[Pecinha de teatro em ato de um minuto]
–
Toma
que o Valdomiro é seu!
–
Não!
O Val é seu!
–
Não!
O Do é seu!
–
Não!
O Mi é seu!
–
Não!
O Ro é seu!
–
Não!
É tudo do José Dirceu!
–
O
Valdomiro, ora, era amigo.
Não
importa se de quem, se era de todos!
–
Todos,
vírgula. Não indiquei ninguém.
Quem
indicou foi o Bispo.
Quem
nomeou foi o governador.
–
Na,
ne, ni, na, não, quem indicou
–
Foi
PT, foi o PV, o PP...
–
Foi
o PTB, o PFL, o PPS...
–
Foi
o PMDB, o PSDB, foi a PQP...
Falando
baixo para a platéia:
–
Não
espalha, agora ninguém quer o Valdomiro,
mas
a criança é de quem largar primeiro.
–
Mirinho
apareceu lá em casa,
não
sei de onde veio.
–
Mirinho,
que intimidade...
–
Pois
é, vi ele no quintal colhendo frutas,
frutos
de seu trabalho, jamais imaginei...
–
Nem
eu!
–
Muito
menos eu!
–
Nem
o José Dirceu...
–
Era
era amigo, solícito,
cheio
de habilidades, competente,
jeitoso,
rapaz fino,
de
uma discrição ímpar,
uma
verdadeira obra-prima,
quem
poderia imaginar...
–
Jamais
imaginei...
–
Mas,
o Valdomiro é seu!
–
Não!
Fui enganado, fui claro.
Não
sabia, me apunhalou pelas costas,
além
do mais, o Valdomiro é do Bispo.
Se
voltando para o Bispo: – Segura essa.
–
Seguro,
mas cadê o meu?
–
O
seu vem depois!
–
Depois,
quando?
Se
o Valdomiro é seu!
Eu
quero pra ontem!
–
Não
seja precipitado.
Vamos
devagar com o andor
que
o santo é de barro...
–
Ah!
ah! ah! Que é de barro,
pode
ter certeza,
você
não vai querer ensinar
o
padre-nosso ao vigário
–
Da
missa inteira você não sabe o terço...
–
Responda
depressa:
CPI
nos dos outros é refresco?
–
Para
com brincadeiras,
estamos
falando coisa séria...
–
Então
não me venha com misérias.
Eu
quero o meu!
–
O
seu está com o Valdomiro...
–
Não!
o Valdomiro é seu!
–
Não!
O Val é seu!
–
Não!
O Do é seu!
–
Não!
O Mi é seu!
–
Não!
O Ro é seu!
–
Não!
É tudo do José Dirceu!
–
Cadê
o Roberto Jefferson?
Todos:
–
Gato
comeu!
21/02/2004
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