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Quando a Gente Bebe


Quando a gente bebe
Os olhos ficam empapuçados
Com uma vontade de chorar
Sem motivo
Mesmo com esse salário mínimo

Quando o Lula bebe
Tudo continua como antes
O chope gelado, o vinho tinto
Embora o salário mínimo
Vá para duzentos e sessenta

Quando a gente bebe...
- como diria Jânio Quadros -
Bebe porque é líquido e certo
Se fosse sólido a gente comeria
Se o salário mínimo desse

Quando o Lula bebe
Tudo se mostra certo
Embora torta a política palaciana
Do Palloci, do arrocho
Do mísero salário mínimo.

2004

O Brasil Para Todos


O Brasil para todos...
Todos os corruptos
de todos os currículos
Todos os sabidos
que chegam ser sábios
de tanta lábia... - que lábios
e enganam aos círculos
O Brasil para todos...
Todos os nérscios,
assim como eu e você,
ineptos, não adeptos
porém culpados, certo,
por não saber perpétuo
este ou aquele treco
quando somos eleitor
O Brasil para todos...
Todos os substantivos
meio termo, ativo
patativa, sem rima
em outras palavras
todos adjetivos frios
soro positivo até
de quem não se faz presente.
03/09/2005

Oração a Romário


Desista, Romário, o jogo está feio
Não há possibilidade de gol
- dentro ou fora da área -
não existe ataque, apenas defesa

Romário, fique de olho, repara
O técnico não é mais técnico
É um treinador disfarçado
Que insiste, por Deus, em forçar o jogo aéreo

O Brasil sem ti - sabemos - é triste
Mas não existe certeza da vitória
Como não é possível - por isso o futebol
É o futebol - em adivinhar o placar

Repara, Romário, vão te levar
Como se leva na marra, pro sacrifício
Para se ter um cristo para apontar
E dizer que tu és o culpado...

Se vencer - hão de dizer: “nosso esquema”
“nosso trabalho”, ou a melhor de todas
“aquilo que nós pregávamos...”. Mentira!
Esbulho, excrescência, calhordice, apenas

Sei, Romário, queres a glória definitiva
Entrar para o panteão dos grandes heróis
Dos estádios mundiais, escrever de forma
Indelével teu nome nos gramados

És perseverante, Romário, e confias
No teu futebol de boleiro, matador
Que não perdoa quando está na área
De frente para o gol completas
O teatro máximo que a torcida
Amiga e adversária sempre espera

A Copa do Mundo é a consolidação máxima
De todo grande atleta, mas não se iluda
Vão te levar contrariados, pô-lo no banco
Sob a absurda alegação de poupá-lo
E no banco, Romário, jamais deves ficar
Sob nenhum argumento se teu lugar
É nas quatro linhas com a camisa 11

O Brasil, Romário, não tem time
Tem uma defesa formada por vaidosos
Que acreditam soberbamente
Ser os salvadores da pátria

Na hora do aperto vão apontar o dedo
E cobrar -“cadê os gols, Baixinho?”
Esquecendo que não existe meio-de-campo
E querem o centroavante que volte pra apoiar

Fique de fora dessa “roubada”, Romário
Não precisas provar nada
Afirme que quer ir, faça charme,
Convoque a imprensa, mas no minuto final,
Diga que pensou melhor e resolveu
- resolução maior não há -
ficar na arquibancada
ao lado de todos os torcedores,
Verdadeiros amantes do futebol brasileiro.

19/02/2002