Mostrando postagens com marcador Reportagens. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Reportagens. Mostrar todas as postagens

Esta e outras coisas que publiquei no Facebook: Ceifar vidas

Engraçado isso: Ceifa Vidas. De repente, não mais que de repente, descobriu-se que a "corrupção" ceifa vidas, mas ninguém consegue provar como, né mesmo.
Só fala, como uma frase da moda: ceifa vidas.

Esse ceifar vidas da corrupção, aviso está para mim no mesmo nível do erro médico. Quando vc diz não deveríamos aceitar homens públicos corruptos dá a impressão que todos são corruptos e que só os brasileiros o são. E não é verdade, né. O Iraque - o exemplo mais veemente da corrupção americana - está aí. E tantos outros exemplos - como vemos em filmes - da corrução do sistema americano, mas não vemos os americanos vexados por isso, como nós.

Agora estamos sem Bolinha, o Sax de Ouro do Rasqueado Cuiabano

O verdadeiro ícone do Rasqueado Cuiabano

Este repórter com o Mestre Bolinha - Foto: Lenine Martins
Por João Bosquo | “João Batista de Jesus é o nome mais bonito” quem afirma é o titular, proprietário do nome, conhecido também como Mestre Bolinha, que solta uma sonora gargalhada ao dizer isso, para depois completar “João Batista Jesus da Silva. Eu nasci no dia da alegria, às 8 horas da noite, quando levantavam o mastro na casa de Dona Maria de Ferraz”. Era festa de São João, uma das mais tradicionais da antiga Rua da Fé, atual Comandante Costa.

A música está na raiz, ou mais modernamente no ‘gene’. Filho do lendário Mestre Albertino, músico primeiro sargento do antigo 16 BC, formador de bandas e descobridor de talentos, além de compositor e de Dona Enedina Fernandes da Silva. Bolinha é herdeiro dessa cepa e hoje, aos 74 anos, pode-se ser considerado um dos maiores saxofonistas mato-grossenses e também faz parte da história da música regional.

O primeiro contato foi com a percussão, com o pai, mas depois foi estudar na antiga Escola Agrícola de São Vicente, atual Centro Federal de Educação Tecnológica de São Vicente (Cefet), porque o pai não ganhava muito como sargento do Exército. Pois bem, perto da reforma, o pai Albertino começou a trabalhar na Escola e formou a primeira banda de música. Nessa primeira banda o jovem Bolinha começa aprender a tocar o sax alto.

Cine Teatro reabriu com Romeu e Julieta feito comédia

O espaço agora, além de cinema e teatro, será um centro de formação profissional na área da dramaturgia e demais técnicas teatrais

POR JOÃO BOSQUO | A inauguração do Cine Teatro Cuiabá nesta quarta, 3 de agosto, é alvissareira como parte da estruturação do Corredor Cultural – iniciado pela revitalização do Palácio da Instrução – e que terá continuidade com a reforma e implantação de um centro cultural no antigo Grande Hotel, patrimônio vizinho ao Cine Teatro, conforme noticiou o secretário de cultura mato-grossense, Leandro Carvalho. A reabertura do Cine Teatro, enquanto sala de teatro, nos parece promissora, pois as adaptações necessárias aos novos tempos tiraram umas fileiras de assentos e – ao menos na parte inferior – ele está com uma capacidade menor que a do Teatro da UFMT, o que é bom, ficando faltando apenas os teatros de bolso.

Flávio Ferreira, enfim, era o nome da noite. Homem do teatro, com uma carreira iniciada nos anos 90 e QUE nessas duas décadas e meia montou e dirigiu pra lá de 30 espetáculos , com destaque para os AutoS da Paixão que aconteceM anualmente há mais de uma década. Pois bem, Flávio, em sua fala, lembrou que sempre foi um dos que cobrava a ‘aquisição’ de novos espaços para a cultura de Mato Grosso e agora passa a ser cogestor do novo CTC reformado e renovado.

Passado agosto, com um programação com 14 espetáculos – seguindo-se ontem com “Homem do Barranco” , hoje Nico & Lau, amanhã Dona Domingas, como o seu “Nandaia” … – e em setembro reinaugura o cinema, com horários alternativos como meio dia e 18h30, com exibições de filmes que, preferencialmente, não estão não circuito comercial, para criar um roteiro alternativo.

O governador José Pedro Taques, pra manter a tradição, desta feita atrasou um pouco mais de 30, mas prontamente atendeu a imprensa. Disse que o CTC está dentro do programa “Conexões Culturais” que envolve a recuperação e revitalização de diversos imóveis na região central de Cuiabá, que vão fazer intercomunicação entre eles e linkar as mais diversas atividades para ofertá-lasà população.

O governador José Pedro Taques, acompanhado pela primeira-dama Samira Martins, também acabou subindo ao palco, durante a apresentação dos atores da versão de Romeu e Julieta pelo Cena Onze e participou do baile na residência dos Capuleto – aquele em que os românticos personagens de Shakespeare se encontram pela primeira vez.

Questionado na entrada pelo jornalista Enock Cavalcanti sobre os bons filmes que assistira na sala escura do Cine Teatro, Pedro Taques contou: “- De Volta Para o Futuro, vi aqui, Um filme inesquecível. Mas não vi “E O Vento Levou…” que esse é do seu tempo, Enock Cavalcanti” – sorriu o governador. Na sua fala de inauguração, para a plateia, ele lembrou as suas peripécias de menino, que tremia de medo diante do funcionário do cinema escalado para controlar o público “de menor”. “Naquele tempo se falava de menor e não criança e adolescente, como hoje”, lembrou.

Leandro Carvalho destaca que, além de palco, o CTC também vai se tornar um centro de formação artística, dentro da parceria acordada com o Cena Onze. O secretário disse que a reabertura do CTC era um desejo acalentando por todos – artistas e a população. “Esta noite o CTC reabre com um conceito novo, conceito diferenciado como um espaço de difusão.Todos artistas e produtores mato-grossenses vão tem no CTC uma fonte de irradiação de conhecimento”.

O venerando Luiz Carlos Ribeiro também foi um dos que prestigiaram a reabertura do CTC. Para ele o evento é “marco no só da administração da cultura como também na retomada de um processo cultural para a cidade de Cuiabá e também para o Estado de Mato Grosso. A partir deste espaço vão acontecer grandes eventos culturais voltados para a nossa cuiabania, para nossa cultura”.

Anibal Alencastro, nosso historiador dos cinemas em Cuiabá, que trabalhou no CTC como projetista, conta que o primeiro projetor sonoro do cinema vai estar em exposição para o público também em setembro. Anibal lembra que esse projetor foi adquirido pelo primeiro arrendatário do cinema, Francisco Laraia, que viajou até o Rio de Janeiro para trazer esse então ‘moderno’ equipamento para Cuiabá.

A temporada de teatro abriu-se com o Romeu e Julieta versão Cena Onze. Vôte! Shakespeare deve estar se perguntando ‘quem é esse povo que mistura um português castiço dos tempos de Camões (gente boa) e esse sotaque de beira de rio”. Flávio Ferreira, produtor e diretor do espetáculo dessa enésima abeertura do Cine Teatro Cuiabá fez uma versão bem particular da peça do grande bardo inglês, resumida em pouco mais de 90 minutos. E assim que deve ser. Todos nós já nos vimos na história de Julieta Capuleto e Romeu Montéquio.

Ficamos felizes (nós em pessoa não somos uma só, mas muitos) em ver jovens atores (essa de colocar jovens como os protagonistas vamos ficar devendo ao cineasta Franco Zeffirelli, em 1968, ele que rompeu a tradição de se escalar velhotes para o papel, em nome da dramaturgia) ao lado de profissionais como Odinamar Borges, que já tem alguns passos no nosso teatro e a grata surpresa (minha) de ver Meire Lopes, incorporando a impagável Sra. Montéquio.

Viva o teatro, viva o cinema, viva o Cine Teatro Cuiabá.

Fonte: Diário de Cuiabá

​São Benedito é o maior festeiro da Cidade Verde


TRADIÇÃO
Cantores e grupos de siriri abrilhantam a grande festa do Santo Negro

A Festa de São Benedito é a festa de todos cuiabanos, de todos os Beneditos – cuiabanos ou não, que o diga o hoje o nosso mais conhecido Benedito

​ Donizete de Moraes​, o 
Pescuma, que viajou parte do Brasil e Paris e agora forma o trio com Henrique & Claudinho. O nosso poeta maior, Benedito Santana da Silva Freire, com sua poesia telúrica cantou sua Cuiabá e nosso santo milagreiro.

A raiz da festa de São Benedito é bom dizer é anterior às míticas festas na Casa de Dona Bembem, anterior ao reconhecimento oficial em 1897 com a edição do Estatuto da Irmandade de São Benedito, aprovado pelo bispo diocesano Dom Carlos Luiz D'Amour, ocasião que apenas as famílias mais abastadas participavam, pois era quem mantinham a igreja e a festa. A festa conta a lenda começou com os negros escravos desde 1721, com suas oferendas ao mais negro de todos os Santos.

Ninguém sabe, ninguém explica porque a festa é no primeiro domingo de julho, como foi neste ano, 3, ou poderia ser 1 ou 7 de julho. O aniversário de nascimento é 5 de outubro, ou de morte 4 de abril. A partir de 1922 a festa que até então acontecia na igreja, passa ser realizada na casa dos festeiros ou em casarões antigos de Cuiabá. Em 45, com a elevação de a categoria de Paróquia do Rosário e de São Benedito, o largo da igreja voltou a ser o palco da festa. A tradição assim a mantém e depois da grande procissão, com milhares de fieis, tem um legítimo show com artistas populares, devotos também de São Benedito, como o já citado Pescuma e Roberto Lucialdo, em anos anteriores.

A festa, numa das crenças mais queridas, é alimentar o povo, com seus chás com bolo, e nós mortais comuns, comer desse alimento para não faltar durante o ano. A alegria da cantoria sempre existiu – congada, siriri, rasqueado e agora os nossos legítimos artistas populares sobem ao palco para alegrar e nos tirar da nossa tristeza como tantos temerários desarranjos políticos.

Este ano contagiaram o público... NOMES DOS ARTISTAS... que sentiram também a energia emanada pela plateia.

​​
BOX


De Padroeiro a festeiro no jingle "Voa Tuiuiú"

São Benedito também inspirou um dos mais belos jingles: "Voa Tuiuiú", composto pela dupla Sá & Guarabyra, autores de sucessos como "Espanhola", "Sobradinho" e "Roque Santeiro", entre outras.

O ano era de 1985, administração Anildo Lima Barros, e o mês era abril, aniversário de Cuiabá. A dupla recebeu a encomenda e a agência de publicidade providenciou todos os dados e informações para a letra.

Dali um tempo recebe a composição: "Voa tuiuiú/ Estica o seu pescoço/ Pra espiar em Mato Grosso/ Que beleza é Cuiabá. // São Benedito!/ Padroeiro da Cidade/ Jura que a felicidade/ Hoje em dia mora lá (...)".

Todos amaram. Mas, o padroeiro de Cuiabá é N. Sr. Bom Jesus de Cuiabá, avisou o bispo. Todos concordaram e devolveram aos autores que consertou a letra e trocou padroeiro por festeiro acrescido de um artigo "São Benedito/ O festeiro da cidade".

Ok? Ok!

Naqueles anos da década de oitenta, a mídia era a fita magnética. Véspera do feriado de 8 de abril todas as emissoras recebem a sua fita para às 6 horas executarem.

Por essas que só a Lei de Murphy pode explicar, a Rádio Vila Real, então líder de audiência, recebeu a fita com a primeira versão.

O prefeito é acordado com telefonemas de cuiabanos explicando que São Benedito não era o PADROEIRO da cidade.

A Vila Real tinha os estúdios no prédio Edifício Palácio do Comércio. Como era feriado o elevador não estava operando. O boy, coitado, teve de subir todos os mais de 15 andares correndo.

Até chegar lá no alto, como estava programado, entre uma música e outra, o jingle já tinha sido executado dezenas de vezes.

O telefone na casa do prefeito não parava.
(João Bosquo)

 

 

Gil Moreno recebe Eliana de Lima para comemorar carreira

O maior encontro de samba acontece no domingo com mais de 30 atrações, como Fabinho, Gilmar Fonseca, Roberto Lucialdo, Bia Borel, Marcelo Beleza Pura, Edinho Cuiabano e muitos mais

POR JOÃO BOSQUO | O cantor, compositor e puxador de samba Gil Moreno – do saudoso Tempero do Samba – comemora neste 2016 trinta anos de carreira. Trinta anos não são trinta semanas, vamos deixar isso combinado desde o início. E para comemorar esse acontecimento já está marcado um grande e “espetacular” show de sambistas, pagodeiros, rasqueado e para completar uma autêntica e saborosa feijoada. A torcida é para que a temperatura esteja amena, como tem sido durante este inverno, no próximo dia 10, domingo. Este que já é considerado o maior encontro de samba e pagode de Mato Grosso vai acontecer na sede da Assof-MT.

