Amanda Mayra

Amanda larida
Não perdoa nada
­- Na volta, ou na ida -
Do que vê pela frente
Não perdoa o bifinho,
A bolachinha,
O danoninho,
Nem a coxinha

Amanda larida
Larida igual a avó
Qual o tio, Thiago
Quando vê manga
Amanda arregala os olhos
Laridos como os olhos dela

"Não é comilona,
Tem olhos grandes,
Maior que o apetite"
Justifica a avó

Amanda larida
não é apenas a mamadeira
Mama até entalar
Entaladinha a danada quer mais

Amanda larida
pensa no caju
no caju que não há mais
mesmo que a noite venha


A avó, coitada,
olha com olhos malhos
toda a fome que a neta
trás de muitos anos
Amanda larida
tem um faro mil
sabe de antemão
quando é remédio
e cerra os dentinhos

O riso desbragado
é para o tio Thiago
que somente ele
sabe o segredo de fazê-la rir
mesmo quando está com fome.

Do livro Poéticas Menores & Poemas Controversos (1981-1990)

Nenhum comentário: