A Garota Pantanal viaja pelo Brasil

QUADRINHOS

Generino, quadrinista mato-grossense, divulga sua personagem na MAD, a revista mais satírica do mundo

O quadrinista, cartunista, chargista, ilustrador, roteirista e designer gráfico Generino Rocha, aos 44 anos, está agora se preparando para o mercado de animação, estudando, praticando com as ferramentas que estão à disposição dos interessados. Generino é taxativo em dizer que tudo o que se deseja estudar atualmente se encontra na internet. É o que está fazendo. 

O artista é mais um dos filhos de Poxoréo que pontifica em Cuiabá. Quando ele se mudou com a família para Cuiabá, morou inicialmente no bairro do Carumbé e foi matriculado na Escola Guilhermina de Figueiredo, quando aconteceu a descoberta do desenho como expressão do seu fazer artístico. Ao pegar o lápis começaram os primeiros rabiscos de ilustrações, paisagens e personagens. 

Os anos eram da década de 80, a televisão ainda não estava inteiramente universalizada. Poucos lares tinham um aparelho de televisão. Os que tinham, recebiam os 'televizinhos'. Generino lembra que, aos domingos, a sala dessas casas virava uma sala de cinema para assistir às estripulias de Didi, Dedé, Mussum e Zacarias em "Os Trapalhões". 

Assistia-se também aos seriados de super-heróis, como Mulher Maravilha. Após a sessão, o menino corria para casa para desenhar a heroína. 

Com o tempo foi tendo contato com outras mídias, principalmente gibis. Chegou a ter uma coleção de mais de 2 mil exemplares das mais variadas coleções – Super-Homem, Batmam, Fantasma, Mandrake, Cavaleiro Negro, Brucutu, Ferdinando - até que conheceu a coleção "Calafrio", da Editora D'Arte, que circulou entre 1981 e 1992. "Calafrio", sob a direção da dupla Rodolfo Zalla (argentino) e Eugênio Colonnese (italiano) só publicava histórias produzidas no Brasil. 

Generino começou a desenhar ao estilo da publicação e mandar suas histórias para apreciação dos editores. Os tempos, claro, eram outros. Não se tinha a internet, tampouco as facilidades de se fazer cópias digitalizadas. Além dos custos da remessa pelos Correios, a incerteza de chegar no destino e obter retorno. O pessoal da "Calafrio", pelo jeito, tinha grande respeito pelos artistas e respondeu ao jovem iniciantes, com orientações e pedidos para que estudasse mais. "Sempre procurei me aperfeiçoar", conta. 

Em 1992 descobre a turma dos quadrinhos mato-grossenses. Ele conta rindo, uma história sobre Gabriel de Matos, o professor, arquiteto, escritor e quadrinista, que sempre fala "todo desenhista em Cuiabá achava que era o único". 

Generino reconhece que ele também se achava o único em Cuiabá que fazia quadrinhos. Quando conheceu a turma do ZHQ – que incluia Wander Antunes, Ric Milk e Rodrigo Vinícius, entre outros, a ilusão se desfez. 

O primeiro desenhista de quadrinhos mato-grossense é o sempre recluso Moacir Freitas, que desenhou a história de Mato Grosso, e a quem todos prestam reverência pelo seu pioneirismo. 

Generino se junta ao grupo e cria a sua principal personagem, a "Garota Pantanal", recém-publicada na revista "MAD", edição 78. "MAD" no Brasil teve várias fases, iniciada em 1974, quando começou a ser editada pela extinta Editora Vecchi, passou pela Record, Mythos e agora é editada pela Panini, a mesma que edita a Turma da Mônica, de Maurício de Souza. 

São duas colaborações encomendadas pela editora. A primeira já está publicada, a segunda ainda sem data definida. Esta é a segunda participação nacional de Generino. A primeira foi no jornal "O Globo", quando circulava nacionalmente – e agora em fase terminal apenas no Rio de Janeiro -, com uma tirinha da "Menina Pantanal", em 2010. 

"Ângela - Garota Pantanal" é o primeiro trabalho autoral do artista. Em 1992 tem como registro de nascimento as páginas da revista "Vôte", de Wander Antunes. Os traços da personagem eram mais realistas possíveis, tinha ares sensuais. Agora, porém, ela está com traços mais estilizados. Já a "Menina Pantanal", aconteceu quando da edição do "Diarinho", aqui no Diário de Cuiabá, um caderno voltado para o público infantil. Diferente de Maurício de Souza - com quem já esteve pessoalmente mostrando o seu trabalho - que criou Mônica jovem, voltado para o público teen, depois do infantil. 

O universo pantaneiro sempre esteve presente na obra de Generino desde a criação de Ângela, moça ou menina. Alguns animais da nossa fauna serviram de base para a criação de personagens coadjuvantes das aventuras da Garota Pantanal: Pinta, onça pintada; Zé Karé, o jacaré e Tuca, tucano, entre outros. 

Depois vieram as colaborações para o suplemento "Azul", também neste Diário de Cuiabá, sob a batuta de Enock Cavalcanti, em 1994; e Generino seguiu em frente, com passagens pelo "Circuito Mato Grosso", Correio Várzea-grandense e, por último, "Folha do Estado" (2011/2013) e trabalhos em agência de publicidade como ilustrador. (Edição Enock Cavalcanti)


20150426

Fonte: Diário de Cuiabá

http://diariodecuiaba.com.br/detalhe.php?cod=470562



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