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Prognóstico Poético (trecho final)


O poeta com seus olhos míopes do alto voo
Vê os telhados das casas, em suas cidades,
Mas não vê as pessoas em urbano cotidiano

A poesia – antes que se perca – se manifesta
Na sala de espera do aeroporto antes do embarque

Do poema para o ponto final. Fim.

Prognóstico Poético (trecho)

A poesia quando viaja de navio – em alto mar
Enfrenta a tempestade – busca a musa
Que comanda as águas do qual o início
Se dá toda trajetória de ser ou não
Movido pelo desejo de viver intensamente

Antes do derradeiro final, a poesia levanta voo
Num voo simples, porém voo, que ruma ao encontro
Da outra vertente que forma entre nuvens
No rio que corre no sentido contrário
Aos dos rios em terra
E vão da montanha para o mar

Prognóstico Poético (trecho)

Ou chuva e sol ou sol e chuva
E, lembra-se dum poema de Cecília Meirelles,
A poesia, por certo, não mimetiza o tempo
Embora as palavras caibam no tempo certo
Dentro de uma realidade encarcerada
Pelos seus próprios autores

(O autor de mim sou eu!)

A poesia quando é domingo
Não sai paramentada
Para rezar a missa
Também não vai ao cinema

A poesia, porém, se anima
Com os resultados e participantes
Das oficinas literárias
Se não formam poetas
Ao menos, formam leitores...

Prognóstico Poético (trecho)

Na narrativa de nossas vidas sabemos
(Ou imaginamos saber) para onde vamos
E o sentido de nosso caminhar
Mas não entendemos porque as pessoas
- Tanta gente – caminham ao oposto do nosso...
Por um segundo, contudo, nos questionamos:
– Será o nosso sentido o certo?

A poesia, apesar de sua convicção,
Não responde essa pergunta satisfatoriamente
Mesmo assim ela caminha junto de todos nós...

O dia amanhece
O fim de semana se concretiza
E o poeta – que se diz –
Fica dentro de casa

Com a mudança de tempo:

Prognóstico Poético (trecho)

Com o tempo – pois o tempo
É o velho senhor de todos –
O poeta descobre que não existe
Assunto privado pra poesia
Senão a própria poesia

Voltemos ao poeta...
No ponto de ônibus
O poeta desatento rabisca

A poesia, não são todas às vezes, se questiona
Quando caminha nas calçadas das grandes cidades
“Por que as pessoas, pedestres, não seguem
Todas no mesmo caminho?”
Uns vão (entre eles eu ou você)
Enquanto dezenas, centenas, milhares
Vem em sentido contrário...


Prognóstico Poético (trecho)

“A poesia não envelhece,
Ela se renova”,
Tenta contrapor o velho poeta
De cabelos brancos...
Mesmo de cabelos brancos
A poesia se manifesta
Quando volta a olhar
Para dentro do ser indissolúvel

A poesia tem um cotidiano
Fora de si
Quando a poesia vai ao shopping
Ela se urbaniza ainda mais
E fala a linguagem sem significados puros
Metafóricos ou mesmo líricos

Prognóstico Poético (trecho)

A espera pela inspiração
Tem apenas uma estratégia: esperar
O poeta crê, como crê,
Como uma esperança infinita
Que a poesia não irá a óbito
Dentro de seu peito

Há momentos que olho
Para o edifício da Receita Federal
Na Avenida do CPA
E não vejo nada

O prédio que parece imóvel
Entretanto envelhece como tudo
Que existe sob a face da terra

Inclusive a própria terra


Prognóstico Poético (trecho)

- “A poesia, por menor que seja, é imodesta!”
Poderia dizer o poeta Mário de Andrade.

O frio em Mato Grosso
Não vence as queimadas
A poesia se enternece
Com os bichinhos
Que morrem incendiados

A poesia quando sai para passear
É como uma curta viagem
Vai de ônibus do bairro até o coração da cidade
E demora, quando demora,

Menos de uma hora no ponto de ônibus

Prognóstico Poético (trecho)

A poesia com frio
Sente calma o vento que exala
Por entre as trilhas do rio Pantanal

O Pantanal da poesia
De Manuel de Barros
Tem outro valor – valor literário –
Que não se negocia nas bolsas de valores
E por isso mesmo ela não despenca

A poesia é calma
Mesmo sem valor
Ela tem sentido, rumo e guia o poeta
De mãos dadas
Neste e noutros poemas


Prognóstico Poético (trecho)

A poesia não precisa de editais
Ela navega sozinha, rio abaixo
Rumo ao oriente Pantanal

A poesia, quando o sol nasce
No início do dia,
Mesmo nos derradeiros dias
De nossas vidas,
Nasce com alegria
Raios esfuziantes
Abrem veredas azuis e clareia o céu

À tarde, a poesia assume um novo tom
Às vezes nem tão poético
Esquecida de novos e velhos compromissos


Prognóstico Poético (trecho)

Do ar, sabe-se, respira a poesia
Não a poesia concreta
Que salta do asfalto
Mas a poesia tênue
Que muito das vezes se perde
Em bobas teorias que provocam
Mas não provam da essência

Da terra, prova-se o alimento
Da lavoura poética
Que germina sob a enxada
(antigamente)
Ou arados modernos
(agora)

Prova-se da alma...

Prognóstico Poético (trecho)

A poesia, se não brotar
Sob o papel em branco,
Quem sabe, florescerá
Na nascente do rio
Que corre rumo ao Pantanal...

A poesia, pois, como olho d’água
Surge nos lugares mais imprecisos.

Da água vem o volume
Do qual a poesia tanto necessita e
Afogar a sede daqueles que não creem
Em arte alguma