Explicando melhor: são trinta anos de carreira musical em Cuiabá, Mato Grosso. José Ginaldo de Souza, 58 anos, sergipano de nascimento, paulista de criação, empresário, dono de um restaurante e casa noturna em São Paulo, capital, já tinha um princípio de carreira, cantando na noite e lá pelo ano de 1985, veio a Cuiabá visita o irmão e se apaixonou pelo calor cuiabano. Volta a SP, desfaz dos negócios, foge da garoa e vem morar em Cuiabá e, no ano seguinte, 30 anos atrás, conhece o Billy, que vem a ser seu primeiro parceiro nas rodas de samba.

Mané do Cavaco, do Raízes do Samba, depois que saiu do Buxixos, conhece Gil Moreno e o convida para integrar o grupo. Nessa época o Raizes do Samba estava no Tanque do Baú. Cantando com Mané, veio a conhecer Zaqueu e os demais sambistas e, no meio desse elenco de instrumentistas, chamou aqueles que consideravam os melhores para formar o grupo que veio a ser o Tempero do Samba que estreia em 1986 e passa a trabalhar na noite cuiabana se apresentando nas casas Panaceia, PassaTempo, entre tantas e tantas casas noturnas, inclusive o Bataclan.

“Nós viemos com um trabalho diferente, um repertório pra frente… sempre fui muito cuidadoso com o repertório”, afirma. Ele seguia om “Conselho”, de Almir Guineto, samba em que estão os versos: “Deixe de lado esse baixo astral/ Erga a cabeça enfrente o mal/ Que agindo assim será vital/ Para o seu coração” – um dos grandes sucessos do Tempero do Samba naquele período. Primeira formação do Tempero do Samba: Gil Moreno, Billy, Edinho Cuiabano, Jojo Maravilha e Zaqueu.

O Tempero do Samba também vai participar intensamente dos grandes showmícios com Dante de Oliveira, fazendo os carnavais por cinco anos consecutivos do Cuiabá Tênis Clube, sendo um dos primeiros locais onde a banda se apresentou no inicio da carreira.

Na campanha do Coronel José Meirelles, para prefeito, o showmício de encerramento foi na Praça Santa Rita, depois Rachid Jaudy (Cuiabá não perde essa mania de mudar as denominações de seus logradouros e tantas e tantas ruas sem nenhuma denominação apenas números) que teve com atração principal Jorge Ben, depois Ben Jor (aqui a mudança foi por questões de direitos autorais), e quem abriu o show foi a banda Tempero do Samba.

Mesmo com o fim dos showmícios, quando o grande público podia assistir aos grandes nomes da MPB, o samba, na opinião de Gil Moreno vive um grande momento. Ele explica que esse grande momento tem como propulsor o pagode. O pagode – como a maioria percebe – é diferente do samba de raiz. O samba de raiz é aquele que conta uma história de um local “falando de Cuiabá, samba, falando do Rio de Janeiro e samba; como Adoniram Barbosa falando de São Paulo e samba” e o ritmo um pouco mais acelerado, fala do quotidiano, e pega pesado na marcação, enquanto o pagode tem uma temática bem diversa, como bebidas, o eu lírico cantando “meu amor”, uma – digamos – ostentação, numa cadência mais lenta, e por isso que se diz – segundo Gil Moreno – ‘samba dolente’ feito por essa moçada mais recente.

O show – Gil Moreno, agora em carreira solo, comemora seus trinta anos de samba. O espetáculo tem como atração a cantora e amiga Eliana de Lima, considerada a Rainha do Samba e Pagode, e interprete das escolas de samba de São Paulo, como Rosas de Ouro, Leandro de Itaquera, Unidos do Peruche e chegou a fazer um dueto, considerado inesquecível, com o mestre Jamelão, o maior de todos os puxadores de sambas enredo. Eliana de Lima é dona do sucesso “Desejo de Amar”, cujos versos iniciais nos lembra: “Foi sem querer que derramei toda emoção/ Undererê e cerquei seu coração, undererê/ Me machuquei, te feri, não entendi/ Undererê como dói a solidão, não, não, não, não, não// Agora estou sozinha precisando de você/ E você não está por perto pra poder me ajudar”.

Outras atrações da noitada serão, anote aí: Rolasamba, Raizes do Samba, D’Role, Grupo Tamojunto, Roberto Lucialdo, o trio Pescuma, Henrique e Claudinho e Grupo na Palma da Mão. Convidados especiais: Bene, Beto Aprontaê, Bia Borel, Biro Biro, Dora Rosa, Eder Gatão, Edinho Cuiabano, Erielsom Marques, Fabinho (Dois Amores), Fábio Bill, Felipinhoo, Gilmar Fonseca, Huan Lima, Ido Dias, Jojo Maravilha, Kelvim Moraes, Marcelinho Sossego, Marcelo Beleza Pura,Marcelo Santana, Marruco, Ney Aroeira, Paulo Figueiredo, Rodrigo Mendes, Rony Black, Thiago Ferreira e Washington Lero Lero. Tem ainda a Bateria Ouro, DJ Itamar Soares, passistas e a locução de Cleber Leite, Juninho Bacana, André Pakito e DJ Pirí.

Como chegar: a sede da Assof está localizada na Av. Dr. Hélio Ponce de Arruda, no Centro Político Administrativo (CPA). Essa rua é a lateral à 13ª Brigada. Indo da Morada da Serra sentido Centro, entrar na primeira depois do Hospital do Câncer. Quem vem no sentido contrário, faz o retorno em frente ao Ibama. Os ingressos estão sendo vendidos na Casa de Festa (casadefestas.net), Shoppings Goiabeiras e Pantanal. Informações watts apps: 65.99699-2288.

Fonte: Diário de Cuiabá

Amor de mãe é uma grande arte

Artistas cuiabanos comentam sua relação com a figura materna e demonstram seu amor

Dia das Mães: mesmo os corações mais ‘realistas’ uma hora, no segundo domingo de maio, para (verbo) um momento, um instantezinho de nada, para (preposição) lembrar-se da mamãe.
 
