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Morrer de Amor


Morrer de amor... Não morro mais
Passei do tempo, da época, do século
Futuro, passado, presente, lilás

Morrer de amor é uma arte
Precisa de espírito preguiça
Medo da vida, do dia, da noite
Do próprio ato de amar

Morrer de amor... Não morro
Aqui, agora olho pra frente
Pela fresta, o corpo, o raio de sol
Que brota no início do dia, da vida

O Sonho que vou ter


O sonho que vou ter
bem depois do ano 2000
Sou capaz de sonhar
com matas
com os verdes das matas

O sonho que vou ter
através de meus filhos
e dos filhos dos meus filhos
sou capaz de bem sonhar
com a vida
com o delírio da vida

O sonho que vou ter
num futuro bem distante
será um sonho simbólico
com matas, com o verde
com os bichos das matas

Planeta Quintal


Tem caju, abacate no quintal
Apanhe a vara do varal
Vamos sentir o gosto do mel,
O gosto da vida, o gosto do doce
O carmim da sua boca amarelar
De caldo de manga e cajá
Jabuticaba madura no olhar

Teus Seios


Vi a base de teus seios.

Como são gostosos!, livres

sem remorsos e sutiã, jovens...

Espera!... São pêras, maçãs?



Que sabor terão os teus seios?

Nós dois no ônibus, próximos

meus olhos procuram ver melhor

e investigam teus seios gentis,


doces e alegres de tanta mocidade.

Tudo Banal


Tudo o que acontece comigo
vai voltar a acontecer, Querida
um dia, uma hora
nas quebradas da vida
você estará desprevenida
a paixão vai te pegar
o amor aprisionar
sob um laço sem nó
um abraço sem dó
reminiscências machucarão
o teu coração

Tudo o que acontece comigo
vai acontecer, vai ver
mas, até lá
meu coração terá somente
uma cicatriz para me alertar
a não dormir no ponto
e pateta correr atrás do amor

Quando


Quando partistes
vi nascer
a solidão dentro de mim

Vi a saudade
bater na porta
entrar pela fresta
pelos vãos, pela retina

Agora lembro
como era bom
tê-la ao meu lado

Confissão II


O que acontece comigo, querida?
Você não imagina
Meu coração treme, balança
na corda bamba sem rede de proteção

O que acontece com meu coração?
Vivia tão sossegado
Como se soubesse de tudo
e não se surpreenderia jamais

O meu coração agora parece menino
Sai saltitando por aí
Dando na vista, bandeira
Sem preocupar com os riscos

Confissão


Querida, não posso pensar em você
como imagino que possa
Meu coração parece menino
dispara numa ciranda louca
e não deseja voltar em forma

Imaginei que meu coração
não fosse jamais capaz
de coisas tão desorientadas,
antigas, até, direi

À noite quando a insônia chega
fico inventando estratégias
para sair ileso, sem cicatrizes
sem derramamento de sangue

O desejo é tanto que lembro
dos deuses no Olimpo
Chamo-os para uma conversa
pedir conselhos, fórmulas ou maldições
para por fim à esta tragicomédia

O Amor Apareceu


O amor apareceu
na minha vida depois
de te conhecer aqui
e poder sonhar a dois

O amor um dia vem
remexe com nosso peito...
O que estava arrumado
foi revirado, desfeito

O amor quando padece
tudo fica meio assim
sem saber o que fazer
se o amor chega ao fim

O amor desaparece
Ninguém esperava sua
partida neste pedaço
de tempo de sol e lua

Águas de Chapada

A água fria da cachoeira de Chapada
te arrepia os pelos da barriga, do púbis;
os pelos amarelos internos das coxas,
dos braços morenos, te arrepia as sobrancelhas

A água fria da cachoeira de Chapada,
que cai em cachos sob o efeito da lua,
te provoca e na prova tua pele não resiste
à água límpida e fria que escorre a noite

A água fria da cachoeira de Chapada
te chama e, em chamas, teu corpo mergulha
fagulhas se apagam e tua pele expele arrepios...
- Só voltas acender na hora do amor.


