Cuyabá, um poema ou vários poemas, de Romulo Carvalho Netto


Terminei de ler e gostei imensamente do livro Cuyabá, do também jornalista e poeta ou poeta e jornalista, Romulo Carvalho Netto. É uma edição de bolso, 68 páginas, e excelente acabamento editorial (segundo o próprio RCN, uma produção familiar).

Cuyabá é um poema ou diversos poemas - não decidi ainda - cujo tema central, como diz o título, é a nossa Cuiabá, que no próximo dia 8 completa 289 anos de fundação. Há poetas que não gostam, principalmente os jovens, de trabalhar como temas - mesmo porque é uma coisa dificil - pois, sempre pode parecer piegas, e é, se não for bem trabalhado.

Eu, de antemão, gosto de poemas temáticos, inclusive acho o nosso poeta-maior, Silva Freire, um poeta essencialmente temático, que tinha não só Cuiabá (macro), assim como as suas peculiaridades, pequenos detalhes (micro) como inesgotável fonte de inspiração... Mas voltemos ao livro de RCN: Cuyabá, num primeiro momento li como se fosse texto (poético, claro) de um repórter, que saiu pelos bairros, ruas, becos, rios, e que ficou debruçado na "janela do tempo", e foi anotando tudo para ser processado e depois "regurgitado" na belissima combinação de sons e ritmo. Poesia é isso: sonoridade, cadência inspirados por um espírito que nos transcende de alguma forma.

Cheguei a comentar com o nosso poeta, que Cuyabá, de alguma forma, me lembrou Saciologia Goiana, um livro inteiro onde o poeta Gilberto Mendonça Teles fala de seu Goiás, de suas profundas entranhas que só ele conhece. E disse mais, que me surpreendi com as sacadas, muito bem sacado, embora ele (Romulo) não seja um cuiabano legítimo de pé-rachado, ou como prefere os mais tradicionais, de chapa-e-cruz. (até onde eu saiba ele veio das Minas Gerais).

Quando digo que o poeta-jornalista estão misturados no Cuyabá não é por acaso: Todas/ velhas/ notícias/ todos/ novos/ amores/ transformam/ Cuiabá (p. 49). O poema/fragmento está nos dizendo-revelando-mostrando que todos os fatos relevantes ou irrelevantes mexem com as estruturas, não apenas físicas, mas também com a psicologia da nossa capital.

O formato, como já disse, é de bolso, excelente para levar em qualquer local e ler sem exibicionismo, aos poucos. A distribuição é precária: quem realiza é o próprio poeta, por isso mesmo não é fácil, pois ninguém encontra RCN dando sopa por aí. Quem confiou na minha avaliação e quiser ler também este Cuyabá, sugiro que entre em contato com o poeta pelo e-mail: kcnetto@yahoo.com.br e combine tudo, e boa leitura.-:)