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Vanguarda

Qual é a saída pra vanguarda?

Qual a saída pra crise, pela vanguarda?

A vanguarda está em crise

Ou a crise não afeta a vanguarda?



O que é ser vanguarda?

Sou fã ou fui guarda?

A vanguarda vem de avião?

Ônibus? De van?

Vem pelo correio

Ou pelos fios da internet?

Poema da Desencarnação

Quando chegamos a bom porto, Cuiabá, Chapada, Pantanal
O barco sempre solícito para nossa partida e as palavras,
Às vezes vorazes, escassas em outros dados momentos,
Sucumbem ao novo cenário que não estava na lembrança

As lembranças imediatas são as vielas, ruas e becos.
Da antiga capital cidade verde que morre ao pôr do sol
E que nos remete para outra certeza de amanhecer
Fora e dentro de todos os seres habitantes amáveis...

Virtudes Intrínsecas

Uma das virtudes intrínsecas da poesia é descascar abacaxi
Não precisa ser pérola, pode ser abacaxi selvagem
A poesia descasca com a mesma simplicidade d’uma uva
e o azedo do abacaxi selvagem ilumina o outro sabor

Uma das virtudes do abacaxi sereno é enganar pessoas,
quando se passeia pela feira a procura duma fruta doce...
Ele não tem cara de fruta doce e doce não é quando azedo
O desafio é descascar e descobrir se precisa de açúcar

Quando Anoitece


Quando tudo começa anoitecer
algumas coisas simples acontecem...
Simples porque é da natureza
e elas se realizam quando adormecem

A cidade, quando anoitece,
começa exercitar noutra dimensão
outro parâmetro, outra média visão
e os gatos voltam a se empardecer

Café do Ano Novo

Estou aqui. Bebi o café quente do ano novo,
lembrei-me de pessoas e dum livro de poemas lidos
quando queria ficar triste, mas alegre permaneci
olhando para fora da janela do próprio tempo

Contar o tempo quando se vê no espelho do banheiro,
ao fazer barba de pelos brancos, é obrigação diária
sem se exaltar, sem desespero, sem indignação vária

Além da Imaginação

Mil dias antes de te conhecer.” Chico Buarque

Quando os navios chegaram com as vidraçarias

no antigo Porto Cuiabá pra construção do Palácio

dos intendentes que governavam a província

ninguém sabia que os cristais se espatifariam



Quando o sol se pôs além do antigo oceano

que nasce nas chapadas dos ditos Guimarães

a história, nossa história, ninguém sabia narrar

além das lendas de amor dos bichos e peixes


Cuiabá entre Leds


Andar pelas ruas da Cuiabá antiga em dias modernos
já não trazem sentimentos, destarte ser cuiabano
do século antigo, também conhecido como século 20,
de como quando morador daquelas outras ruas

Cuiabá, repara, pulveriza-se entre leds, lembranças
dos velhos neons, cine poeiras e bares Atlânticos
armazéns de secos e molhados, vendas a granel

Andar pelas ruas, sem medo de atropelamento,
é sonho que não se realiza no dia a dia, pôr do sol
levantar cedo e caminhar pelo quintal de casa...

Sete Sentidos

Não importa o abrir e fechar de portas

é sábado e só nos resta o caminhar

sempre em frente é essa a direção

determinada, embora sob contrariedade



O abrir e fechar cancelas também acelera,

repara, as batidas do pobre coração,

não importa se de poeta, agricultor

ou enfermeiro recém saído da faculdade

Nada É Para Sempre

Nada é para sempre
inclusive a manga verde
que um dia ficará perpitola*
e um guri faminto
vai passar a mão

Nada é para sempre...
A manga rosa
também será saboreada
quando chegar a chuva
da temporada

Nunca Li Manuel de Barros

Depois da partida, sempre depois,
Podemos confessar e eu confesso
Que nunca li Manuel de Barros
Nunca entrei em seus livros

Sempre fiquei preambulando
Em volta dos versos e dos pós
E nunca, jamais, nas pré-coisas
Imersas nas metáforas pantaneiras...

Quando o mar Pantanal se criou
O poeta já estava de butuca
Lápis de graveto e papel borboleta...

