Aonde foi o guri que sabia tudo, quase tudo?
Onde se escondeu o menino levado que leva meu sorriso
meu riso infantil, minha felicidade pelas ruas da cidade?
Onde está o guri traquino
que matava passarinho
sem pena pra assar?
Por onde se enfiou o moleque que subia nos muros
para ver as gurias nuas tomando banho
à beira dos tanques nos quintais
das tardes quentes de Cuiabá?
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Não me lembro menino
Não me lembro menino
Lembro-me moleque
atiradeira, pandorga
e a gostosa emoção
de matar aula
para morrer no rio Cuiabá.
Perguntas
Quem é que te põe pra fora,
quem é que te devora?
- O mesmo que sorri
fingido, fingindo de mim
Quem é que te apavora
noite e dia a mesma hora?
quem é que te devora?
- O mesmo que sorri
fingido, fingindo de mim
Quem é que te apavora
noite e dia a mesma hora?
Remanhecer *
Morri e aqui estou
Neste corpo que nunca foi meu
(Nem a outra pessoa pertenceu)
Mesmo quando muito amei
Se amar não pude
Como fora minha intenção
Morto da silva
Estou esperando (quem sabe)
Um beijo que me adormeça
Faça-me sonhar menos
Fora destes pesadelos
Que não se dissipam
Nem que se desligue das tomadas
Neste corpo que nunca foi meu
(Nem a outra pessoa pertenceu)
Mesmo quando muito amei
Se amar não pude
Como fora minha intenção
Morto da silva
Estou esperando (quem sabe)
Um beijo que me adormeça
Faça-me sonhar menos
Fora destes pesadelos
Que não se dissipam
Nem que se desligue das tomadas
Notícia
Aqui se mata impunemente
trabalhadores sem terra,
conforme o professor
no congresso de periodistas
Aqui se mata impunemente
crianças nas noites
mal iluminadas
Aqui policiais disfarçados
de bandidos, vestidos de policias
matam crianças impunemente
Aqui se mata com certeza
da impunidade com certeza
Aqui se mata índios Pataxós
incendiados, nas noites Brasília
sem medo justo de julgamento
Aqui se mata crianças
com tiros na cara, com certeza,
sem medo de prisão
Sem-terras são provocados,
caem, como, na armadilha
e são mortos pela provocação
Trabalhadores são punidos
por estarem sem carteira
sem emprego, sem salário
Trabalhadores são presas fáceis
nas mãos de bandidos
vestidos de policiais
A Puta e o Poeta
In Antônio Sodré, el poeta da transmutação
El poeta, por sua vez,
não sabe nada da puta...
Veja bem:
el poeta escreve versos
a puta anda na calçada
Os dois se desconhecem
embora morem na mesma cidade
e vivam de mesmos dissabores/amores.
A Noite é Outro Dia
A noite é outro dia
os homens são tão diferentes
dentro das casas de luzes acesas
A noite é outro dia
as árvores guardam sombras
de luzes das casas dormindo
A noite é outro dia
passarinho passa sozinho
postes e luzes no caminho
A noite é outro dia
menos precisão de claridade
no sonho da cidade em casas...
os homens são tão diferentes
dentro das casas de luzes acesas
A noite é outro dia
as árvores guardam sombras
de luzes das casas dormindo
A noite é outro dia
passarinho passa sozinho
postes e luzes no caminho
A noite é outro dia
menos precisão de claridade
no sonho da cidade em casas...
Pescuma
A
gente vai pescar
um
peixe
piraputanga
A gente vai pescar
A gente vai pescar
um
peixe
pacu
pacupeva
A gente só não pesca na piracema
A gente só não pesca na piracema
espuma
cerveja
se arruma
na
beira do rio
Um
canto a fio
na voz Pescuma.
na voz Pescuma.
Sonho Colorido
Tinha um sonho colorido
passageiro, mas devagar
parecia câmara lenta
na tela da infância
Sonho lindo de morrer
ninguém mais lembra, mas
o filme vai reprisar
nós de mãos dadas, assim
caminhando no jardim
Retrato, lembrança viva
na memória da menina
que esqueceu de apagar
o seu primeiro amor
das linhas do coração.
passageiro, mas devagar
parecia câmara lenta
na tela da infância
Sonho lindo de morrer
ninguém mais lembra, mas
o filme vai reprisar
nós de mãos dadas, assim
caminhando no jardim
Retrato, lembrança viva
na memória da menina
que esqueceu de apagar
o seu primeiro amor
das linhas do coração.
Ronaldinho
Ronaldinho é uma graça!
Tanto tempo que a galera
Não via algo assim:
Tão valente, tão ágil
Tão voador, artilheiro
Goleador... Tão Pelé
Ronaldinho, que susto
Há tempos que os estádios
Não tremiam de delírios
De êxtases, de gozos
De gols arquitetos...
Ronaldinho é tão menino
Brinca perigosamente
Na pequena área
Tanto cuidado, tão prevenido
De dribles esquecidos
Tanto tempo que a galera
Não via algo assim:
Tão valente, tão ágil
Tão voador, artilheiro
Goleador... Tão Pelé
Ronaldinho, que susto
Há tempos que os estádios
Não tremiam de delírios
De êxtases, de gozos
De gols arquitetos...
Ronaldinho é tão menino
Brinca perigosamente
Na pequena área
Tanto cuidado, tão prevenido
De dribles esquecidos
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