Vera Capilé, cuiabana graças à arte
Pescuma começou fazendo samba
MÚSICA
O artista paulista se aventurou em Cuiabá e estourou em Mato Grosso, depois de um convite singelo do então sindicalista Chico Daltro
Um bate papo, pra lá de ótimo, com o cantor, compositor, produtor e agora também apresentador de TV, Pescuma, do trio Pescuma, Henrique &Claudinho; do programa Bem Mato Grosso, das parcerias de sucesso com Bolinha, do sax cuiabano, e com o poeta Moisés Martins e autor de memoráveis sambas enredos que animaram os carnavais de rua, quando Cuiabá tinha carnaval de rua, abre um leque de alternativas para o repórter abrir o seu texto.
Poderia iniciar falando da fé e devoção do "bandeirante cuiabanizado" – no dizer de Moisés Martins – por São Benedito. Abrir com os memoráveis versos proféticos de seu primeiro samba enredo composto para o bloco e depois escola de samba "Beleza Pura", ou ainda, quando se iniciou na música, na mais tenra infância... enfim. Vamos iniciar pelo fim.
Pescuma está em tratamento de bursite no ombro esquerdo. Só quem já teve bursite sabe do que estamos falando. É uma inflamação da bolsa sinovial. Essa bolsa repleta de fluido, que fica entre as articulações do ombro, tem a função de um amortecedor entre os tendões, os ossos e a pele. Quando inflama, sai de perto.
Devido a essa bursite, para se ter ideia, com o braço direito ele consegue levantar até 9 quilos enquanto com o esquerdo mal chega a 3 kl. O médico – não poderia ser diferente – recomendou repouso absoluto. Embora consciente disso, dessa necessidade, Pescuma, ao empunhar a viola de cocho (Ah!, outra paixão por qual poderíamos optar) para a sessão de fotos, ele começa a dedilhar o instrumento e a tirar alguns acordes lembrando o rasqueado cuiabano. Risos.
Ao devolver a viola de cocho, que fica numa espécie de nicho em seu escritório na produtora Betacine, ele conta que os santos ali guardados, são dois: São Benedito e Santo Antônio do Categeró, também preto, como o nosso santo negro, presente de sua irmã quando de uma de suas visitas à Taubaté, e pensou se tratar de Benedito, o santo de devoção de Pescuma. As duas imagens convivem juntas sob o olhar de N. Sra. de Aparecida. "Também adotei como meu protetor, Santo Antônio de Categeró", explica.
Pescuma é uma das nossas principais referências quando se fala da música regional. Embora seja uma criança em termos de cuiabanidade. Tem apenas 30 anos, quando Cuiabá está prestes a completar os 300 anos de fundação. Benedito Donizete de Moraes, o Pescuma, chegou aqui, de mala e cuia, em junho de 1984, praticamente recém-formado em Comunicação, na área de Jornalismo, pela faculdade de Taubaté, no Vale do Paraíba. Essa curiosidade por Mato Grosso, pelo Centro-Oeste brasileiro teve início assim que entrou na faculdade. Todos eram unânimes quando ao fato de que o futuro do Brasil está aqui.
E Pescuma começou, ao pesquisar por meio da literatura, a se apaixonar um pouco por Mato Grosso, pelos ecossistemas do Pantanal, Cerrado, Amazônia e Araguaia. Depois de formado, o convite do amigo José Carlos Ribeiro (que já morava em Cuiabá) foi decisivo quando disse: 'Pescuma, Cuiabá tem uma vida noturna intensa e seu violão vai dar certo lá'.
"Larguei tudo e vim. Se não desse certo aqui em Cuiabá, ia subir pro Amazonas. Voltar, não". Aqui aportou em 1984.
Vamos explicar; ainda estudante, Pescuma já trabalhava na noite, como músico e cantor – voz e violão em bares. E como tal, percorreu algum trecho entre São Paulo e Rio de Janeiro. No Rio de Janeiro, em plena juventude, formou a sua primeira parceria, com Jaú, integrante da ala de compositores da Escola de Samba "Império do Morro", uma afiliada da Verde e Rosa.
Foi com Jaú que Pescuma aprendeu tudo que sabe em termos de composição de samba-enredo e chegou a disputar vários concursos e a integrar a ala de cavaquinho. Aquela que fica na área de aquecimento antes da escola entrar na avenida. Foi essa experiência que o aproximou de Chico Daltro.
Um belo dia, no bar Tucanos, na avenida do CPA, tocando o seu violão, numa mesa, e Chico Daltro, então no Sindicato dos Bancários, depois mais tarde político, deputado e vice-governador, pede licença pra sentar e papear.
É Chico quem o leva para a Unidos do Coxipó, uma escola do segundo grupo, que tinha como tema naquele ano, "Aurora da Liberdade". Fez o samba e tem os seguintes versos iniciais "Abrindo a cortina da alegria", falando da efervescência política que o Brasil vivia, sob o espírito das Diretas-Já.
Chico Daltro também o leva para o bloco Beleza Pura e Pescuma compõe o seu segundo samba-enredo, com os versos "proféticos": "Este ano ninguém me segura/ Que este ano vou sair no Beleza Pura// Beleza Pura é o Mixto campeão/ É Tancredo no Planalto/ Governando esta nação/ Beleza Pura é o nosso Pantanal/ É a nossa bateria em tempo de Carnaval". Unidos do Coxipó tirou o primeiro lugar e subiu para o primeiro grupo, enquanto o Beleza Pura venceu o primeiro carnaval na avenida.
