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Os Mortos Levem


Que os mortos enterrem seus mortos”
(Mateus 8:22 e Lucas 9:60)

Estamos mortos
Que assim seja
Seguimos procurando a vida

Que nossos mortos
Nos enterrem
E possamos ressuscitar para a vida

Que os mortos
Não nos sejam leves
E possamos encontrar a vida

Ninguém Deve Morrer


Ninguém deve morrer
Antes do dia
Nem antes do amanhã
Que ainda esta por vir
Com as flores, a luz
Os raios do sol...

Preguiça

Esta hora do dia,
depois do almoço,
jamais deveria existir

A preguiça,
essa bondosa preguiça,
bate na gente e a vontade
de não fazer nada
se aprofunda no coração...

Numa Cuiabá de antigamente,
bem antes de todos
os paulistas modernos chegarem,
os cuiabanos de Diamantino,
os cuiabanos de Livramento e Poconé,
e os cuiabanos de Várzea Grande,
depois do almoço, se recolhiam
em suas casas e nada, nada de nada,
se movimentava na face da Terra...
– Nem as lixeiras se atreviam
a contrariar o tempo

Aqui no Escritório


Estou aqui, neste escritório,
em frente ao computador
escrevendo este poema
e logo estará publicado na internet

Aquele outro, que seria escrito
para a posse de Luís Inácio Lula da Silva,
em primeiro de janeiro, ficou na vontade
não se realizou, não madurou, se perdeu, enfim...

Minha Poesia

Falando francamente:
sou um fraco trovador
             franco atirador
cuja troca tem um quê
de métrica desmedida
e diz e nem a fala
se manifesta na língua

Minha poesia não usa símbolos
metáforas, anáforas
Minha poesia é sem vestidos
segredos, medos, enredos
Minha poesia não tem presas
preconceituais ou amarras...

Inteira

Não há poesia sozinha
Poesia só sua; só minha
Não há poesia daninha
Poesia erva...

Não há poesia serva
Poesia sobremesa
Não há poesia meio...
Meia poesia

Meio tanto estética
Outro nem tanto
Veio meio a meio

Cuiabanos

Quem nasce aqui é cuiabano
Cuiabano, sem defeito de fabricação,
gosta de peixe, mojica de pintado
pirão e pimenta malagueta

Quem nasce aqui é cuiabano...
Sem querer defender a raça
as moças são modernas
as mulheres são bonitas
e sob o sol a pele morena
desperta desejos etéreos

Quem nasce aqui é cuiabano...
Sem falsa modéstia,
cultiva a gostosa preguiça
de – depois do almoço –
dormir na rede
à sombra dos mangueirais

Vamos Festejar o Natal

A Adir Sodré


Vamos festejar o Natal, meninada
Do Menino Jesus em Cuiabá
Veio andando, veio de madrugada
Veio sem fazer alarde, aqui está

Vamos festejar com o Menino...
– Não precisa tocar os sinos
Será uma festa simples, pouca
E vai durar a vida toda; não mais

Recito Enquanto Leio

O final de semana
começa no sábado,
quando termina o domingo
principia a segunda-feira

Dá-se início a tudo que não finaliza
e mesmo que outros e outros sábados
sábados, sábados e sábados
venham, amanheçam
e terminem como as noites e dias

22 de Abril

Quando Cabral
Pedro Álvares Cabral –
Achou que descobriu
O Brasil
Já existia
Embora
Com outro nome
Falado
Pelos poros
Dos povos/poetas
Que aqui viviam.

Nada Passará em Branco

Nada passará em branco
Tudo que podemos imaginar,
dentro e fora do Universo,
origina-se dum sentido único...

O que vai ou vem,
como um pêndulo,
nas nossas vidas,
provem de um só Criador

Homens de Bem

Mesmo acompanhados
os homens de bem
jamais deveriam
sair de casa para trabalhar

Os homens de bem
deveriam ficar
para levar os filhos à escola,
fazer comida,
passar roupa,
limpar a casa e
depois do almoço descansar...
Ninguém é de ferro

Assombrações

Havia um tempo
Tempo de ter
Que em Cuiabá
Assombração aparecia
Pra quase todo mundo

Hoje em dia
Quase ninguém vê assombração

Somos iguais?

Ah! Se fôssemos perfeitos
Não estaríamos aqui
Como os não-eleitos

Se perfeitos fôssemos
Estaríamos noutro plano
Corpo, matéria desfeitos

Enquanto Viver eu Vou

Enquanto viver
vou viver em paz
e segurar meu caminho

Enquanto aprender
vou andar só
para aprender melhor

Depois da partida,
desta para outra vida,
se a outra vida
me quiser eu vou...

O Brasil Está na Copa

O Brasil está na Copa
nossos problemas acabaram
FHC discursa na TV
e simula a rede de proteção social

O Brasil está na Copa
o desemprego, ora,
o desemprego que se dane

Eu Vi Um Homem Sonhando

Eu vi um homem
no ponto de ônibus
de uma cidade
no interior de nós

O homem era azul
o ônibus esperado
não tinha cor ou idade
estava dentro de nós

O azul do homem
não era da cor do céu
nem o verde das matas
que mora entre nós