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Pingos


A chuva molha
Molhado de chuva
Vejo os pingos brilhantes.

Pedaço de mim

Eu tenho um pedaço de mim
Guardado a sete chaves
Dentro doutro eu.

Vou sair de nossas vidas


Sairei de nossas vidas
pela janela, sem abrir portas,
sem destrancar o coração
ou soluço guardado a 7 chaves

Sairei devagar, vagarinho
sem ruído ou baixar a guarda
em querer arrumar a cômoda
não dar trabalho pra empregada

Choro, Marisa Letícia

Choro, Marisa Letícia, choro, que minha vida é chorar
Choro pela pandorga que sobe, a linha arrebenta
corro atrás, mas não alcanço
Choro pelo pão com manteiga que cai no chão
Choro pelo menino que morre no Rio Cuiabá
Choro pelo cão atropelado na BR 163 em Mato Grosso
Choro pelo meu irmão, irmã, pela minha dor
Não haveria de chorar por quem me amou?
Mesmo não me vendo, nem me conhecendo
Apenas sabendo que existia e precisava desse amor.

Eu Sou Cuiabá

Eu sou João
Eu sou filho de Dona Josefa
Eu sou Mixto
Eu sou Botafogo
Eu sou corintiano
Eu sou grosso, ruim de bola
Eu sou MST
Eu sou MTST
Eu sou UFMT
Eu sou cuiabano
Eu sou SindJor
Eu Sou Sindicato
Eu sou mordido
Eu sou fedorento
Eu sou fedido
Eu sou fudido
Eu sou pontual, quando não atraso

Faça!

Quando não puder fazer bem feito, com carinho, esmero; faça sem cerimônia, nas coxas, empurrando com a barriga, mas não deixe de fazer. O malfeito pode ser consertado, arrumado, até mesmo ser refeito. Mas se aquilo que sabíamos que tinha que ser feito e deixamos para trás, por falsas alegações; esperar as condições ideais (que no íntimo sabíamos que nunca chegariam) é imperdoável. Pois ninguém, alguém ou qualquer pessoa, jamais irá consertar, arrumar ou fazer melhorar.

Ônibus

Depois de um
vem outro,
mesmo atrasado.

À Propósito da Campanha de Combate à Esmola

Senhor, não permita
Que o prefeito Wilson Santos,
Por uma infelicidade da vida
- que a vida é cheia de vicissitudes –,
Tenha um dia de estender
A mão e pedir uma esmola

A Poesia Está Além (Segunda versão)

A poesia está além do plano mental
Além da matéria, das artérias
Dos canais, dos sinais
Do plano do planalto
Além das montanhas, das estrelas
Das galáxias, das miríades cósmicas

Além da onde a vista alcança a olho nu
Ou com binóculos
Computadores
Além, além da visão digital
Desmaterializada nos confins da internet
Das correntes magnéticas

A poesia está além do papel
Do plano do papel
Do livro encadernado
Plano de pouso da poeira em bibliotecas
Dos embustes das palavras

Quem é o Pai desta Criança?

[Pecinha de teatro em ato de um minuto]


–    Toma que o Valdomiro é seu!
–    Não! O Val é seu!
–    Não! O Do é    seu!
–    Não! O Mi é seu!
–    Não! O Ro é seu!
–    Não! É tudo do José Dirceu!
–    O Valdomiro, ora, era amigo.
Não importa se de quem, se era de todos!
–    Todos, vírgula. Não indiquei ninguém.
Quem indicou foi o Bispo.
Quem nomeou foi o governador.
–    Na, ne, ni, na, não, quem indicou
–    Foi PT, foi o PV, o PP...
–    Foi o PTB, o PFL, o PPS...
–    Foi o PMDB, o PSDB, foi a PQP...
Falando baixo para a platéia:
–    Não espalha, agora ninguém quer o Valdomiro,
mas a criança é de quem largar primeiro.
–    Mirinho apareceu lá em casa,
não sei de onde veio.
–    Mirinho, que intimidade...
–    Pois é, vi ele no quintal colhendo frutas,
frutos de seu trabalho, jamais imaginei...
–    Nem eu!
–    Muito menos eu!
–    Nem o José Dirceu...
–    Era era amigo, solícito,
cheio de habilidades, competente,
jeitoso, rapaz fino,
de uma discrição ímpar,
uma verdadeira obra-prima,
quem poderia imaginar...
–    Jamais imaginei...
–    Mas, o Valdomiro é seu!
–    Não! Fui enganado, fui claro.
Não sabia, me apunhalou pelas costas,
além do mais, o Valdomiro é do Bispo.
Se voltando para o Bispo: – Segura essa.
–    Seguro, mas cadê o meu?
–    O seu vem depois!
–    Depois, quando?
Se o Valdomiro é seu!
Eu quero pra ontem!
–    Não seja precipitado.
Vamos devagar com o andor
que o santo é de barro...
–    Ah! ah! ah! Que é de barro,
pode ter certeza,
você não vai querer ensinar
o padre-nosso ao vigário
–    Da missa inteira você não sabe o terço...
–    Responda depressa:
CPI nos dos outros é refresco?
–    Para com brincadeiras,
estamos falando coisa séria...
–    Então não me venha com misérias.
Eu quero o meu!
–    O seu está com o Valdomiro...
–    Não! o Valdomiro é seu!
–    Não! O Val é seu!
–    Não! O Do é seu!
–    Não! O Mi é seu!
–    Não! O Ro é seu!
–    Não! É tudo do José Dirceu!
–  Cadê o Roberto Jefferson?
Todos:
 Gato comeu!

21/02/2004

O natal vem vindo devagar, vagamente

O natal vem vindo devagar, vagamente
Chega, depois de doze meses, no natal...
-Sempre, no natal

Meu desejo é que o natal se instale
Em nossos corações e permaneça
Com seu sentido pleno, completo
Desde o nascimento do Menino Jesus

Meu desejo, meus amigos,
É que espírito de natal nos domine
De hoje até o final da galáxia
Quando finalmente começa
O outro amanhecer...

Botafoguense


Agora que o Botafogo
Está na liderança
Guardo no canto do armário
Como criança
O velho boné desbotado
Até que possa
Brilhar solitário.

O Amor é Assim

Não posso prometer
Aquilo que não posso dar
Mas juro tentar fazer nascer
O amor pra quem precisa se doar

O amor é assim
Às vezes nasce sem querer
Fica de plantão
Plantado no peito amador

Homens Trabalhando

Homens trabalhando alteram as calçadas
Homens trabalhando modificam as paisagens
Homens trabalhando transformam as cidades
Homens trabalhando cumprem seus papeis

Homens trabalhando reformam a alma
De quem vê a cidade em transformação
Homens trabalhando a cidade amanhecem diferentes


Quem é o Dono do Pó?

De quem é o pó?
Não o pó do qual viemos
E algum dia ao qual voltaremos,
Mas o pó de Minas.

De Minas, mas não o pó
Das montanhas de Minas
Decantadas por Drummond
Que permanecem em versos