Tristezas


Tristinho
É de Vinícius
(de Morais)

Tristão
De Ataíde
Sem falar
Em Manuel
(de Barros do Pantanal)...

Distinção


Tudo era distinto.
Um diferenciava do outro,
um detalhe distinguia deste,
embora andassem juntos, anjos e diabos

Isso mexia com as nossas cabeças, mas
anjos eram anjos e diabos, ora, eram diabos

Do Sonho ao Pesadelo


Quem sonhou? – eu sonhei – que o Brasil, um dia, iria se superar
Sonhei    com todos – brancos e pretos – dando as mãos
Sonhei que não tinha pobres, extremamente pobres, pedindo esmolas
Sonhei que seriamos irmãos de nossos irmãos, solidários e fraternos
Sonhei, bom que se diga, não custa nada sonhar, mas agora acordei
E vejo o Brasil vivo dentro de um pesadelo.

Água


Água de se beber aqui
Vem do rio Cuiabá
Esse maravilhoso rio
Que nos abastece
Além d’água
De peixe e paisagem

A água cuiabana
É doce, gostosa, histórica
E brota de geração
Em geração matando a sede
De todos cuiabanos e paus-rodados

O peixe do Cuiabá
É frito, ensopado
De histórias de pescarias
E pessoas comem que comem
Até lamber os beiços

Voz Interior


Qual é o limite de olhar para fora de si mesmo?
Quem consegue ver além, do além-mar Pantanal?
Quando se sai do simples olhar para além do mar
O pensamento, o existir, passa ser outra dimensão

O olhar de olhar fora de si é para dentro de nós
O olhar para si mesmo nos faz ver a verdade
-"Nós somos a verdade desconhecida", diz a voz...
A voz que procuramos esquecer e não ouvir

Motivos Vivos


Para se morrer
há que se precisar
que se esteja vivo, lógico

A morte esquecida
jamais aconteceu
jamais acontecerá
A morte é lembrada
dia e horas estabelecidos

Foi a chuva, a pneumonia,
foi o coração que infartou
foi o dente, o copo d'água
foi o avião, o facão, o cão

Foi a falta de amor, a solidão
foi a lembrança doída, a saudade
foi a membrama que desgrudou
foi o olho que piscou, o cisco

Tempos e Temperos


Tinha tempo...
Havia um tempo
O sabor na ponta da língua
O paladar
A água na boca
Boca aberta
Queixo caído

Vox do tempo


Havia um tempo
- e    o tempo sempre há –
de ser eterno
sem que precisasse
ouvir a voz própria
do tempo... No templo.

Não temos mais Fidel Castro


Não temos mais Fidel, em carne
Mas Fidel vive latente em toda Cuba
Em toda América Latina

Nos corações dos povos oprimidos,
Que um dia serão livres, libertados
De todas as dores e amarras, vive Fidel

Retrovisor


Não vou, nem venho
Sigo em frente,
Olhando de quando em vez,
Pelo retrovisor.