Posso
perder tudo, perder tempo,
Conversar
fiado, entrar na fila e esperar
Esperar
o autoatendimento
Posso
sair da livraria sem levar
Nenhum
livro debaixo da camisa
Posso
perder um ou dois amigos
Posso
perder o bonde da história,
Que
vem de Marraquexe e vai pra Montevidéu
Posso
passar apertado dentro do elevador
Posso
ler de trás pra frente sem entender tudo
Posso
fazer de conta, ficar de papo pro ar,
E,
assim como quem não quer nada,
Enganar
a Arena Pantanal dia de Mixto e Operário
Posso
piscar o olho, usar tapa-olho
E
em alto mar ser pirata de madrugada
Posso
perder o jogo, perder a aposta
Perder
a anotação do jogo do bicho
Posso
ensinar o padre rezar a missa
No
sétimo dia iniciar o luto fechado
E
ficar esperando, quem espera alcança
Posso
perder a cabeça, ficar sem gravata
Preso
no trânsito, sentir medo de voar
Ficar
totalmente sem noção durante o dia
Posso
querer me apaixonar pela mulher
Que
sempre me amou, mesmo odiando
Posso,
de mãos ao alto, entregar o ouro
Ao
bandido salafrário e ficar com o troco
Sem
precisar depositar no caixa eletrônico
Posso
enganar o leão... Enganar o leão?
Não
tenho certeza, o imposto é na fonte
Posso
passar da direita pra esquerda
Mesmo
com a lanterna quebrada
Nunca,
jamais, tempo algum ao contrário,
Mesmo
com todos os faróis revisados
A
fatura do cartão de crédito quitada
Posso
me enganar, mas não todo mundo
Posso
acreditar que um dia não terá fim
Posso
entrar no cinema depois do início
Posso
até ficar pra trás, posso perder tudo,
mas
não posso, mesmo no avesso, perder o rumo.
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