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Caminhar


Entre cadáveres guardados na memória
Sigo caminhando em dispersa meditação
Por todos os cômodos das lembranças

Quem fui? Quem sou? Apenas sei
Certeza - não sou o mesmo de ontem

Qual a Serventia do Poema?


Qual a serventia de um poema
De um poema equidistante
Da realidade quotidiana?

Qual o valor de um poema
Sem compromisso com a realidade
Do homem que trabalha o dia-a-dia?

Ausências

A poesia ausente na aula de literatura
só foi sentida pelo poeta presente,
sem convite ou crédito de participação,
quando dispôs a pedir uma informação
ao professor palestrante loquaz

Bula Poética

Atenção! Ao ler o poema, não se distraia
Fixe nas figuras de linguagens
no ritmo canoro dos versos
se é trote ou galope, boi ou de cavalo

Os poemas reflexivos meio que combinam
Com os momentos de solidão do leitor
Ou consolo para quem perdeu o ser amado

A cadência sonora nos ajuda na memória
No andar de andar e enfrentar a vida
Enquanto outros - sei lá - nos fazem rir
E alegra a alma como um banho de rio

A lágrima cristalina


Tirem as crianças da sala
Para que não vejam na cara
Do poeta esquecido
A lágrima cristalina

A lágrima mais legítima
Dos olhos de dor, Dora
Dura, veja, uma eternidade
Para nascer, viver, morrer...

A lágrima que legitima
A dor real é velha conhecida
Do poeta desacreditado...

Conversas

Uma palavra puxa outra palavra
Até formar uma frase completa
Enquanto um poema inspira outro poema

Embora os olhos de quem vê uma clareira
Não sejam os mesmos de quem olha o pantanal

O Tempo Não Para

Logo depois de despertar,
Com a cabeça fresquinha,
Bate uma vontade de escrever

As escrituras, dessa hora,
Sai aos borbotões,
Uma frase atrás da outra
Até que a tosse,

A Morte Segue uma Lógica Eterna

Em algum momento da vida deixarei de escrever
Agora não sei se antes ou depois de morrer

A morte segue uma lógica eterna,
não temos como escapar:
Escrever ou não o poema segue um sistema
Às vezes não compreendemos muito bem

A lógica desse destino:
Ser livre ou ser preso sem razão
não tem o mesmo sentido

Cantoria


Não canto nenhum canto
que comece com o pôr do sol.

O canto como o canto dos galos
deve ser ao amanhecer.

Nenhum canto grita mais
que a luz do sol despertando.







Colheita do Tempo


Tudo envelhece antes de morrer
Essa é a cronologia,
ante a última de todas as etapas

A criança corre no parque
brinca sob o olhar da babá

O sol transcorre por conta
do movimento de rotação
da terra que se movimenta...

O pássaro pia, canta, gorjeia
chama e denuncia: “Bem-te-vi!”
mas não enxerga o tempo
com os mesmos olhos que os meus

Meus olhos precisam de auxílio,
lentes, sem as quais não vê
um palmo além do nariz

Bicentenários de consumo

Naqueles velhos tempos tinha um bicentenário para cuidar. Era um bicentenário moderno, não tão avançado assim, mas que podia ser confundido com os artefatos mais modernos, daí a necessidade de atenção redobrada.

Precisava ler qualquer coisa sobre segurança de bicentenários. Busquei na biblioteca mais recheada da cidade, da nossa cidade, os manuais, as ilustrações e indicações bibliográficas confiáveis…

Ninguém prestava ajuda ou atenção. Tudo estava de acordo, segundo as normas mais elegantes, editadas pelos poetas monarcas e transvestis severos que se faziam passar por policiais do convescote suburbano

Saudade é o bicho


Saudade é um bicho danado
Mexe com a cabeça e coração
A gente quer esquecer
Mas o peito salta saltitante
O coração no céu da boca
Quando estrelas deveriam brilhar

Pedaços e Retalhos 4

Metade de uma metáfora
Vale mais que uma Pa+la+vra (=) inteira

Pedaços e Retalhos 3

A vida amanheceu um dia Meio que com preguiça De abrir os olhos da saudade.

Pedaços e Retalhos 2


Tenho pressentimento

De pensar nas tatuagens


Quando deixarem a moda.

Pedaços e Retalhos 1

A fila anda!

Vou pra

Finlândia.

Distinção


Tudo era distinto.
Um diferenciava do outro,
um detalhe distinguia deste,
embora andassem juntos, anjos e diabos

Isso mexia com as nossas cabeças, mas
anjos eram anjos e diabos, ora, eram diabos

Do Sonho ao Pesadelo


Quem sonhou? – eu sonhei – que o Brasil, um dia, iria se superar
Sonhei    com todos – brancos e pretos – dando as mãos
Sonhei que não tinha pobres, extremamente pobres, pedindo esmolas
Sonhei que seriamos irmãos de nossos irmãos, solidários e fraternos
Sonhei, bom que se diga, não custa nada sonhar, mas agora acordei
E vejo o Brasil vivo dentro de um pesadelo.

Voz Interior


Qual é o limite de olhar para fora de si mesmo?
Quem consegue ver além, do além-mar Pantanal?
Quando se sai do simples olhar para além do mar
O pensamento, o existir, passa ser outra dimensão

O olhar de olhar fora de si é para dentro de nós
O olhar para si mesmo nos faz ver a verdade
-"Nós somos a verdade desconhecida", diz a voz...
A voz que procuramos esquecer e não ouvir