​São Benedito é o maior festeiro da Cidade Verde


TRADIÇÃO
Cantores e grupos de siriri abrilhantam a grande festa do Santo Negro

A Festa de São Benedito é a festa de todos cuiabanos, de todos os Beneditos – cuiabanos ou não, que o diga o hoje o nosso mais conhecido Benedito

​ Donizete de Moraes​, o 
Pescuma, que viajou parte do Brasil e Paris e agora forma o trio com Henrique & Claudinho. O nosso poeta maior, Benedito Santana da Silva Freire, com sua poesia telúrica cantou sua Cuiabá e nosso santo milagreiro.

A raiz da festa de São Benedito é bom dizer é anterior às míticas festas na Casa de Dona Bembem, anterior ao reconhecimento oficial em 1897 com a edição do Estatuto da Irmandade de São Benedito, aprovado pelo bispo diocesano Dom Carlos Luiz D'Amour, ocasião que apenas as famílias mais abastadas participavam, pois era quem mantinham a igreja e a festa. A festa conta a lenda começou com os negros escravos desde 1721, com suas oferendas ao mais negro de todos os Santos.

Ninguém sabe, ninguém explica porque a festa é no primeiro domingo de julho, como foi neste ano, 3, ou poderia ser 1 ou 7 de julho. O aniversário de nascimento é 5 de outubro, ou de morte 4 de abril. A partir de 1922 a festa que até então acontecia na igreja, passa ser realizada na casa dos festeiros ou em casarões antigos de Cuiabá. Em 45, com a elevação de a categoria de Paróquia do Rosário e de São Benedito, o largo da igreja voltou a ser o palco da festa. A tradição assim a mantém e depois da grande procissão, com milhares de fieis, tem um legítimo show com artistas populares, devotos também de São Benedito, como o já citado Pescuma e Roberto Lucialdo, em anos anteriores.

A festa, numa das crenças mais queridas, é alimentar o povo, com seus chás com bolo, e nós mortais comuns, comer desse alimento para não faltar durante o ano. A alegria da cantoria sempre existiu – congada, siriri, rasqueado e agora os nossos legítimos artistas populares sobem ao palco para alegrar e nos tirar da nossa tristeza como tantos temerários desarranjos políticos.

Este ano contagiaram o público... NOMES DOS ARTISTAS... que sentiram também a energia emanada pela plateia.

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De Padroeiro a festeiro no jingle "Voa Tuiuiú"

São Benedito também inspirou um dos mais belos jingles: "Voa Tuiuiú", composto pela dupla Sá & Guarabyra, autores de sucessos como "Espanhola", "Sobradinho" e "Roque Santeiro", entre outras.

O ano era de 1985, administração Anildo Lima Barros, e o mês era abril, aniversário de Cuiabá. A dupla recebeu a encomenda e a agência de publicidade providenciou todos os dados e informações para a letra.

Dali um tempo recebe a composição: "Voa tuiuiú/ Estica o seu pescoço/ Pra espiar em Mato Grosso/ Que beleza é Cuiabá. // São Benedito!/ Padroeiro da Cidade/ Jura que a felicidade/ Hoje em dia mora lá (...)".

Todos amaram. Mas, o padroeiro de Cuiabá é N. Sr. Bom Jesus de Cuiabá, avisou o bispo. Todos concordaram e devolveram aos autores que consertou a letra e trocou padroeiro por festeiro acrescido de um artigo "São Benedito/ O festeiro da cidade".

Ok? Ok!

Naqueles anos da década de oitenta, a mídia era a fita magnética. Véspera do feriado de 8 de abril todas as emissoras recebem a sua fita para às 6 horas executarem.

Por essas que só a Lei de Murphy pode explicar, a Rádio Vila Real, então líder de audiência, recebeu a fita com a primeira versão.

O prefeito é acordado com telefonemas de cuiabanos explicando que São Benedito não era o PADROEIRO da cidade.

A Vila Real tinha os estúdios no prédio Edifício Palácio do Comércio. Como era feriado o elevador não estava operando. O boy, coitado, teve de subir todos os mais de 15 andares correndo.

Até chegar lá no alto, como estava programado, entre uma música e outra, o jingle já tinha sido executado dezenas de vezes.

O telefone na casa do prefeito não parava.
(João Bosquo)

 

 

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