
dois gêmeos: um eterno
outro efêmero, eternamente efêmero

Um pai que perde o filho
outro não sabe quem gerou
Os dois conversam alto
no recinto fechado

O repórter escreve ficção
Ai!, um coração parou
neste exato momento
dentro de um elevador...

Assim é o adivinhador de gente
desde a gênese.

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