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Sentimentalmente


O sentimento mente
para nós mesmo
com o propósito
de nos deixar
menos vulnerável

O coração recusa
se mostrar pronto
para o amor

Um Ponto


Um ponto qualquer
no rumo de uma linha
que segue paralela
a outra linha
invisível de nosso ser

Uma sequência de pontos
forma esta linha
e paro em todos
para olhar

Tudo já foi Dito!


Tudo já foi dito!
Onde, contudo,
está a prova
de tudo que já foi dito?

Onde está escrito
tudo que está dito,
dito em um segundo,
num segundo plano...

Não importa, quero prova
Quero a trova, só pra
ter certeza que este poema
já foi publicitado decerto
em algum século vindouro
por alguém e não outro

Antigamente

Não se veem mais poetas como de antigamente
Os poetas de antigamente escreviam à mão
em brancos papéis suas diletas poesias...

Bem antes, porém, os poetas cantavam musas
intrusas, em métricas precisas e de cabeça
guardavam na memória e iam aos recitais

Depois chegaram as máquinas Remington
os poemas surgiam datilografados
até convivermos com o modernismo
e desaguar no concretismo...

Tristezas


Tristinho
É de Vinícius
(de Morais)

Tristão
De Ataíde
Sem falar
Em Manuel
(de Barros do Pantanal)...

Água


Água de se beber aqui
Vem do rio Cuiabá
Esse maravilhoso rio
Que nos abastece
Além d’água
De peixe e paisagem

A água cuiabana
É doce, gostosa, histórica
E brota de geração
Em geração matando a sede
De todos cuiabanos e paus-rodados

O peixe do Cuiabá
É frito, ensopado
De histórias de pescarias
E pessoas comem que comem
Até lamber os beiços

Tempos e Temperos


Tinha tempo...
Havia um tempo
O sabor na ponta da língua
O paladar
A água na boca
Boca aberta
Queixo caído

Outro Dia


Amanhã é outro dia,
se bem amanhecer esta cidade...

Enquanto isso, fico em minha casa
olhando o tempo que não termina

O tempo, substantivo, é invenção do homem
pré-primitivo, pós-tudo, que olhou para fora de si...

Caminho na Noite


Caminho nesta noite,
sempre na esperança
de encontrar o novo dia

O caminho a nos levar
para outro dia
começa instantâneo
após a noite a sonhar

Caminho como sempre
com medo de pensar
no novo que virá

Alguma Coisa Precisa Ser Feita


Alguma coisa precisa ser feita
Para salvar o mundo

Coisa alguma precisa ser feita
Para salvar o mundo

Alguma coisa será feita
Para salvar o mundo

O Nível


1. O nível do Rio

O nível do rio,
qualquer rio, está baixo...
O nível das discussões
o nível dos políticos
o nível das políticas
de inclusão social,
metafórica ou não,
está bem abaixo do nível do rio

2. Ao nível do rio

Não Sei como é João no Japão

Quando for para Alemanha
Serei Hans e a guerra não acaba
Como todos os czares russos
os russos vão me chamar de Ivan

Em inglês sou xará de John
como o João de John Lennon
Nas línguas latinas parece fácil:
Juan na Espanha e Jean francês

Serei sempre João, bobo, quem importa,
porém sem medo dos falares do mundo,
Destarte não sei como é João no Japão...

Quando Viro o Zorro

Quando eu morro
as palavras com quais me socorro
são rimas de um dicionário
um tanto ordinário
que não se vê em bibliotecas
com mínimo de estética

Quando eu morro
as palavras que me vem
são um pronto-socorro
nó-de-cachorro, desforro
e antes do esporro, corro...

Toco de Amarra Onça

Os tocos de amarra onça
não têm jeito. De longe
se vê quão são baixinhos,
mas, por favor, não espalha
senão é uma encrenca só
pois os tocos de amarra onça
não se acham, digamos, baixinhos

Baixinho, segundo eles,
é o outro, é o seu salário
em último caso, é a mãe...
Os baixinhos, quando dão
pra ser inteligentes...

Arthur ligou!


Arthur ligou o fio na tomada
deu curto-circuito, a TV pifou
o técnico não veio, o jogo acabou

Arthur ligou do orelhão pra
quem precisava ligar: contudo,
o ensaio adiado e o pátio vazio

Arthur ligou a tomada no fio
o câmera man velou o filme
o script está nu, mãos no bolso