A Poesia Está Além (Segunda versão)

A poesia está além do plano mental
Além da matéria, das artérias
Dos canais, dos sinais
Do plano do planalto
Além das montanhas, das estrelas
Das galáxias, das miríades cósmicas

Além da onde a vista alcança a olho nu
Ou com binóculos
Computadores
Além, além da visão digital
Desmaterializada nos confins da internet
Das correntes magnéticas

A poesia está além do papel
Do plano do papel
Do livro encadernado
Plano de pouso da poeira em bibliotecas
Dos embustes das palavras


A poesia está além das letras
Da soletração das letras
Dos bê-á-bás teológicos
Dos magos alquimistas e químicos mágicos

A poesia está além do ar nos pulmões
Dos aromas, das aeronaves nos céus
Dos desenhos das nuvens
Da previsão do tempo, do correr dos relógios
Do badalo dos sinos, do estrondo-trovão
Das águas e pantanais

A poesia está além do ser estar
Meditando
Do núcleo do átomo
Além do ‘nada além de uma canção’

A poesia está além do ali
Do agora, da íris que salta de espanto
No mergulho profundo ao desconhecido…
A poesia, aliás, não está em lugar algum
Em nenhum lugar, nem em um…
A poesia (observa) está no mesmo lugar
Perene, sempre, respirando
- inspira, expira –
Na vibração do cosmo

A poesia está em mim, em você
Em nós dois
Nele, nós três
No coletivo – quando somos coletivos
Na certeza que estamos no caminho certo
De poder chegar até Deus…

A poesia (vê) é Deus.

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