O livro, depois, passeia pela paisagem
E a poética, sem retórica universalista,
Nada, feito peixinha, nas águas nuas.

#ImitaçõesDeSoneto

Sou Poliéster


Sou poliéster, fui Durango Kid,

sai ileso ao caminhar de Far-West

pelas antigas ruas cuiabanas



Calcei Conga, matei aulas,

furtei mangas e cajus de quintais

que jamais foram de minha casa...

Antigo Mar Chacororé

Nesta Baía de Chacororé, antigo mar,

havia – do tempo de ter – um peixe sabido

e fugia dos anzóis e tarrafas traçadas



Ele ensinava – que a vida é ensinar –

os lambaris e outros peixes menores

como se safar das armadilhas do destino

impostas pelo próprio rio Pantanal...

Da Água que Bebo


Dessa água não beberei

Depois de morto

E enterrado acima da cabeceira

Do rio que desce

Rumo ao mar Pantanal



Posso beber, não sei,

Das águas subterrâneas

Que procriam águas

As quais meu corpo líquido

Em transparência procura

Em Honra dos Josés*


O que me honra em ser brasileiro

São as pessoas que foram aquilo

Que por medo ou insegurança não fui



Seus grandes e humildes poetas

Escritores de pequenas linhas que li

Quando estudava no Colégio dos Padres



Foram os brasileiros soldados mortos

Em estranhas lutas de ódio brasileiro

Denominadas guerrilhas em florestas

E ruas de cidades claras e tempos obscuros

Drible Personalizado


São poucos os que detêm drible personalizado
E permanecer cristalizado na memória do torcedor
Até dos menos fanáticos por futebol, como eu...

A invenção do drible é maravilhosa...
E ação política de evitar a penalidade,
Sem justificativa para tal e como tal acontecia...

A bola, como o poema, precisa de um craque
O qual saiba levar a pelota pelos descaminhos
Até chegar a meta adversária e se tonar gol

Minha Poesia Dramatiza

Minha poesia dramatiza
Qualquer mudança de endereço
Mudança de tempo: vento em temporal,
Mão de rua em transformação urbana

Minha poesia se solidariza
Com o homem a passear sozinho
Viúvo guardador de lembranças
Que despedaçam o coração

Sereno

Vamos fechar nossos olhos, procurar o sereno
que se encontra nas partículas gotas da madrugada
e suavemente deitam nas gramas dos jardins,
nos telhados, como um calmo lençol à forrar...

Quando tudo serenar, ao fechar nossos olhos,
vamos olhar para dentro e ver que a alma ainda,
sendo alma, procura o ponto ideal de equilíbrio

Amanhã é Outro Dia Doutro Ano (Poema de 31 de Dezembro)

Amanhã, as mesmas horas, é outro dia, outro mês
E, sem esquecer, outro ano de nossas vidas
Com o novo ano que começa novos projetos
Outros planos de recomeçar tudo outra vez

Sem querer olhar (mas olhando) pro espelho
Do tempo que transforma moço em velho
Fatos, acontecimentos viram lembranças
Numa inexorável inevitabilidade cósmica

Pois, como nós, embora num tempo maior,
As estrelas vivas e cadentes, sóis azuis
Nuvens e galáxias inteiras envelhecem

O ano que ficou velhinho, ficou, passou
A ele soma a existência da humanidade
Sempre caminha com seus próprios passos.


><>Com este poema desejo a todos, amigos, amigas, companheiros, parentes e colegas, um feliz ano novo.

Este Natal sem Barba de Papai Noel

Este Natal, sinto, chegou primeiro
Mais depressa que os outros natais...

Será que é o Menino Jesus quem pede
Que andemos mais rápido,
Sejamos tolerantes, mais amigos,
Menos intransigentes com os outros?

Ou sou eu apenas, que velho,
Sem barba de Papai Noel, vejo o tempo
apesar dos olhos fracos - doutro jeito
E chego sentir o meu tempo esvair?...

Não! O tempo está mais ligeiro e,
Creio também, Jesus tem pressa,
De que possamos encontrar
O sentido de comemorar o natal.

#ImitaçõesDeSoneto