Mãe é – não tenho como avaliar – um tema recorrente à poesia, a poesia discursiva, bem entendido, pois na poesia concretista não lembro de nada. Para o nosso poeta maior (por conta das avaliações antigas, do século passado) Carlos Drummond de Andrade, “mãe não morreria nunca”, como declara no poema “Para Sempre”.
 
Para nós, cristãos ocidentais, hoje é o dia da Nossa Mãe Santíssima, Maria de Nazaré, com bem o Cristo declarou, lá em João, capítulo 19: “Ora, Jesus, vendo ali sua mãe, e que o discípulo a quem ele amava estava presente, disse a sua mãe: Mulher, eis aí o teu filho. Depois disse ao discípulo: Eis aí tua mãe. E, desde aquela hora, o discípulo a recebeu em sua casa”. (João 19: 26,27). Que não paire dúvidas.

Dia das Mães. Peço aos artistas que nos conte um pouco de sua relação com sua mãe. Sandro Lucose, o dono do palco com a peça “Peer Gynt”, que recentemente encerrou uma temporada de seis apresentações, no Teatro Zulmira Canavarros, diz que “não venho de uma família de artistas. Mas o capricho e cuidado com que minha mãe, Terezinha, faz seus trabalhos manuais, com certeza me influenciaram em ser perfeccionista quando construo uma cena no teatro”.
 
O compositor, pesquisador e cantor Milton Pereira de Pinho, o nosso Guapo, assim proclama a sua relação filial com dona Maria de Lima Pinho, que, no próximo dia 14, irá festejar os 85 anos. “Foi lavadeira ribeirinha do Rio Paraguai, mascava fumo de corda, filha de poaieiro, cururueiro. Me ensinou a escrever e ler com o pouco que sabia, cantava pra mim dormir, passava saliva de fumo de corda quando eu me queixava de ferroada de mosquito na beira do rio. Quando aparecia um arco- íris no céu ela dizia que logo ele ia mijar para chover em nós. Meu pai, físico, matemático, de outro lado, dizia que era deflação da luz decodificada por Isaac Newton”. Guapo ri quando conta isso.

 

Habel Dy Anjos, professor e músico mineiro acuiabanado pelo som da viola de cocho, conta que sua mãe, Maria Hussar, filha de austríaco com uma Iugoslava, casou-se ainda jovem com um português artista, cantor de tangos, gaitista, engenheiro de som e proprietário de uma agência de publicidades, a ASA, de Abel Santos Anjo. O destino lhe roubaria muito cedo o esposo, mas não antes de, por predestinação, deixarem o Abel filho vir ao mundo para seguir na arte, os caminhos do pai.
 
“Assim, órfão e com o dom da música desenvolvido com influência paterna, lá estava eu, mais uma vez a preencher os silêncios da nossa casa com violões, cantorias, gravações e dando continuidade ao Museu Dy Anjos iniciado pelo velho Abel. Hoje, mãe, agradeço por ter me incentivado a ser, ainda que tanto precisássemos do ter. No mundo da arte, graças à senhora, eu prossegui, ainda que muitos parentes e amigos pedissem para que eu mudasse meu intento e fizesse uma carreira mais “lucrativa”. Como nada se leva de material dessa vida, fiz o que meu destino quis. Hoje sou feliz” – resume Habel.
 
A blogueira e artista plástica, Rosylene Pinto assim escreveu o seu depoimento: “Entre os avanços e os recuos da vida, as curvas, pinturas, desenhos, massa barro e os obstáculos, nos caminhos em linha reta ou tortuosos com as inesperadas mudanças de direção, sempre foi maravilhoso saber que sempre existe sua presença constante em minha vida, minha querida mãe! Você é o alento nos dias de sofrimento, o riso da minha alegria, o conforto da minha ansiedade e a sabedoria da minha inexperiência.”
 
“Te amo muito, minha querida mãe! Chamar Ana Maria de mamãe é um orgulho e um privilégio sem igual. Mãe completa, que gerou e me criou com amor, paciência, retidão e sabedoria, sempre grande incentivadora na Arte e na vida. Um exemplo de mãe, de mulher, de pessoa. Uma inspiração, não apenas para mim como para todos os que a conhecem, homenagear você com total correção será sempre impossível, pois nada haverá nunca que eu possa fazer para lhe retribuir tudo o que você já fez por mim. desejo a você mamãe e a todas as mães um Feliz Dia das Mães”.
 
Por essas contas do calendário, quando o mês de maio começa numa terça-feira, segundo domingo será no dia 13 de maio. Pois foi num desses domingos, no longínquo ano de 1979, que publiquei um longo poema dedicado às mães, com o título de “Nossa Senhora de Nossas Mães”, nas páginas do jornal Equipe, dedicado não só à minha mãe, Dona Josefa, como a mãe de meus filhos.

João Bosquo Cartola e sua mãe, dona Josefa

João Bosquo Cartola e sua mãe, dona Josefa

 
 
NOSSA SENHORA DE NOSSAS MÃES
 
JOÃO BOSQUO
 
Nossa Senhora de Nossas Mães

olhai por Dona Josefa

que toda vida me teve

sempre, com bons olhos

boa intenção e boa comida



Nossa Senhora de Nossas Mães

olhai por Eunice Aparecida

que é mãe e filha

só não sei ao momento

se é mais mãe ou mais filha



Nossa Senhora de Nossas Mães

olhai por todas as mães do mundo

pelas mães escondidas

nos gestos mais duros



Olhai assim, pela mãe

de Tereza, Ninha e Dôra

embora minhas irmãs

nossa mãe em nós

não é a mesma



Olhai também, pelo vosso amor

pela mãe de Cessa Lenine: Geni Slompo,

de José, Ziadir, Francisco

de Maria, Ana, Antônio

de Nhô, Raimundo, Júlio

de César, Carlos, Débora

de Cristina, Beni, Álvaro

de Ender, Sílvia e Jobim

de Patrícia, Elber, Adélia

de Henrique, Paulo, Marcos

de Aroldo, Marlene, Sabrina

de Helena, Delma, Nádia

de Fátima, Lúcio, Roberto

de Élson, Márcio, Vânia

de Luiz, Rosana, Camila

de Edson, Gilvan, Mauro

de Marcelo, Oscar, Fernando

de Célio, Monte, Cruz

de Iris, Bruna, Malu

de Beca, Ângela, Junice

de Lira, Danilo, Lauro

(__________________) espaço reservado para

o nome a quem se está lendo agora este poema



Dessa maneira

pelas mães de todos meus inimigos

próximos e amigos



Pelas mães esquecidas

pelas mães de filhos mortos

em águas de rios

guerras distantes

pelas mães de filhos

calcinados, leucêmicos

tuberculosos, aidéticos



Pelas mães de filhos loucos

que partiram em busca da graça

pelas mães de bons filhos

sentados sozinhos na praça

pelas mães de filhos sem pais

homens que partiram por força

da guerra, da fome

do êxodo rural

da falta de emprego

falta de força no coração

Pelas mães discriminadas

de filhos desgraçados

pelas mães de filhos abandonados

em orfanatos, calçadas…

pelas mães de filhos natimortos



Nossa Senhora de Nossas Mães

olhai por todas elas

e, principalmente, em atenção

a mulher de ventre vazio

que nunca pode/rá ser mãe.



