João, como vão as palmeiras?
Da velha história não sei não Fatos passaram Dona Polica
certamente já morreu Aquele otimismo que havia? Não um mundo melhor
Há porém receios Serão cassados velhos refrãos Velhos ditos
populares hoje já não surtem tanto efeito Estou com dívidas até
na garganta A voz rouca engasga com o som do cigarro Morrerei com os
olhos pálidos Espantados com tanta ambiguidade da nossa política
caseira Prefiro ainda os velhos temas A velha forma poética O
inverno promete matar muitos mendigos Onde andarão os meus velhos
amigos? Está decretado Os jornais não comentaram Os locutores de
rádio não falaram nada A televisão nem se fala Que pensar agora é
um ato subversivo Como vai Cuiabá Te pergunto Como vai a cambada
Como te pergunto Sopra assobios de passarinhos São insistentes esses
cantos Cantados na moita A tesoura censura meu novo comportamento O
tesouro continua cheio de encantamento Não achas Divino a nova
literatura de mictório Rebelde e incrédula Isso quando não
blasfema Claro O dia que promete muito Amanhã será Domingo de
páscoa Virgem Maria Padre Nosso Otimismo é pouco São João Batista
quantas cabeças rolarão após as próximas eleições? As velhas
beatas rezarão por vocês Aqui fica optativo Ponto ou não p(r)onto
Interrogação ChicoCantaChicoPinto varou pela perna pintando a ponte
de preto-prata Ficaram sem Chico e sem Pinto Phico Cinto que dó
ficar sem fazer nada Houve bate-bocas nas mesas de bares de Gotham
City Pelam de medo os maus feitores que descubram a grande farsa que
Batman e Robin vivem E ajudem a derrubada dos poderes constituintes
Idem no Planalto Central No interior do Brasil Contam histórias:
Lampião é o anti-herói de lanterna na mão Te entrega Cristino
Ex-Tinto de Sangue vermelho na varanda azul Nos finais de verão as
cigarras Mulheres dos meus cigarros Cantam melancolicamente tentando
suster o ar Que besta Que golpe baixo Que falta de propósito essa a
nossa A tua Também Sua sem-vergonha Que passa na sociedade Na
reitoria Definitivamente maravilhosa Contrariando o edital Autênticos
rasgam o verbo no Plenário vide Lysâneas Maciel Cansado na mesma
hora Surgiram bofetadas na mesa Na tua cara Suspenderam o preço do
feijão Ficastes uma vara Que vida cara Minha cara Te amo Afirmo
Firma reconhecida Lavrada em cartório Passado a limpo Joia Cuiabânia
Minha nova mania Vide Novo Aurélio Minha prima Vânia Primavera que
vem jámeencheuosaco Bato ponto final e escondo o © copirraite.
><> Publicado n'O Juvenil, órgão de divulgação literária da UPES, edição nº 4 e 5, julho de 1976; integra a Antologia A Nova Poesia de Mato Grosso, publicada em 1986.
Nenhum comentário:
Postar um comentário