Para o diretor da peça, Flávio Ferreira, a explicação foi a falta de recursos
O espetáculo épico "Auto da Paixão de Cristo", na antevéspera de completar uma década, não será apresentado este ano, em Cuiabá. Na verdade, o Auto, além da apresentação do espetáculo a céu aberto, era um projeto que envolvia diversos setores do Governo do Estado, principalmente na questão social.
Acontecia, paralelamente a exposições de artesanatos, que atraiam artesões de diversos municípios de Mato Grosso, ligadas às ações do governo, além de um parque voltado para as crianças e uma praça de alimentação para atender o enorme público que diariamente visitava o evento, que antecedia a Semana Santa.
Antecedia é bom que se diga, pois este ano, de 2015, o "Auto da Paixão de Cristo" não será encenado. O diretor do mega espectáculo teatral, Flávio Ferreira, do Cena 11, disse que chegou a ser procurado por emissários do Governo de Mato Grosso, curiosos para saber como era a estrutura do evento, mas, segundo ele, a exiguidade do tempo e, principalmente, a falta de recursos não possibilitam a realização do evento.
O diretor narra que o espetáculo "Auto da Paixão de Cristo" teve oito edições consecutivas e já figurava como o segundo maior espetáculo do gênero do Brasil. O primeiro, todos sabem, é o "Paixão de Cristo" de Nova Jerusalém, Pernambuco.
Este ano seria a 9ª edição e, de certa forma, já estava se firmando no calendário turístico de Mato Grosso, mas será interrompido. A ação cultural com temática religiosa costuma reunir, todos os anos, duas centenas de atores, produtores e técnicos que se dedicavam a criação, ensaios e realização da peça.
Fora o artista convidado - geralmente um grande nome nacional, sendo que ano passado foi Murilo Rosa -, os demais todos eram atores locais, como Carlão dos Bonecos, que fazia o Caifás, o sumo sacerdote que, conforme consta lá nos Evangelhos de Mateus e João, condenou Jesus de Nazaré. O diretor Flávio Ferreira destaca que a maioria dos demais atores, figurantes com pequenas participações, era formada por participantes de algum programa social do Governo do Estado, como catadores de lixo.
O diretor explica que essas pessoas não eram pegas à laço e colocadas na peça. Não. Passavam por um processo de treinamento, ensaios, educação vocal, enfim, por diversas oficinas, como forma de resgate da dignidade humana.
Ano passado, o "Auto da Paixão de Cristo" foi apresentado no Sesi Papa, na Morada do Ouro, e, segundo se noticiou, na estreia, 8 de abril, aniversário de Cuiabá, o público foi de 10 mil pessoas.
Procurados pela reportagem, tanto a Setas quanto a Secretaria de Cultura ficaram de se pronunciar posteriormente sobre a decisão.
Fonte: 26.03.2015 http://diariodecuiaba.com.br/detalhe.php?cod=468906
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