Sandro Lucose com sua mãe, dona Terezinha
Sandro Lucose com sua mãe, dona Terezinha

Fonte: Diário de Cuiabá/DC Ilustrado

Artes Plásticas: Gervane de Paula e sua arte transgressora

O público lotou a mais nova galeria de artes cuiabana para prestigiar o mais prestigiado artista mato-grossense da atualidade


Por João Bosquo | Gervane de Paula deu adeus ao bom menino das mangas do Bairro Araés. Agora é um outro Gervane de Paula que se revela nesta mostra inaugurada na última quinta-feira, 05, na Galeria Arto em Cuiabá – dentro do projeto Circula Mato Grosso, com o título "Mundo Animal – Uma provocação". O repórter, claro, como seu olhar semipreparado para o figurativo não deixa de se espantar com algumas 'provocações' do ex-bom menino. Superação. O artista nos diz que a exposição "tem uma espécie de horror ao vazio, com uma tônica de se parecer com um ateliê, com objetivo de interagir com o público, já que a arte – penso – que se faz em Cuiabá é bastante careta".

Mario Olímpio, sempre presente nos grandes eventos  com seu bom humor, tiradas sarcásticas  e preciso em suas análises disse que é "sempre bom ver Gervane vigoroso e hoje ele – Gervane de Paula – é, de longe, o mais iconoclasta artista mato-grossense".

"Se o colocarmos no cenário nacional, ele é o que mais confunde, o que mais busca soluções que são poucos prováveis. Gervane não se acomodou. Ele é um artista inquieto, insatisfeito", analisa.

João Bosquo lança “Imitações de Soneto”

Na próxima sexta-feira, noitada literária terá poemas e canções, com participação de Neneto Sá e Beto Vellosa


ENOCK CAVALCANTI
Da Editoria

Uns imaginam que o domingo é bom para subverter o calendário eleitoral, apoiar o golpe e tentar derrubar a presidenta. Nós preferimos falar de poesia. João Bosquo, o nosso repórter – que todos amam (ou odeiam), também tem seu lado voltado pra lua, sonhador e por isso mesmo é poeta. Um poeta cuiabano, curtido no dia a dia das reportagens. E que nesse domingo, ao invés de participar da manifestação dos coxinhas, estará em casa cuidando dos preparativos para o lançamento de um novo livro. Um parto poético, que costuma ser o parto mais bonito.



O que vem a ser um poeta, afinal? Na definição simplória do Google, poeta “é o escritor que compõe poesia”. Legal. Agora saber o que poesia. Na minha tenra mocidade, lá no Rio de Janeiro, este editor do Ilustrado também cometeu suas imprudências poéticas, como o ministro Fachin, que agora se dedica a trocar pernas lá no STF.



Poesia é a dura sina de fazer poesia. “O destino da poesia é falar da poesia”, diz o poeta João Bosquo que, por outro lado, não comete imprudências. Lembro desde os tempos que trabalhamos juntos no Caderno Vida, de A Gazeta, ele volta e meia publicava alguns de seus poemas, mesmo tendo que desafiar a vontade da resistente editora Rita Comini.



Na próxima sexta-feira, 18, no Museu de Arte de Mato Grosso, aquela antiga Casa dos Governadores, Bosquo vai lançar a sua quinta obra, um livro de bolso, reunião de 106 poemas – todos com catorze versos, daí a razão do título “Imitações de Soneto” que tem o sub-título “Ou de Falar Pantanal”, por conta de sua referência à sua terra. O livro, como a recente biografia de Zulmira Canavarros, do Professor Dorileo, vem todo bancado pelo autor, que além de escrever o poema, tratou da edição da obra e da organização do lançamento. Todos verão que o livro do Bosquo, se comparado com a obra do Professor Dorileo, é proletário, nos remetendo àquela poesia de mimeógrafo, que nos encantou tanto na resistência poética dos tempos da ditadura. O conteúdo, todavia, vem com jeito de encantamento.



Se o poeta João Bosquo “acredita que o destino da poesia é falar da poesia”, ele fala muito de poetas, poemas e musas. Ele abre este novo trabalho com uma seleção poemas, ou meta-poemas, como gostam de dizer os críticos literários, e fala de João Cabral de Melo Neto, Fernando Pessoa e do também pantaneiro Manoel de Barros. O poema sobre Manoel de Barros – pelo meu modo de entender – é uma suave ironia, pois ele, o poeta, diz que nunca leu o reverenciado poeta cuiabano:



Nunca Li Manuel de Barros



Depois da partida, sempre depois,

Podemos confessar e eu confesso

Que nunca li Manuel de Barros

Nunca entrei em seus livros



Sempre fiquei preambulando

Em volta dos versos e dos pós

E nunca, jamais, nas pré-coisas

Imersas nas metáforas pantaneiras...



Quando o mar Pantanal se criou

O poeta já estava de butuca

Lápis de graveto e papel borboleta...



O livro, depois, passeia pela paisagem

E a poética, sem retórica universalista,

Nada, feito peixinha, nas águas nuas.





Claro que o João Bosquo leu muito Manoel de Barros, mas é o destino da poesia que se cumpre e ei-lo falando delicadamente de poetas, talvez para aproximar as pessoas desse ambiente tão delicado que é o ambiente da poesia.



João Bosquo já publicou “Abaixo-Assinado”, poesias, em parceria com Luiz Edson Fachin, em edição bancada pelos próprios autores, lançado em 1977, em Curitiba. Depois vieram “Sinais Antigos” (1984) e “Outros Poemas” (1985), ambos pela Edições Namarra, e exatamente há 10 anos atrás, 2006, publicou o que ficou, até aqui, como a sua mais significativa obra, “Sonho de Menino é Piraputanga no Anzol”, com posfácio de mestre Ricardo Guilherme Dicke.



