Não
sou preto, não sou branco
Venho
de índios do interior de Mato Grosso
de
espanhóis fugidos de revoluções
de
avós escravos, ou quase, em usinas do Pantanal
Não
sou preto, não sou branco
Um
dia já fui filho de pai
próspero
comerciante
e
depois seguiu à falência
Minha
família morou ‘de favor’,
mudei
de casa, de rua,
de
escola, de amigos,
mudei
dentro das regras...
As
vicissitudes da vida acontecem
mesmo
sem querer, somos levados
e
com elas acontecemos...
Assim
aconteceu com minha pele
O
IBGE diz que sou pardo
(não
de leopardo),
porém
um pardo qualquer
que
é não cor de casa ou camisa
nem
do paletó, da meia ou de sapato: pardo
Olho
ao espelho e sei: não sou branco,
tampouco
sou preto, escuso-me pardo.
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