Primeiro de Janeiro (de 2021)

Anteriormente, anos atrás
Todo primeiro de janeiro
Provocava um novo poema
Agora nem tanto

A juventude via o ano novo
Com alegria, sem fastio
Com uma certa ansiedade
Um certo querer em consertar o mundo

O mundo, de lá pra cá, continuou o mesmo
Mas com mais gentes e superpopulações de famintos

Com o passar do tempo acabei por descobrir 
Que não posso mudar muita coisa
– Quase nada – 
Apenas, com muito esforço, o meu interior
E as sequências das palavras no poema.

Estação


No desembarque
da estação final
todos acabam se reconhecendo
lembrando
do plano de fundo
sem contudo poder
frear ou retroceder…

Certo ou Errado

Tanto amor, tanto ódio
Não consigo separar o certo do errado
Enquanto o joio domina a grande área

Nesse jogo, sempre de 90 minutos,
Uma hora e meia depois o vencedor
Sobressai e canta vitória serpente

Sei, o amor é mais forte
O ódio, contudo, é mais rápido, ligeiro
Ao manifestar-se como mensageiro

#Poema


Tudo que tenho
de mais íntimo
está num ponto final qualquer.

Brazuca


Não sei por que o Brasil é assim
Mas o Brasil é mesmo assim

Meio sem-jeito
meio sem-vergonha
meio sem-compostura,
meio certo
meio incorreto,
meio “devagar com andor que o santo é de barro”
meio mesquinho
meio solidário
meio esperto
meio otário
meio zombador
meio que menospreza...

Sem nenhum favor
meio que estimula a chacota
meio que dá a bunda,
meio que dá a xoxota
nove meses depois
vai parir um filho
meio filho da puta
meio advogado,
meio promotor de Justiça
meio respeitoso
meio desprezível
meio defensor
meio que condena as injustiças

Em meio a tudo isso
meio que aprova
meio que condena
meio que louva
meio que desaprova
meio que defende a reputação
meio que estimula a corrupção

Em meio às dúvidas
meio que assume as responsabilidades
meio que dá uma satisfação
meio que vai a missa
meio que reza o padre nosso
meio que fica meio vigário
entre o vinho e o vinagre

Os Mortos Levem


Que os mortos enterrem seus mortos”
(Mateus 8:22 e Lucas 9:60)

Estamos mortos
Que assim seja
Seguimos procurando a vida

Que nossos mortos
Nos enterrem
E possamos ressuscitar para a vida

Que os mortos
Não nos sejam leves
E possamos encontrar a vida

Ninguém Deve Morrer


Ninguém deve morrer
Antes do dia
Nem antes do amanhã
Que ainda esta por vir
Com as flores, a luz
Os raios do sol...