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Poeminha


Tenho um amigo demente
que faz poesia
com cocô de passarinho
na cabeça do vizinho
que se irrita
com tanta poesia assim.

Reposição

Repor o verso,
dentro do cosmo
(sem musa),
com palavras solidárias
às manifestações
do homem oprimido
no momento,
contra as ações
dos impérios,
é obrigação.

Vamos

“Vamos para praça
juntar uma leia de gente
para poder gritar mais duro

Não houve enfrenta cão
que nós temêssemos

Tática

A Eunice Campos

Pra te amar
Armei uma tática
(Aritmética de amador)
 
De espreitar emprestei
Tanto olhar
Que seu olhar machuca

Tédio

Morrerei de cachaça
nesta carcaça!

O tédio me mata
na angustiante noite
longa e silenciosa

Longe de meu dia,
no qual vivo baratinado
sem o grito eufórico
da liberdademocrática

Morrerei um dia,
para sua alegria!,
de tédio e cachaça
lágrimas nos óleos
em perder a vida.

Versões

Existe verdade
na mentira muda

Existe um pranto
no eco do sorriso

Existe uma graça
em todo acalanto

Existe uma criança
em cada menino grande

Em cada verdade
há uma mentira

Em cada mentira
há uma lógica

O Poder do Rato


Toda beleza do mundo
se encontra num rato morto

A beleza da mulher
perde para um rato morto

O poder do homem
não pode com o rato morto

Toda força do mundo
se encontra num rato morto

O rato morto
morto pela fome do homem
torna-se mais forte

O rato morto
morto pelo medo da mulher
torna-se mais belo

Cultivo


Límpido líquido

que aflora da tua

boca

do teu busto

morrerá

Da mesma maneira

será a de cultivar

as tuas mãos

Último


Quero a última romã
a qual vejo com lágrimas
límpidas

Quero a última flor
vermelha como o sol
se pondo

O Adivinhador de Gente

Pelo semblante triste
sabe-se que morre a alegria
e se descontenta com a vida
sem descontos calculados

Adivinha-se fácil pela face
o pensamento do homem na praça...
Este madrugou o sono
sonhos incompletos perseguem
Aquele ri como um rio
caudaloso ao encontro do mar

A mulher sustenta um filho
no ventre morno
A menina brinca, mas caça
um namorado na multidão

Pelos olhos


Pelos olhos
entram visões
totais

- Olhos tudo anteveem
tudo preveem,
tudo sabem de antemão

Mesmo não enxergando,
mesmo os de um cego,
sabem os olhos
de sua imensidão

Não Precisa

Não precisa sair da sala
Faça somente a barba

Não precisa sair pra briga
Compre somente o necessário

Não precisa sair em órbita
Recolha somente as plumas

Reflorescer


Reflorescerão corações
- puras rosas -
dos sangues esquecidos
nos desvãos da vida

Reviverão os dias
novos ventres
entre os limites
nossas esperanças

Os amantes


Saíste da vida
dançando valsas
polcas paraguaias
sambas chineses

Saíste da vida
sem dar bola
para vida levada
que levavas

Saíste da vida
fumando Carlton
bebendo Antártica
batendo à máquina

As mãos de Tadeu Medeiros

As mãos de Tadeu Medeiros
Falam de mãos
Esculpem mãos
Que dizem que são mãos

As mãos de Tadeu Medeiros
Fazem faces
Esculpem faces
Que dizem: não está fácil!

Comportamento


Sou bem capaz de te odiar
por causa dessa passividade
dessa inércia psicomental
que não vê o homem explorado
ser derrotado pelo capitalismo

Sou bem capaz de te dar o fora
te dar um chapéu, um drible
passar a perna por um minuto
enquanto pensas em futebol e cerveja

Sou bem capaz de quebrar tabus
enquanto cegos, mesmos sem óculos,
olham mulheres nas praias
e leem anúncios de noites dançantes

Sou bem capaz de te virar no avesso
por conta desse comportamento alheio
como se a vida não pudesse viver feliz.

#SonhoDeMenino

Morres agora


Morres agora
Corpo inerte
já não fala
a voz fértil

A pulsação
de vida
incontida
não há mais

Morres agora
e não podes
fazer nada
aos olhos meigos