Nesse posfácio (que, na verdade, deveria ser prefácio), Ricardo Guilherme Dicke – o escritor maior de todos os tempos por essas bandas de Cuiabá – escreveu: “João Bosquo é um poeta que enxerga e busca estudar o mundo com olhos de filósofo, senão ele não teria feito poemas como “Ninguém” ou “A cidade” ou “Das pessoas nos bares”, sendo que neste último poema o poeta se transfigura e mostra o irreal de todos os dias (ou noites) que acontece nos bares da cidade (onde o poeta observa do seu posto de observação com seus telescópios ou microscópios telúricos) e vê estranhas coisas que ele procura contar racionalmente”.



Dicke disse ainda, sobre a poesia do Bosquo, que “são mistérios o que o poeta vê... Mistérios pode-se contar, por acaso? O poeta inventa sua língua, subliminar aos arcanos, e procura explicar os segredos, raros são os verdadeiros iniciados, entre os quais se contam aqueles que sabem ter olhos luminescentes e enxergar na vasta escuridão onde tudo desafia ao idioma do poeta...”



Sobre seu primeiro trabalho, “Abaixo-Assinado”, Bosquo nos mostra as referências que recebeu, como a reprodução de seus poemas nos Estados Unidos da América, por iniciativa da professora Terezinka Pereira. O poeta Moacyr Félix, em carta, no tempo que se usava cartas para se corresponder, disse a Fachin, parceiro do Bosquo, no livro que “gostei do jeitão do João Bosquo. Acho um cara autêntico e que vai acertar muitas setas no alvo, se não se perder-se nas ‘frescuras formalistas’ ou na fácil gritaria ‘esquerdizante’”.



Bosquo – fora alguns exercícios - não enveredou pelo ‘formalismo’, tampouco se tornou panfletário. Este novo livro, “Imitações de Soneto” testemunha isso.



Lembre-se que João Bosquo participou ainda do Programa Poetas Vivos, da Casa da Cultura de Cuiabá, do qual era coordenador. Integra a seguintes antologias: “Abertura”, – Edição da UPES – Curitiba – 1976 (sendo esta sua estreia em livro); “A Nova Poesia de Mato Grosso” – Edição do jornal “Fim de Semana” e da UFMT – Cuiabá – 1986; “Panorama da Atual Poesia Cuiabana”– Edição do Departamento de Letras da UFMT (CLCH) – Cuiabá – 1986, e da “Primeira Antologia dos Poetas Livres nas Praças Cuiabanas”, – Edição patrocinada pelo Fundo Estadual de Fomento à Cultura de Mato Grosso – 2005.



O evento de lançamento acontece no Museu de Arte de Mato Grosso, a partir das 19 horas. Durante o evento Neneto Sá, do grupo Poetas Livres, fará leitura de diversos poemas do Bosquo. O cantor e compositor Beto Vellosa vai cantar suas notáveis composições, algumas em parceria com o João Bosquo. Estão sendo esperadas outras adesões. O livrinho será vendido a R$ 10,00.


Fonte: Diário de Cuiabá/DC Ilustrado

http://www.diariodecuiaba.com.br/detalhe.php?cod=488401



Legado: Arena Pantanal é nossa, viva!

3 O governador Pedro Taques paparicado pela multidão que frequenta a Arena Pantanal. Ele tem sido sábio em movimentar o importante espaço que ficou como legado das administrações de Maggi e  Silval. Foto Mayke Toscano GC Com

O governador Zé Pedro Taques paparicado pela multidão que frequenta a Arena Pantanal Foto Mayke Toscano GC Com

 Atividades esportivas e culturais demonstram que a Arena de Maggi e Silval não é um elefante branco

POR JOÃO BOSQUO | Um dos maiores legados da Copa do Mundo 2014 para Cuiabá, sendo dúvida está sendo a Arena Pantanal. Trincheiras, viadutos impactam a paisagem urbana, promovem conforto aos motoristas, tão somente (embora algumas obras promovam mais transtorno – na época das chuvas – como é o caso do viaduto da UFMT). O outro legado importante seria o BRT, oops!, VLT, que ficou apenas nos comerciais televisivos e agora impactam a cidade de outra forma, negativamente.

A Arena Pantanal é uma obra que vem cumprindo seu papel, conforme o projeto idealizado por arquitetos, urbanistas e, porque não, gestores públicos, no caso os governadores Blairo Maggi e Silval Barbosa, contrariando as previsões dos eternos pessimistas da ESPN e Kfouris da vida que diziam que a Arena seria um elefante branco. Contra esse discurso preconceituoso do jornalismo sulista que acredita que o Brasil começa e termina em São Paulo, entre nós, é bom registrar, ergueu-se o arquiteto e professor universitário José Antônio Lemos Santos, conforme deixou consignado em diversos, inúmeros artigos publicados aqui neste Diário de Cuiabá.

José Antônio Lemos, lembramos aqui, numa avaliação quando da realização da Copa, escreveu: “E aquela cidade distante, no coração do continente, aquela coisinha estranha no ninho não era um patinho feio, mas, na verdade, um belo tuiuiú, desengonçado ao levantar voo, mas que voou bonito, serenando nos céus pantaneiros. Quanto vale uma simples citação no New York Times, um dos jornais mais importantes do mundo? E que tal duas matérias? A primeira, não muito simpática é verdade, mas bastou iniciar a Copa do Pantanal para o poderoso jornal se render exaltando a boa surpresa da “menor das cidades-sede” em nova e bela matéria”.

Essa foi a primeira missão, como bem destaca o arquiteto: tornar Cuiabá mais próxima de outros centros brasileiros e ao mesmo tempo do resto do mundo. E outro reflexo positivo disso ainda estamos vivenciado. Recentemente foi inaugurado o Várzea Grande Shopping, enquanto aqui em Cuiabá as obras do Shopping Estação continuam em andamento. Esses empreendimentos – vamos combinar – são fruto dessa ousadia, notadamente do governador Blairo Maggi e, depois dele, de Silval Barbosa, em tornar Cuiabá sede da Copa do Mundo.

