Vou sair de nossas vidas


Sairei de nossas vidas
pela janela, sem abrir portas,
sem destrancar o coração
ou soluço guardado a 7 chaves

Sairei devagar, vagarinho
sem ruído ou baixar a guarda
em querer arrumar a cômoda
não dar trabalho pra empregada

A fome


A fome não é em todos

A fome é solitária

Quem sente fome

     sente sozinho...



A solidão da fome

a solidão na fome



A fome dói

       rói

       só mata

Numa Rua Nua


Numa rua nua
estreita e torta
como cuiabana
vê-se uma criança
triste natimorta
sorrindo carinhosa
implorando misericórdia

Esta e outras coisas que publiquei no Facebook: Ceifar vidas

Engraçado isso: Ceifa Vidas. De repente, não mais que de repente, descobriu-se que a "corrupção" ceifa vidas, mas ninguém consegue provar como, né mesmo.
Só fala, como uma frase da moda: ceifa vidas.

Esse ceifar vidas da corrupção, aviso está para mim no mesmo nível do erro médico. Quando vc diz não deveríamos aceitar homens públicos corruptos dá a impressão que todos são corruptos e que só os brasileiros o são. E não é verdade, né. O Iraque - o exemplo mais veemente da corrupção americana - está aí. E tantos outros exemplos - como vemos em filmes - da corrução do sistema americano, mas não vemos os americanos vexados por isso, como nós.

Meio a Meio


Enquanto estiver meio lúcido
não me farão de bobo
Enquanto estiver meio calmo
não vão me fazer de besta
Enquanto estiver meio bêbado
não vou me deixar fazer trouxa

Maria Gildetti


maria gildetti

com sua boca torta

seu sorriso torto

reclama

- como reclama -

do sapato na lama



maria gildetti

conversa pessimista

doente do pé

ruim da vista

dor nos rins

pressão baixa



mas maria gildetti

na briga, castiga

a inimiga

ajuda

que adula a amiga

Sob Efeito de Ron Merino

Amo-te, menina, amo-te
Esse amor me dói tanto
Esse amor é uma doença
Que dói como encanto

Amo-te, mesmo mentindo, amo-te
porque esse amor é crença
como o ateu que não acredita,
mas é temente a Deus

Amo-te, menina, amo-te,
mas desse meu amor
tenho vago pressentimento
não existe sem firmamento

#Poema

(Usuário da Poesia,
não se exceda,
cerre o livro
consuma
um pouco de prosa.)

Poeta Futuro

Sou um poeta futuro
Escrevo claro no escuro
Não tenho medo
Do que procuro.

Caieira

Uai, uá, aiuê! mais um!
Vai morrer mais um
Nessa pedra branca cal
Nessa vida alimentada a cal
Cal nosso de cada dia
Fins de nossos fins

Cal branco, branca poeira
Nuvem maléfica a fio
Deixa o pássaro sem pio
Deixa a vida sem mais um

Menos um, menos dois, menos três
Menos vida, menos sol, menos rio
Só, somente a cal a simplificar

Cal do demo, do anjo mau, capeta incorporado
Cal da peste braba, da fúria cega, moléstia malsã
Cal malfeitor, feitiço malfazejo derramado
Do santo graal
                       Nas nossas veias
                                                  Desmanchando
Nossas entranhas
                            Desbotando nosso sangue.

As Metáforas

As metáforas imortais
me guiam, me levam
pelos caminhos do amor
pelo ar, a voar, com ardor

Me levam por aí
até chegar aqui, mesmo lugar
de onde um dia partir
para nunca mais voltar

Me trazem recordações
de um tempo sem sentir
mas ferem, como viver
fosse sempre e é preciso

A Poesia do Mato


A minha poesia de Mato Grosso
é discursiva
Canta as musas translúcidas
dos rios emaranhados
das cascatas cristalinas
dos pingos nas pétalas
de flores lúcidas

A minha poesia de Mato Grosso
é anacrônica
diatômica, cômica
não tem nada da realidade
que pulsa nos matagais
nos cerrados, nos pantanais
dos temporais

Avesso


Este poema não tem glúten
Nem uma tela de HDTV
As imagens e metáforas
Estão fora de sintonia

Este poema germina
Mas nem sempre
Como (c)obra em movimento

Minha poesia não tem goleiro
Ela recusa se defender
De qualquer ataque frontal ou lateral