Quando olho Cuiabá, como um
mosaico, Vejo
sempre a mesma paisagem E
essa paisagem não se dissolve Mesmo
que os anos e anos se passem E,
embora velhinho, essa fotografia Permanece
grudada em minhas retinas
Cuiabá,
grudada Feito foto
nas minhas retinas, Não
se dissolve.
Vejo alianças nas mãos das jovens médicas que vaiam Velhos médicos cubanos pretos como nós brasileiros Netos dos exilados da África em navios através dos mares Rumo aos berços de todas as nações das quais pertencemos...
Não quero, porém, falar de negros, navios ou exílios tristes Mas, sim das alianças nas mãos das médicas que vaiam colegas: Ao ver as fotos, que prenunciam que as jovens podem ser mães, E me pergunto, pois perguntar é meu ofício: que sentimentos,
Jesus, meu bom Jesus, me disse no meu ouvido de forma carinhosa, sussurrando para que sou eu escutasse: – Não se renda, Poeta, não esqueça de seus sentimentos, por favor não se renda à grande máquina e, fundamental, não esqueça de seus irmãos abandonados à própria sorte, sem teto, nas calçadas, sem uma mão amiga pra prestar o mais simples dos mais simples consolos que é o homem poder dar mão a outro homem.
No próximo dia 10 de dezembro, estarei entre às 19 e 21h na Livraria Janina, do Shopping Pantanal, autografando o livro "Seleta Cuiabana - 50 poemas que falam Cuiabá", uma compilação de poemas escritos nas últimas 3,5 décadas.