Porque estamos falando tudo isso, porque acabamos de ler no site do Governo de Mato Grosso um release produzido pela jornalista Bruna Pinheiro, que integra a assessoria da Secretaria de Cidades, no qual faz um balanço das atividades desenvolvidas no mês de novembro, as quais levaram até a Arena uma multidão somada de 100 mil pessoas.

Segundo a jornalista, a Arena Pantanal recebeu em novembro desde encontro de carros antigos até a final do Campeonato Brasileiro de Futebol Americano, que cravou o recorde nacional de público. Foram 15 mil pessoas assistindo a partida entre o Cuiabá Arsenal e o Coritiba Crocodiles.

Os números divulgados são:  4º #VemPraArena, 25 mil; Mutirão de Negócios CDL, 25 mil; Encontro de Carros Antigos, 18 mil; Final Campeonato Brasileiro de Futebol Americano, 15 mil; Feira Cultural – Colégio Isaac Newton, 8 mil; Mutirão Especial – 8ª Vara, 3,5 mil e dia Dia do Músico, duas mil pessoas.

Nos informa também o atual governo que, em dezembro, a Arena Pantanal continua com agenda cheia. Ontem, abriu com o amistoso internacional entre Brasil e Nova Zelândia (Por favor, veja o resultado nas páginas de esportes), num jogo preparatório para as Olímpiadas de 2016. Nos dias 4, 5 e 6 de dezembro acontece o Pantanal Esporte e Lazer, que será uma feira com palestras, serviços e oferta de produtos dedicados à saúde e qualidade de vida. Nos dias 16 a 20 acontece o #VemPraArena de Natal. Já entre 18 a 20 de dezembro ocorre o Startup Weekend, evento internacional que já conta com mais de duas mil edições realizadas em 130 países e 678 cidades do mundo.

Edmilson Maciel: Um músico a serviço da música regional

O líder da banda Terra se empenha na defesa do som mato-grossense e vira parceiro do Flor Ribeirinha

POR JOÃO BOSQUO | A trajetória de Edmilson Maciel continua com a gravação segundo trabalho, agora no formato CD – o que dá certa ideia da demora entre um e outro -, que foi o “Banda Terra – Rasqueia”, que vem ser outro período da banda, o do rasqueado. Retomando. Assim que chega do Rio, nas noites em Cuiabá, Edmilson percebe que o vanerão tomava conta das noites cuiabanas. “As bandas todas tocavam vanerão e aquilo me incomodava bastante”, lembra. E acontece uma reviravolta ao montar o primeiro estúdio de quatro canais analógicos e começa a gravar os músicos regionais. Edmilson diz que o Terra é o primeiro estúdio, o de Pineto veio depois.

Nesse entremeio, acontecem as primeiras entrevistas para o rádio e uma apresentação no Revista da Manhã da TV Gazeta, então programa diário e por conta dessa apresentação aconteceu o convite para participar da apresentação do programa. No início é bom dizer não era apresentação – por sugestão do Celso Chacon – ele ficava perto do apresentador e durante alguns entrevistas fazia algumas perguntas sobre música. Deu certo. A TV levou o nome da banda às estratosferas do universo mato-grossense. “Certa feita, chegamos na cidade de Querência do Norte e o pessoal de lá nos chamava pelo nome”, conta com uma certa ponta de orgulho.

Por outro lado, chateado por o rasqueado não estar entre as músicas mais tocadas, Edmilson elabora o projeto de gravar um CD apenas com músicas locais e mostra para o presidente da Fundação Cultural, Elismar Bezerra, que encampou o projeto e saiu o CD “Rasqueados Mato-grossenses”, com participação de Dunga Rodrigues, João Eloy, Gilmar Fonseca, Bolinha e Pescuma, Os Cinco Morenos, Roberto Lucialdo e, claro, Banda Terra.  A curiosidade e que nele não entra a dupla Henrique & Claudinho. Edmilson diz que o motivo foi que H&C, ao gravar o LP Cuiabá, Cuiabá colocaram, de um lado, rasqueados e, do outro, o vanerão, que era a bronca do Edmilson.  Superado isso, os dois vieram a participar da segunda edição e do “Brahma Rasqueart’, gravado ao vivo na Av. Mato Grosso, quando se reuniu perto de 40 mil pessoas.

Depois desse grande sucesso os artistas que faziam rasqueados, em reunião numa das salas dos estúdios da Banda Terra, sentiram a necessidade de levar o rasqueado para fora das fronteiras mato-grossenses e precisavam do apoio do governo do Estado. Foi tirado uma comissão – segundo Edmilson Maciel – formada por Henrique e Pescuma. “Os dois foram e nunca mais voltaram”, conta rindo.

O rasqueado, segundo Edmilson, sofre um baque e por uns dois anos não se grava nada de novo e nesse vácuo entra o lambadão, quando aparece a banda Estrela D’Alva, Chico Gil, Estilo Som, Pop Som, gravando aonde? No estúdio da Banda Terra. “E o lambadão veio e tomou de conta. E hoje a referência de Mato Grosso, lá fora, é o lambadão”, afirma.  O rasqueado não mais a referência, na opinião de Edmilson Maciel. Tanto é que no programa da Regina Cazé, o Esquenta, recentemente se apresentou a dupla Henrique e Diego, que “mostraram o lambadão cuiabano” para todo o Brasil.

Além do estúdio e da Banda Terra, Edmilson tem a peça de teatro “Mato Grosso em Cena”, escrita em parceria com o poeta Aurélio Augusto, na qual é contada a história do estado num musical, com o qual atende empresas, governo e eventos diversos. O outro trabalho é com o Flor Ribeirinha, do qual já participa há dez anos, como diretor musical. O Flor Ribeirinha é grupo que vem mantendo o siriri na ponta, atraindo velhos e novos admiradores. O compositor, por outro lado está adormecido. Compõe bastante, no período eleitoral, jingles.

A saga musical de Edmilson Maciel

Cantor e compositor da Banda Terra ajudou a firmar o sucesso do rasqueado e do lambadão

POR JOÃO BOSQUO | Edmilson Maciel Terra, cantor e compositor, como está no nome, é das terras de Mato Grosso. Mato-grossense, natural de Nortelândia, em 1963, aos cinco pra seis anos a família muda-se para o recém-criado distrito de Tangará da Serra, que viria a se emancipar em 1976, e lá começou a sua trajetória na música e artes cênicas. Mesmo criança registra na memória toda a luta para e emancipação e depois o desenvolvimento que o município iria vivenciar. “Sou de Nortelândia, mas a minha base familiar, de amizades é de Tangará da Serra”, afirma.

