"Seleta Cuiabana", livro de poemas que falam Cuiabá, será lançado no próximo dia 10 de dezembro


No próximo dia 10 de dezembro, estarei entre às 19 e 21h na Livraria Janina, do Shopping Pantanal, autografando o livro "Seleta Cuiabana - 50 poemas que falam Cuiabá", uma compilação de poemas escritos nas últimas 3,5 décadas.
Edição da Carlini&Caniato Editorial
ISBN 978-85-8009-289-9
64 páginas

Nas Nuvens

Antes do derradeiro final
a poesia levanta voo,
num voo simples, entre voos,
e ruma ao encontro
da outra vertente,
do rio que forma entre nuvens
e corre em sentido contrário
aos dos rios no solo
e vão da montanha para o mar

Lançamento do livro "Seleta Cuiabana", de João Bosquo

No próximo dia 10, terça-feira, o poeta e jornalista João Bosquo lança o seu terceiro livro publicado com a colaboração dos leitores.
Trata-se da coletânea "Seleta Cuiabana – 50 poemas que falam Cuiabá", editado pela Carlini&Caniato. Os anteriores foram: "Sonho de Menino é Piraputanga no Anzol" e "Imitações de Soneto".
Serviço:
O que: Lançamento do livro "Seleta Cuiabana – 50 poemas que falam Cuiabá"
Quando: 10 de dezembro, terça-feira, das 19h às 21h.
Local: Livraria Janina, Pantanal Shopping.

Em Alto Mar

A poesia quando viaja de navio e em alto mar
enfrenta a tempestade, busca a musa
que comanda as águas do qual o início
se dá toda trajetória de ser ou não
movida pelo desejo de viver intensamente.

Língua Portuguesa

Nada é perfeito como a língua que falamos
No dia a dia de nosso cotidiano claro-escuro
Cheio de obstáculos para os sentimentos
Guardados a sete chaves nas artérias do coração

Nada é mais imperfeito que o sentir diário
Todas as palavras contidas no dicionário
São incapazes de explicar esse pulsar
Esse repentino abrir e fechar das retinas

As letras, fonemas, palavras, orações juntas
Justas, milimétricos dois e dois são quatro
O abecedário inteiro a nosso dispor aqui...

Tudo, imagina, tudo corre atrás da perfeição
Porém, sem sentir o interno de todos nós,
Somente a língua, impassível, continua bem dita. 

De Regras e Paramentos

A poesia quando é domingo
não sai paramentada
para rezar a missa
também não vai ao cinema

A poesia, todavia se anima
com os resultados e participantes
das oficinas literárias:
Se não formam poetas
ao menos, formam leitores...

Quem é o autor?

Ou chuva e sol: casamento espanhol
ou sol e chuva: casamento da viúva
e lembrar-se dum poema de Cecília Meirelles

A poesia, por certo, não mimetiza o tempo
embora as palavras caibam no tempo exato
dentro de uma realidade encarcerada
pelos seus próprios autores

(O autor de mim sou eu!)

Dona Dulce dos Pobres

Dona Dulce dos Pobres,
Por favor, olhai aquele mendigo
Maltrapilho que de tanto socorro precisa...
-Sou eu!

Olhai minhas chagas, tristes chagas,
Que habitam meu coração que de tanto olhar precisa
Para se reformar e tonar-se um coração bom

Fim de Semana


O dia amanhece
o fim de semana se concretiza
e o poeta – que se diz –
fica dentro de casa
com a mudança de tempo.

Resultado


A poesia, apesar de sua convicção,
não responde a todas as questões da vida
nem quando caminha internamente...

Leito hospitalar

A poesia, mesmo com febre,
quando infectocontagiosa,  
embora sem determinismo,
sai do leito e vai embora
a cativar os incautos
leitores sem previdência
ou meros consulentes

numa tarde, final de domingo.

Questão 2


Na narrativa de nossas vidas sabemos
(ou imaginamos saber) para onde vamos
e no sentido de nosso caminhar
não entendemos por que as pessoas
– tanta gente –
caminham contrárias à nós...

Questão 1


A poesia, nem todas às vezes, se questiona,
quando caminha nas calçadas das grandes cidades:
“Por que as pessoas, pedestres,
não seguem todos a mesma estrada?”

Privativo


Com o tempo – pois o tempo
é o velho senhor de todos –
o poeta descobre que não existe
assunto privado pra poesia
senão a própria poesia. 


Poesia Urbana

A poesia tem um quotidiano
fora de si
Quando a poesia vai ao shopping
se urbaniza ainda mais
e fala a linguagem sem significados puros
metafóricos ou confessadamente líricos.


De Ver e Envelhecer


Existem momentos
que meus olhos se voltam
para o edifício da Receita Federal
na Avenida do CPA
e não vejo nada 
O prédio, embora imóvel,
envelhece como tudo
que nasce sob a face da terra...
Envelhece, inclusive,
como a própria terra.