Mestre Bolinha e seu sax cuiabano





><>O Mestre Bolinha partiu hoje para a Pátria Espiritual. Que os seus Guias Espirituais possam recebê-lo e ampará-lo neste momento de transição.

Agora estamos sem Bolinha, o Sax de Ouro do Rasqueado Cuiabano

O verdadeiro ícone do Rasqueado Cuiabano

Este repórter com o Mestre Bolinha - Foto: Lenine Martins
Por João Bosquo | “João Batista de Jesus é o nome mais bonito” quem afirma é o titular, proprietário do nome, conhecido também como Mestre Bolinha, que solta uma sonora gargalhada ao dizer isso, para depois completar “João Batista Jesus da Silva. Eu nasci no dia da alegria, às 8 horas da noite, quando levantavam o mastro na casa de Dona Maria de Ferraz”. Era festa de São João, uma das mais tradicionais da antiga Rua da Fé, atual Comandante Costa.

A música está na raiz, ou mais modernamente no ‘gene’. Filho do lendário Mestre Albertino, músico primeiro sargento do antigo 16 BC, formador de bandas e descobridor de talentos, além de compositor e de Dona Enedina Fernandes da Silva. Bolinha é herdeiro dessa cepa e hoje, aos 74 anos, pode-se ser considerado um dos maiores saxofonistas mato-grossenses e também faz parte da história da música regional.

O primeiro contato foi com a percussão, com o pai, mas depois foi estudar na antiga Escola Agrícola de São Vicente, atual Centro Federal de Educação Tecnológica de São Vicente (Cefet), porque o pai não ganhava muito como sargento do Exército. Pois bem, perto da reforma, o pai Albertino começou a trabalhar na Escola e formou a primeira banda de música. Nessa primeira banda o jovem Bolinha começa aprender a tocar o sax alto.

Viagem sem Bagagem: Volta

O bom de viajar
sem bagagem é que,
no transcurso da viagem,
vai se pensando
em milhões de coisas
que se tem pra pensar
pra dizer pro amor
que partiu sem se despedir
e um dia achou de voltar.

Noves fora, o poema

Tira um, noves fora,
o poema se completa
quando a cidade amanhece.

A cidade não sabe
de nenhuma contabilidade poética...
Alguns de seus habitantes talvez.

O poema se ninguém lê
não se tortura, permanece escrito
nas páginas dos livros da biblioteca.

Viagem sem Bagagem: Ida

O bom de viajar
sem bagagem é que
– durante a viagem –
vai se pensando
em tudo, quase tudo,
em até fazer poesia 
macia
sobre a paisagem
(nem tão estética)
cheia de moças
vista da janela do ônibus
rumo à universidade.

Descaminhos

O poema feito com precisão
de um segundo,
quando embargava no ônibus,
não explodiu
e se perdeu na trilha
entre a intuição e o papel.

Troça

– "A poesia, por menor que seja, é imodesta!"
Poderia dizer Mário de Andrade
parodiando Caetano Veloso.

Mapa Guia

A poesia é calma
Embora sem valor
tem sentido, rumo
e guia o poeta
de mãos dadas
neste e noutros poemas.

Bolsa de Valores

O Pantanal da poesia
de Manuel de Barros
tem outro valor – valor literário –
e não se negocia nas bolsas de valores...

– Ainda assim não despenca.

Inverno


A poesia mesmo com frio
sente calma ao exalar do vento
por entre trilhas do rio Pantanal.

O frio em Mato Grosso
não vence as queimadas...

Do Entardecer


Ao entardecer de nossa lida
A poesia assume um novo tom
Às vezes nem tão poético
Esquecida de novos
E velhos compromissos.




Do Ar e da Terra

Do ar, sabe-se, respira a poesia
Não a poesia concreta
que salta do asfalto
porém a tênue poesia
que muito das vezes se perde
em teorias tolas que provocam
mas não provam da essência...

Do Amanhecer

A poesia, quando o sol nasce
no início do dia
ou nos derradeiros dias
de nossas vidas,
nasce com alegria