Os irmãos Maciel tinham uma banda de música, dessas de tocar e animar bailes e, criança, Edmilson via toda aquela agitação e na adolescência começa a participar também do conjunto, primeiro, claro, como cantor, pois a voz é o único instrumento musical que todos possuem – uns usam, outros não. Além disso, começou a participar dos festivais de calouros – promovidos e organizados pela família Maciel, sempre esteve envolvida com a música. O último a entrar, Edmilson Maciel, é, atualmente, o único que continua na música.

Na fase inicial, com cara de guri ainda, a banda vai tocar em Barra do Bugres. Eis que está na plateia, o juiz de direito que também cumpria o papel de juiz de Menores (cuja nomenclatura virá mudar com o Estatuto da Criança, da Infância e Adolescência), brecou a participação de Edmilson. O repertório – grande parte dele já contava com Edmilson como crooner principal. Até o juizinho entender que sem o jovenzinho não iria ter show e ao constatar que a banda era familiar, enfim, o garoto foi liberado para mostrar o seu talento.

Outro fato decisivo acontece dois anos depois, quando estava com 16 anos, durante o período de carnaval, com contrato assinado e o baixista da banda deixa o grupo. “Resolver como o problema?” – era a pergunta de todos reunidos em uma mesa e, como por numa trama combinada, todos se voltam para Edmilson e ele estava eleito o novo baixista da banda e o carnaval aconteceu e ele não parou mais.

Mesmo participando, a família manda o jovem estudar na Escola Agrícola de São Vicente (depois Escola Técnica e agora Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso – Campus São Vicente). Em menos de seis meses monta uma banda e um grupo de teatro, que foram aceitos pela diretoria da unidade escolar. Sobre o teatro, é bom explicar: Edmilson, ainda em Tangará, participava do grupo de Amaury Tangará, a quem considera o seu professor na dramaturgia e além de conselheiro, como veremos ainda.

Retorna para Tangará e reingressa na banda que já se chamava Banda Som da Terra – antes, porém, foi “Tangará Som 7”, “Grupo Natureza”, mas que não pegava até que chegou a Skorpion, que se descobriu logo em seguida que já existia outra com o mesmo nome e fez, então, um concurso para escolher o novo nome é a sugestão vencedora foi “Banda Som da Terra” e, em 1988, participa da campanha eleitoral ao governo de Rondônia. Lá em Rondônia começa uma confusão. As pessoas quando ouviam o nome da banda pensam que a mesma era “som da terra” de Rondônia e simplificou-se e o som sumiu do nome e ficou “Banda Terra”. Pois bem, a ideia era ficar apenas três meses, cumprindo o calendário eleitoral. Só que, ao apresentar-se nos municípios, foi se fechando contratos para depois das eleições e acabaram ficando três anos.

Depois que volta de Rondônia vai para o Rio a convite de Amaury Tangará e lá grava o primeiro LP “América 500 anos”. A ideia era ficar um mês e acabaram ficando um ano, quando um dia, o mesmo Amaury Tangará, num bate-papo de mesa de ‘buteco’ questiona Maciel: “Você prefere ser a ponta do rabo do leão ou a cabeça do gato?” Segundo ele, essa indagação o fez refletir bastante e – apesar de já estar enturmado, um pouco por conta do Dengue da Xuxa (irmão de Amaury), frequentava os bastidores do programa da loura, bem como criou amizade com craques do Flamengo, como Renato Gaúcho, enfim vivia um pouco aquele glamour carioca (o leão), mas ele era a ponta, o fiapo da ponta do rabo.

“Amaury via um potencial em mim, de sermos mais, de brigarmos para ser a cabeça do gato, aqui em Mato Grosso” – e a decisão de voltar foi tomada. Arruma-se tudo, equipamentos, malas, na Veraneio e ruma para Cuiabá. Ele tem um magnífico contato com Deus. Depois de passar a marginal do Tietê, na Rodovia Castelo Branco, acontece um grave acidente. A Veraneio, na qual estava ele e o irmão, é atropelada por um caminhão de verduras, ficando toda amassada, com os equipamentos todos espalhados pela pista molhada.

Nesse momento, Edmilson ao ver todo seu material de trabalho – instrumentos e equipamentos quebrados enquanto outros eram saqueados (nós, brasileiros, em maioria, temos ainda essa feia mania de pegar o que não é nosso. Repara, basta um caminhão virar – não importa a mercadoria – que, em fração de minutos, aparece uma multidão para ‘juntar’ o que está esparramado e depois falamos dos políticos), Edmilson começa a questionar Deus: “Por que, Senhor?” – e chora. Sentado no meio fio, com lágrimas nos olhos pelos ‘bens’ perdidos, um senhor pergunta se pode sentar ao seu lado, e começar a conversar e fala para ele: “Filho, presta atenção, olha pra você” e nota que não tinha acontecido absolutamente nada com ele e o irmão e eles continuavam de posse do bem maior, que é a vida. Concorda, levanta a cabeça para agradecer aquelas palavras e não vê mais o homem. “Aquilo mexeu muito comigo”, confessa.

Nesse retorno para Cuiabá, com o LP debaixo do braço, sente que existe um ‘bairrismo’ e tiveram dificuldade para encontrar um local para trabalhar, a tal ponto que chegou a tocar a troco de comida, até que chega no Terraçus, que estava praticamente falido. Na primeira noite, tinha lá três pessoas, para não dizer que tocaram para as moscas. No outro dia, aquelas pessoas voltaram e trouxeram outras e, em 30 dias, a casa já estava com 40% de lotação. “Aí as pessoas começaram a nos enxergar”, diz.

Começam as ser convidados para eventos, inaugurações de estabelecimentos comerciais, por exemplo, e nesses espaços a Banda Terra começa a apresentar as músicas do LP. E toca por quatro meses no Bataclan. A Bataclan, boate que ficava na saída pra Rondonópolis, tinha como frequentadores políticos – muitos – como prefeitos de cidades do interior. Esses prefeitos, ao ouvir a banda, acabavam contratando-a para shows em suas cidades e essa agenda interiorana forçou a banda a deixar a boate. Registro: foi na Bataclan, que o nome da banda apareceu pela primeira vez num outdoor, num pequeno espaço de 30 cm por 1m. Edmilson afirma que foi a Banda Terra que introduziu o axé no repertório cuiabano e introduziu também dançarinos nos palcos.

Fonte: Diário de Cuiabá / DC Ilustrato