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O Espírito de Natal chega no dia de Natal

O espírito de Natal chega perto da data de Natal
E se instala dentro da gente, mesmo sem querer,
E ficamos meio, como que bobos, desejando
A todos, independente de quem, Feliz Natal

Feliz Natal!, grita nosso coração, lá do fundo,
Para todas as pessoas deste imenso mundo
Que mal sabemos quantos bilhões somam
E, talvez por isso, pra todos sorrimos contentes


Feliz porque o espírito natalino prospera
Pelo nascimento do Menino que nos espera
Com sentimento Divino que prometera...

Feliz Natal... É puro desejo que todos sentem
E por isso pedimos que ele permaneça, enfim,
Fincado perene dentro de nós pela vida eterna.


23/12/2010

Quando Estive na Espanha com João Cabral

Quando, num sonho, viajei pela Espanha
para conhecer João Cabral de Melo Neto,
poeta Pernambuco, Severino, Recife,
constatei que o sonho era coisa estranha

Estranhei que as parlendas espanholas
não tinham rimas, nem quebra-línguas,
menos ainda histórias de toureiros
em arenas sangrentas de saciar gritos

Eufóricos gritos da plateia inusitada
queriam a poesia e o poeta cabralinos
para um fim de tarde inesperado...

Tudo no sonho, bom que se diga, vale
como enredo de um poema bem dito
todavia não consegue se fixar no papel.    

Poema Roubado

Um dia, sempre, fiz um poema roubado
Fixo em esclarecer: não sou nenhum
Drummond de Andrade ou Manuel Bandeira
E nunca fui ao Porto de Fernando Pessoa

O poema roubado ou furtado não é crime
É bom deixar consignado ao desatento
Leitor, qual possa pensar em perdas, danos
Ao sistema literário local ou intermunicipal

Os poetas amigos – nunca cito nomes –
São cúmplices de alguns bons momentos
Desses atos, contudo, não resultaram B.Os.

Do poema roubado não resta vírgula sequer
Perdeu-se, como se perde o contato com a musa
Que se esqueceu de enviar novas poéticas receitas.

10/10/2013

Bom Dia de Fernando Pessoa

Fernando Pessoa diz: bom dia!
Em um poema de alta periculosidade
Sem medo de ser identificado
Como poeta português

Tudo que podemos somar
Dois e dois, remar rio abaixo
Descer às profundezas do Pantanal
Vem da herança lusitana...

Bom dia! Responde o leitor
De outro lado do continente
E sorridente olha para fora

Da órbita terrestre e vê o dia
Que se agiganta como um sol
E brilha infinito como uma estrela.


#ImitaçõesDeSoneto

Reciclagem Poética

Velhos poetas, cabeças brancas, recitam
As poesias e poemas se reverenciam...
Andar pela memória é um caminhar pedregoso
Se ela, pois, revela as antigas hesitações

Velhos, claro, não hesitam tanto quanto jovens
Quando na mocidade. Quais rimas, quais versos
Amarguravam os agora cansados de trovas
Para fechar, quem sabe, um poema amante?

Camisa Nove

O camisa nove se despede com elos perdidos...
Os lances não se materializaram
Nenhum gol tornou as jogadas perfeitas,
embora necessário, faltou um arremate

O camisa nove se despende com gols lembrados
Memoráveis gols decisivos, históricos, até,
E estão guardados em videoteipes torcedores
Como são -uma não metáfora- cenas digitais

O camisa nove se despede com a camisa amarela
Solene camisa canarinho de vários intérpretes
Os quais, mesmo ausentes, deixaram suas marcas

A camisa nove é mais que perfeita, como um soneto,
Apenas a forma de si mesma, o que importa contudo,
Além dos gols, é o caráter, a honra, a essência em si.

Olhares e Horário


Os olhares de olhar passantes

Primeiros passageiros

que buscam chegar no horário

antes que o portão se feche,

o ônibus parta,

o avião levante voo...



