Deve haver alguma coisa que
não seja tristeza
para
que as coisas e cousas se animem
e
uma lágrima não suje teu rosto
Deve
haver uma beleza inatingível
para
que as coisas e cousas não desanimem
e
o riso não sorria de desgosto
Deve
haver alguma coisa chamada esperança
para
que as coisas e cousas não saiam do caminho
e
que não pensem em desespero
Deve
haver alguma coisa que não seja medo
para
não brilhar o escuro
no
horizonte dos teus olhos
e
os pesadelos entrem em desestima
Deve
haver alguma coisa poética
para
que nós poetas tenhamos razão de ser
e
você seja sempre a doce musa
Deve
haver alguma forma carinhosa de dizer não
para
que haja compreensão nas conversas
e
a discussão entre em diálogo
Deve
haver alguma coisa não ridícula
para
que não haja pudor nas palavras
e
você saiba dizer: - amo
Deve
haver alguma coisa contrária
para
que o pecado e o câncer deixem de ser
e
a morte morra de caduquice
Resta
o que deve
haver
depois
alguma
coisa há de fazer haver
em
tudo um pouquinho de alegria
Resta
o que deve
haver
depois
alguma
coisa há de fazer haver
em
tudo uma pontinha de sentimento
Deve
é o que resta
depois
o haver
o
haver deve
deve
haver depois.
><//>Publicado
em 09/11/1975 no Suplemento Literário Texto
Prosa & Verso
do jornal Eco/um
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