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A Cara é Nova mas o Conteúdo Continua o Mesmo...


Um novo jornal está nas bancas
Que a informação nos venha de braços abertos
Idônea, precisa, máscula

A nova Gazeta está nas bancas
Que a manchete vibre
As pupilas do leitor arregale
Com ansiedade para além do lide

Que o novo jornal seja, sempre,
O palco do debate democrático
Que as idéias circulem
O confronto de posições se faça
Mas que prevaleça a verdade

Um novo jornal se namora em cores
Em síntese um novo produto...
Porque um jornal sempre será um produto
De consumo para atender as necessidades do leitor

Que os jornalistas Coutinho e Auro Ida
Nadja e Chico Ferreira
Severino e Fernando Fiori
Trindade e Sílvio Carvalho...
Enfim, todos, novos e velhos companheiros,
Sempre tragam a informação fresquinha
Calcada na ética

Não a ética simplória
De ouvir os dois lados
Mas a ética compromissada
Com a transformação
E lutar permanentemente
Para transformar a sociedade
A política, os poderes das cidades
Do Estado e do país.
anos 90

Dúvidas


Dúvidas na vida
sempre existirão
Assim, recém saída
pra fora do coração

Dúvidas escondidas
são eternas em nós
Vivem rosas feridas
e não nos deixam sós

Dúvidas, quando tremo
é medo de solidão
que vem como o Demo
para dar uma demão.

Setembro de 1991

Se Jesus Não Tivesse Nascido


Feliz Natal, meu amigo.
Se Jesus Cristo tivesse morrido velhinho
E não na cruz como de fato aconteceu
Será que o natal seria diferente?
Será que essa vontade de morrer também
Ainda faria companhia para gente?
Quem sempre está só neste natal
Se Jesus tivesse ficado velhinho
Talvez estivesse com alguém ao lado
Para conversar, falar, rir e mentir

Feliz Natal, Ricardo Guilherme Dicke
Se não estivesses aqui
E Jesus velhinho tivesse morrido
“Madona dos Páramos”, “Deus de Caim”
E o “Último Horizonte” seriam, com certeza,
Escritos numa língua diferente
- Quem sabe a germânica -
Falando duma realidade que não a de Mato Grosso

Feliz Natal, Dunga Rodrigues
Se não imaginasses Dunga
E Jesus não tivesse morrido
Da forma cruel e triste que morreu
Pregado numa cruz ao lado de ladrões
Talvez agora fosses avó,
Com netos peraltas a pedir histórias
Sobre uma Cuiabá que não existe mais

Feliz Natal, Gervane de Paula
Se não criasses artista pintor
E Jesus Cristo não estivesse na cruz
Talvez não tivesse o dom das tintas
Estarias em outras terras chupando mangas
Conversando debaixo do arco-íris
Sobre cores que pintam o universo

Feliz Natal, Montezuma
Se não escrevesse repórter-viajante
E Cristo não fosse filho de Deus
- Talvez Gutenberg não inventasse a imprensa
E os jornais não circulariam de manhã
Trazendo notícias de dois mil anos
Que insistem e se repetem todos os dias -
Sobraria tempo para inventar mais filhos

Feliz Natal, Dona Josefa
Se não fosse minha mãe
E Jesus Cristo nem tivesse nascido
Para não dar tempo de morrer na cruz
Talvez eu não estaria, agora, nesta hora
Escrevendo sobre minha vontade de ser
Carrasco de mim mesmo e tentar esquecer
Que Jesus é morto e está pregado na cruz

Feliz Natal, meus amigos
Se Jesus não tivesse nascido
Ou, melhor, nascido mulher
A memória, que tudo guarda,
E conta a história, companheiros
humanamente, seria diferente...

Publicado na Gazeta, em 24 de dezembro de 1990.