Os pássaros desatentos,

a tudo de nós-outros,

pousam alegremente

em busca da lagartixa distraída

e saiu para namorar fora do horário...



O horário é engraçado

Ele não tem o mesmo valor ou sentido

para nós outros habitantes do planeta.

#ImitaçõesDeSoneto

Poesia Curta Metragem

Minha poesia é curta,

pouca inteligência à mostra,

poucos centímetros de um decassílabo

e sobrevive apenas uma década



A sobrevida dos versos,

no papel ecológico,

é menor ainda que na web

escritos na memória

A) do computador aposentado

B) no notebook esquecido

C) no desktop reformatado



Pois Zé, a poesia não parte...

Cuiabá!, diz o poeta Silva Freire!

É a rima que se parte em sons.

Curitiba, 13.10.11
(Revisada)

#ImitaçõesDeSoneto

Mãos ao alto III

Mas não são apenas esses dois: o jornalista,
O dentista, entre outros terminados em “istas”
– Que é cumprida a lista dos artistas – que se dizem
Profissionais sérios, mas não suportam uma revista

Mais atenta, com uma lupa, em detalhes da sua vida
No dia-a-dia, passam perna (aquela passada de perna
Sem nenhuma maldade) no amigo, no colega e cliente
Ou o melhor de todos, no patrão, que se faz de bobo,

Mas de bobo não tem nada, e deixa seus empregados
Fazerem bico no local de trabalho para compensar...
Para compensar, sabemos, a falta de um salário digno

Para ninguém precisar de dois empregos: é correto?

Mãos ao alto II

Mas, presta’tenção: o industrial a lesar no peso,
surrupia os impostos, fica inadimplente
Com o INSS, não recolhe o FGTS, é honesto?
O profissional médico, na fila do SUS,

Nem olha a cara do paciente e receita fácil
O remédio barato enquanto o de alto custo
Fica para aqueles que o visita no consultório
e compensar o preço da consulta: é correto?

O professor, da rede pública, que preguiçoso,
Faz de conta que ensina porque, segundo ele,
O salário que o estado lhe paga não vale nada.

Enquanto na rede privada se desdobra por menos...
Muito menos, e chega lamber as botas do patrão
E, entretanto, enche a boca pra se dizer: trabalhador...

(continua...)

De Alianças e Vaias


para João ‘Semente’ Negrão

Vejo alianças nas mãos das jovens médicas que vaiam
velhos médicos cubanos pretos como nós brasileiros
netos dos exilados da África em navios através dos mares
rumo aos berços de todas as nações das quais pertencemos....

Não quero, porém, falar de negros, navios ou exílios tristes
mas, sim das alianças nas mãos das médicas que vaiam colegas:
Ao ver as fotos, que prenunciam que as jovens podem ser mães,
e me pergunto, pois perguntar é meu ofício: que sentimentos,

Que sentimentos guadarão os filhos dessas jovens médicas
ao verem, como aqui hoje vejo, as fotos das mães, eivadas de ódio,
vaiando pessoas, seres humanos, colegas? Por que, mãe?

Ou, inicia-se um trabalho, trabalho árduo de queimar os arquivos,
esconder essa vergonha para que filhos e netos jamais possam
ver tal delito e não ter como perguntar por que praticou infame ato?

29/08/2013

Mãos ao alto I

“Mãos ao alto, isto é um assalto”
Diz o bandido com trêsoitão na mão...
- Tem horas, parece, que o assaltante
É um único profissional honesto

Neste mundo que a gente conhece
O batedor de carteira, veja agora,
Não é tão honesto, embora cause
Menos medo na vítima e nem sente

Quando o bolso está sendo “aliviado”
A sociedade, repara, está cheia, indignada
Com a onda de assaltos, roubos, furtos

Dos profissionais do ramo às pessoas de bem
Que dizem que pagam os impostos, vão a igreja
Cumprem suas obrigações de cidadãos fiéis

(continua...)

Macacos Natos


Somos macacos natos.
Somos iguais a símios.
Somos meio sem pelos.

