tenho sentido - como é difícil sentir -
que o amor - um dia -
fabricado dentro de mim,
foi de pouco apuro, passível
de riso,
sem preocupação com o
possível fim
essa contradição, junice,
não se percebe,
a não ser com uma enorme
força de vontade,
em querer ver que o amor
assim esculpido,
sem mãos artistas, logo,
logo se acaba
se transforma em cinzas em
outro território,
sem êxtase, adoração;
enfim, sem a fúria inicial
e fazia-me perdulário,
mesmo sem ter níquel
de qualquer valor. mas, ah!
tinha o amor real
possuía o mundo - imaginava
- e nada, nada podia
conter a alegria, verdadeira
folia, em existir,
sem bens materiais, com
apenas minha matéria
cheia de vida, desapegada
dos deuses e demônios
hoje, em que pese tudo, leio
em livros antigos
quais falam de amores
autênticos como o meu,
e devem ter existidos, e
igualmente morreram;
e foram raros os rastros,
vestígios deixados
junice, tudo dentro do
coração do serumano,
por mais puro, lindo,
límpido, no fim fenece
não há, portanto, o amor
infinito imaginado,
pelas teses felizes e
românticas teorias.