Cine Teatro reabriu com Romeu e Julieta feito comédia

O espaço agora, além de cinema e teatro, será um centro de formação profissional na área da dramaturgia e demais técnicas teatrais

POR JOÃO BOSQUO | A inauguração do Cine Teatro Cuiabá nesta quarta, 3 de agosto, é alvissareira como parte da estruturação do Corredor Cultural – iniciado pela revitalização do Palácio da Instrução – e que terá continuidade com a reforma e implantação de um centro cultural no antigo Grande Hotel, patrimônio vizinho ao Cine Teatro, conforme noticiou o secretário de cultura mato-grossense, Leandro Carvalho. A reabertura do Cine Teatro, enquanto sala de teatro, nos parece promissora, pois as adaptações necessárias aos novos tempos tiraram umas fileiras de assentos e – ao menos na parte inferior – ele está com uma capacidade menor que a do Teatro da UFMT, o que é bom, ficando faltando apenas os teatros de bolso.

Flávio Ferreira, enfim, era o nome da noite. Homem do teatro, com uma carreira iniciada nos anos 90 e QUE nessas duas décadas e meia montou e dirigiu pra lá de 30 espetáculos , com destaque para os AutoS da Paixão que aconteceM anualmente há mais de uma década. Pois bem, Flávio, em sua fala, lembrou que sempre foi um dos que cobrava a ‘aquisição’ de novos espaços para a cultura de Mato Grosso e agora passa a ser cogestor do novo CTC reformado e renovado.

Passado agosto, com um programação com 14 espetáculos – seguindo-se ontem com “Homem do Barranco” , hoje Nico & Lau, amanhã Dona Domingas, como o seu “Nandaia” … – e em setembro reinaugura o cinema, com horários alternativos como meio dia e 18h30, com exibições de filmes que, preferencialmente, não estão não circuito comercial, para criar um roteiro alternativo.

O governador José Pedro Taques, pra manter a tradição, desta feita atrasou um pouco mais de 30, mas prontamente atendeu a imprensa. Disse que o CTC está dentro do programa “Conexões Culturais” que envolve a recuperação e revitalização de diversos imóveis na região central de Cuiabá, que vão fazer intercomunicação entre eles e linkar as mais diversas atividades para ofertá-lasà população.

O governador José Pedro Taques, acompanhado pela primeira-dama Samira Martins, também acabou subindo ao palco, durante a apresentação dos atores da versão de Romeu e Julieta pelo Cena Onze e participou do baile na residência dos Capuleto – aquele em que os românticos personagens de Shakespeare se encontram pela primeira vez.

Questionado na entrada pelo jornalista Enock Cavalcanti sobre os bons filmes que assistira na sala escura do Cine Teatro, Pedro Taques contou: “- De Volta Para o Futuro, vi aqui, Um filme inesquecível. Mas não vi “E O Vento Levou…” que esse é do seu tempo, Enock Cavalcanti” – sorriu o governador. Na sua fala de inauguração, para a plateia, ele lembrou as suas peripécias de menino, que tremia de medo diante do funcionário do cinema escalado para controlar o público “de menor”. “Naquele tempo se falava de menor e não criança e adolescente, como hoje”, lembrou.

Leandro Carvalho destaca que, além de palco, o CTC também vai se tornar um centro de formação artística, dentro da parceria acordada com o Cena Onze. O secretário disse que a reabertura do CTC era um desejo acalentando por todos – artistas e a população. “Esta noite o CTC reabre com um conceito novo, conceito diferenciado como um espaço de difusão.Todos artistas e produtores mato-grossenses vão tem no CTC uma fonte de irradiação de conhecimento”.

O venerando Luiz Carlos Ribeiro também foi um dos que prestigiaram a reabertura do CTC. Para ele o evento é “marco no só da administração da cultura como também na retomada de um processo cultural para a cidade de Cuiabá e também para o Estado de Mato Grosso. A partir deste espaço vão acontecer grandes eventos culturais voltados para a nossa cuiabania, para nossa cultura”.

Anibal Alencastro, nosso historiador dos cinemas em Cuiabá, que trabalhou no CTC como projetista, conta que o primeiro projetor sonoro do cinema vai estar em exposição para o público também em setembro. Anibal lembra que esse projetor foi adquirido pelo primeiro arrendatário do cinema, Francisco Laraia, que viajou até o Rio de Janeiro para trazer esse então ‘moderno’ equipamento para Cuiabá.

A temporada de teatro abriu-se com o Romeu e Julieta versão Cena Onze. Vôte! Shakespeare deve estar se perguntando ‘quem é esse povo que mistura um português castiço dos tempos de Camões (gente boa) e esse sotaque de beira de rio”. Flávio Ferreira, produtor e diretor do espetáculo dessa enésima abeertura do Cine Teatro Cuiabá fez uma versão bem particular da peça do grande bardo inglês, resumida em pouco mais de 90 minutos. E assim que deve ser. Todos nós já nos vimos na história de Julieta Capuleto e Romeu Montéquio.

Ficamos felizes (nós em pessoa não somos uma só, mas muitos) em ver jovens atores (essa de colocar jovens como os protagonistas vamos ficar devendo ao cineasta Franco Zeffirelli, em 1968, ele que rompeu a tradição de se escalar velhotes para o papel, em nome da dramaturgia) ao lado de profissionais como Odinamar Borges, que já tem alguns passos no nosso teatro e a grata surpresa (minha) de ver Meire Lopes, incorporando a impagável Sra. Montéquio.

Viva o teatro, viva o cinema, viva o Cine Teatro Cuiabá.

Fonte: Diário de Cuiabá

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