Se é para não sermos
Teremos que não tê-los
Dentro, em meio a nós...
Somos macacos mistos
Meio gen, meio cult,
Meio ne, meio bran,
Meio gro, meio cor.

Somos macacos belos
Meio lá, meio cá,
África e Brasil,
Argentina também.


2005

A Camisa e o Abraço de Aline Romio II

Tem uma camisa que nos lembra
os abraços de Aline Romio...
O abraço é uma ação que nos faz sentir
que não somos partículas sozinhas

Vagar no universo que não se explica
particularmente a esperança permanece
enquanto os olhos equacionam
o aquele abraço que Cuiabá sente

Quando veste uma velha camisa
embora sem data natalícia, se faz feliz
como deve ser todos os abraços...

O abraço verde segura, por exemplo,
num infinitésimo milésimo de segundo,
a eterna expansão do universo infinito.

A Camisa e o Abraço de Aline Romio I

Tem uma camisa que me faz lembrar
o abraço de Aline Romio...
O abraço é uma ação que nos faz sentir
que não estamos sozinhos...

O Universo se expande
o abraço, contudo, permite
segurar a expansão dos limites

O abraço que se sente saudade
quando veste a velha camisa
embora sem estampa, é alegre
como deve ser todos os abraços...

O abraço não deixa
Que o universo dentro de nós
Exploda em novas explosões.

Falar Poema é Coisa Simples

Falar alguma coisa ou poema
não falar coisa alguma – fonema –,
faz o mesmo sentido ao tema?

Temer a letra oclusiva, combinada
com outra letra vogal ou seminua
no recinto fonético da sala
é próprio dos alfabetos escritos...

Quase no Fim da Curva


Quase no fim da curva
Como que enxergando
O fim da linha demarcada
Sinto que nada foi gratuito

Tudo, tudo de tudo, tem um porquê
Uma razão de ser – seremos
Um e outro entrelaçados
Até aprendermos o amor
O sentido de amar
Como é por que serenos

Tudo e nada tem o mesmo valor
O mesmo sentido, um segundo
Num voltar do ponteiro
Ao ponto da partida final.



2011

#ImitaçõesDeSoneto

Não Digo mais Verdades

Não digo mais verdades
Digo apenas sabores
Entre o azedo do cajá
E o tênue tom chocolate

A verdade, ninguém sabe,
Consegue imaginar
Ou fazer uma fotografia
Antes do nosso anoitecer

Os sabores estão prontos
Incrustados na língua
Entre lábios que articulamos

Os sabores, sinceros,
São permanentes
Melhor que a dita verdade.



25.04.13
#ImitaçõesDeSoneto

Somos Quem Somos


Quem se lembrará de um dia como hoje
De um período como o nosso ainda
Em que todos se dizem que não sabiam
E da responsabilidade... Ah!, como fogem

Quem, num futuro distante, abrirá o livro
E vai ler que tudo não passou de reflexo
De nós mesmos na realidade semiacabada
Enquanto somos nós mesmos, meio vivos

Meio mortos, meio sem pé e sem cabeça
Não é, portanto, o Congresso, a Câmara
Os seus integrantes, nossos representantes

Somos nós – letrados ou não letrados –
Ao fingimos de esquecidos e tentar esquecer
Que somos apenas nós neste período, hoje.

#ImitaçõesDeSoneto

Assim Caminha...

O Brasil era Estados Unidos do Brazil
Agora somos República Federativa
A cidadania nem por isso ficou mais ativa
Os gestores menos corruptos e espertos...

O antigo Primário, o antigo Ginasial...
Estudei em todos eles e mudaram de nomes
Terminei, pois, o Segundo Grau
Professores, por hora são educadores
Como motorista passou a condutor
Mas um não educa, nem outro conduz

Mudam-se as nomenclaturas das instituições
Das coisas, dos objetos, das profissões...
O caráter Macunaíma, coitado, perpetua
No faz de conta e somos politicamente corretos.