Me
dou por vencido
quando
não seguro
minhas
mãos cortadas
por
duros golpes de facão
afiado
com
essa finalidade
Me
dou por vencido
quando
atiras seis vezes
estraçalhas
meus movimentos
gestos
e opções de ações
Me
dou por vencido
quando
matas meus filhos
em
obscuras salas
sem
luz e ar-condicionado
Me
dou por vencido
quando
cortas
meus
vasos sanguíneos
para
exaurir lentamente
meu
sangue de revolta
Me
dou por vencido
quando
me vences
traiçoeiramente
em confusos
lances
de cartas marcadas
Me
dou por vencido
principalmente
quando
me proíbes
de
escrever meu verso
Me
dou por vencido...
Mas
num pequeno descuido,
bebo
meu sangue, fio minhas mãos
refaço
meu peito, revivo meus filhos
costuro
minha dor, com paciência de artesão
junto
minhas forças em ciranda
e
só me dou por vencido - realmente -
se
me venceres no argumento.
><>Do
livro “Outros Poemas” (1985), edições Namarra.
Nenhum comentário:
Postar um comentário