Água


Água de se beber aqui
Vem do rio Cuiabá
Esse maravilhoso rio
Que nos abastece
Além d’água
De peixe e paisagem

A água cuiabana
É doce, gostosa, histórica
E brota de geração
Em geração matando a sede
De todos cuiabanos e paus-rodados

O peixe do Cuiabá
É frito, ensopado
De histórias de pescarias
E pessoas comem que comem
Até lamber os beiços

Voz Interior


Qual é o limite de olhar para fora de si mesmo?
Quem consegue ver além, do além-mar Pantanal?
Quando se sai do simples olhar para além do mar
O pensamento, o existir, passa ser outra dimensão

O olhar de olhar fora de si é para dentro de nós
O olhar para si mesmo nos faz ver a verdade
-"Nós somos a verdade desconhecida", diz a voz...
A voz que procuramos esquecer e não ouvir

Motivos Vivos


Para se morrer
há que se precisar
que se esteja vivo, lógico

A morte esquecida
jamais aconteceu
jamais acontecerá
A morte é lembrada
dia e horas estabelecidos

Foi a chuva, a pneumonia,
foi o coração que infartou
foi o dente, o copo d'água
foi o avião, o facão, o cão

Foi a falta de amor, a solidão
foi a lembrança doída, a saudade
foi a membrama que desgrudou
foi o olho que piscou, o cisco

Tempos e Temperos


Tinha tempo...
Havia um tempo
O sabor na ponta da língua
O paladar
A água na boca
Boca aberta
Queixo caído

Vox do tempo


Havia um tempo
- e    o tempo sempre há –
de ser eterno
sem que precisasse
ouvir a voz própria
do tempo... No templo.

Não temos mais Fidel Castro


Não temos mais Fidel, em carne
Mas Fidel vive latente em toda Cuba
Em toda América Latina

Nos corações dos povos oprimidos,
Que um dia serão livres, libertados
De todas as dores e amarras, vive Fidel

Retrovisor


Não vou, nem venho
Sigo em frente,
Olhando de quando em vez,
Pelo retrovisor.

Não Vai Ter Golpe, o poema


Podemos ser presos, apodrecer na cadeia,
mas o destino me diz “não vai ter golpe”
Posso perder o olho, um pedaço da mão
posso perder tudo, menos o rumo, a razão

Posso perder um pedaço de terra, a casa
ficar debaixo da ponte ou no cemitério
sumir do mapa, da história, do bairro
posso sumir, mas a consciência permanece

Posso, sim, me enganar, mas não de lado,
se estou do lado dos excluídos,
dos exilados da sorte, dos negativados...

Outro Dia


Amanhã é outro dia,
se bem amanhecer esta cidade...

Enquanto isso, fico em minha casa
olhando o tempo que não termina

O tempo, substantivo, é invenção do homem
pré-primitivo, pós-tudo, que olhou para fora de si...

#Poema

Onde andará Arrigo Barnabé?!
Será que está andando à pé?
Por onde anda Arrigo Barnabé?
Desculpe-me a rima sem fé.

Caminho na Noite


Caminho nesta noite,
sempre na esperança
de encontrar o novo dia

O caminho a nos levar
para outro dia
começa instantâneo
após a noite a sonhar

Caminho como sempre
com medo de pensar
no novo que virá