Publicado no encarte do 1º EdiçãoArte, em 15/07/1993

Minha Poesia Cuiabana


Minha poesia
anda meio afrescalhada,
meio purpurina, alegoria

Minha poesia
só quer saber de andar
no meio da rua,
farol forte e salto alto

Minha poesia
não fala de gente,
de pessoas,
meninos de rua,
de passeios de mãos dadas

Minha poesia
anda meio esquisita,
social-democrata,
meio mulatinha,
um pé na sala, outro na cozinha

Minha poesia
acorda bem cedo
brincando que é séria,
nem dá bom dia pro padeiro

Minha poesia,
tem dia acorda macho
outro, meio feminina
(Quem entende? Ninguém!)

Minha poesia
é meio cuiabana,
meio modernista

Seu Tempo Passou


O tempo passa, o tempo voa a poupança Bamerindus continua numa boa A poupança Bamerindus!

O tempo passa...
Você passou por mim
e machucou meu coração
O vento do coração apaixonado
provoca um temporal
arrepia as veias,
acelera o batuque
e bate nervoso
feito um pandeiro maluco
como meu coração

O tempo passa...
Você passou delirante,
fez um estrago
um rebuliço,
jogou-me no lixo
num buraco
sem fundo
sem xeque-mate
arrebentou meu coração
que mesmo assim
sorri como um bêbado feliz
em delírio

Querida

A mulher quando sai de si
derruba o muro de Berlim
a bolsa de valores
o câmbio, o pulso de Mike Tyson

A mulher quando sai de si
roda a baiana, arma o barraco
desarma James Bond
faz farofa e picadinho

A mulher quando sai de si
Mostra os dentes
morde as orelhas
desmancha as mandíbulas

Fulana

Quem amou essa fulana
Amou, sentiu o gosto doce
Gostoso de fazer amor

Essa fulana
Deixa qualquer um louco
Ardente de tesão...

Procuraram por ela, noite e dia
Nos pontos equidistantes
Das cidades, do país, do planeta

Procuraram nos porões dos navios
No subterrâneos dos metrôs
Nos cabarés, nos templos e monumentos...

Quem amou essa fulana
Amou do bom e do melhor
Sentiu o gosto da pele
Do suor, dos líquidos, dos fluídos...

Essa fulana
Fugiu por entre as pernas
Dos abraços e embaraços

João & Antônios



João Lennon
imaginou
um sonho

Antonio Peres
escreveu
um livro

O outro
o de Pádua e Silva
foi à Bienal...

Não Faça Isso, Querida


Não faça isso, Querida
Eu mudo de rumo, prometo
Não precisa fechar o livro
Por favor, não me esqueça
Meu coração está sem prumo

Não faça isso, Querida
Eu mudo de traçado
Estou quase falido
Mas isso não é motivo
Para me por de escanteio.

Não faça isso, Querida
Eu mudo de compasso.
Esqueça a rodoviária,
O aeroporto, o navio
Fique por perto, Coração.

Não faça isso, Querida
Eu sou mudo, fico quieto
Quero lamber teus lábios
Morder teu pescoço
Arranhar tuas costas.

Não faça isso, Querida
Estou mudado. Eu mudo
Prometo. Faço arremesso
Ginástica, aeróbica
Mas não me deixe só

Os Gatos Subjetivos


Os gatos de Regina Deliberai
são muitos, lembrados, subjetivos
- Como as metáforas subjetivas
do poeta João Cabral de Mello (Neto)

Gatos da jornalista Deliberai,
não são animais concretos, nem felinos,
são mil amigos de sua simpatia.

A Cara é Nova, o Conteúdo Continua o Mesmo...

Um novo jornal está nas bancas
Que a informação nos venha de braços abertos
Idônea, precisa, máscula

A nova gazeta está nas bancas
Que a manchete vibre
As pupilas do leitor arregale
Com ansiedade para além do lide

Que o novo jornal seja, sempre,
O palco do debate democrático
Que as idéias circulem
O confronto de posições se faça
Mas que prevaleça a verdade

Um novo jornal se namora em cores
Em síntese um novo produto...
Porque um jornal sempre será um produto
De consumo para atender as necessidades do leitor