Foram homenagens inúmeras em mais de 40 sambas enredo, mas é bom destacar o de Jejé de Oiyá, para o Imprensando Bebum, em parceria com Waldemir Félix, de Malik Didier, e Joãozinho Trinta. Pescuma conta que foi ao Rio para mostrar ao carnavalesco: "Caiu do céu feito uma estrela/ Cheio de luz e esplendor/ No dorso da razão da vida/ Fez do mundo uma avenida/Empolgante e colorida/ onde o samba é o senhor". (Edição: Enock Cavalcanti)
Mais Pescuma no link:
Pequeno Perfil Cultural
Cantor regional:(Sem resposta)
Cantor Nacional: A dupla Zezé di Camargo e Luciano e Rolando Boldrin, que faz um trabalho maravilhoso de divulgação da musica brasileira.
Legado: Pixé, com Moisés Martins, e É Bem Mato Grosso, com Ulisses Serotini.
Música que gostaria ter composta: "Casinha Branca" de Elpídio dos Santos.
Compositor: Renato Teixeira e Chico Buarque.
Poeta: Moisés Martins.
Cidade:Deus me deu três amores em forma de cidades: São Luís do Paraitinga, onde nasci, Taubaté, onde me criei e Cuiabá, onde me realizei.
O melhor de Cuiabá: Sem dúvida nenhuma, o bondoso e hospitaleiro povo cuiabano.
O que precisa melhorar: Cuidar de suas raízes, cuidando de suas futuras gerações.
PS: Quanto ao cantor regional, Pescuma pediu um tempo pra pensar. E acabou não citando ninguém.
02.04.2015
Fonte: Diário de Cuiabá
Netflixe PopCorn mudam jeito de ver TV
Até mesmo um astro da TV aberta, como o apresentador Silvio Santos, confessa sua opção pela Netflix
Silvio Santos, com seu jeitão de "empresário desprendido", semanas atrás em seu programa dominical confessou que não assiste – nem com reza 'braba'- programas da televisão aberta. Entre "kkk", o comunicador disse que agora só assiste ao Netflix e citou a minissérie sobre a "Biblia", como a sua preferida.
Para reforçar, Silvio Santo voltou a confessar, em entrevista ao programa "Muito Show" da Rede TV (Canal 47, do Maksuês Leite, em Cuiabá), a sua admiração pelo serviço.
— Eu não assisto nem o Gugu, nem o Ratinho. Eu gosto de ver Netflix — disse ele ao repórter Tiago Rocha.
Silvio saía do salão do cabeleireiro Jassa quando foi abordado pelo programa. A reportagem foi ao ar nesta segunda-feira, dia 30.
.No início do mês, Sílvio disse em seu tradicional programa de domingo, no SBT (TV Rondon, em Cuiabá), que era fã do serviço e ainda fez propaganda:
— Se você não tem Netflix na sua casa, passe a ter. A mensalidade é R$ 18,90 (na realidade, é R$ 17,90), creio eu — disse ele.
O Sílvio Santos não é o único que está chateado com a programação da TV aberta. Tanto é verdade que o número de assinantes da TV por assinatura cresceu nos últimos anos de forma exponencial e o número de operadoras é o retrato dessa realidade. Só que, as operadoras – não importa qual – também estão deixando a desejar. Para se ter acesso aos melhores filmes dos canais top, o valor da assinatura beira a extorsão.
Quem tem apenas a assinatura básica, invariavelmente está insatisfeito com a seleção de filmes ofertada. Filmes antigos e reprises sem fim. Nesse cenário é que entra a Netflix. Com apenas uma assinatura de R$17,90 o assinante pode assistir quantos filmes quiser, acompanhar a série que desejar, independente de horário, no PC, notebook, tablet ou smartphone.
A Netflix, um serviço por streaming, por sua vez já vem sendo questionada, por retardar muito os lançamentos, pois depende de acordos com os estúdios que também estão entrando nesse mercado e o acervo acaba sendo limitado.
A Netflix entrou no mercado e mudou a forma de encarar a TV, tanto que o papa da comunicação no Brasil, Silvio Santos é assíduo usuário. Só que a Netflix já tem seu concorrente e é não um concorrente qualquer. É um 'netflix' pirata, o PopcornTime, que oferece filmes 'de graça' no sistema torrentes. Baixar filmes no computador, sempre há o risco de também estar baixando um vírus.
Ok. O Popcorn Time, ano passado entrou em rede, ganhou adeptos, mas como não tinha acordos com os estúdios e querendo evitar processos, os criadores (ou os estúdios, não se sabe) tiraram o site do ar.
Agora, o mesmo Popcorn Time volta só que de forma diferente. É uma plataforma, não tem mais hospedagem, e essa plataforma que faz a busca de filmes disponíveis em diversos computadores e, por incrível que pareça, com qualidade suficiente para assistir em uma TV de 42 polegadas.
Não fique preocupado, caro leitor. Tem gente bacana assistindo filmes pelo Popcorn. Alguns não confessam. A editora de blogs do Brasil Post, Tatiana de Mello Dias, por seu turno, anuncia publicamente que é usuária do Popcorn, embora assinante do Netflix.
No nosso caso específico, em Cuiabá, as salas de cinemas, embora de redes diferentes, nos três shoppings, invariavelmente, acabam exibindo os mesmos filmes "arrasta quarteirão", o que diminui bastante as opções.
E, vamos combinar, comprar DVD ou Blu-Ray, pagar R$19 ou R$90 para ver o filme uma vez apenas, esses preços são abusivos, sem falar que se pode emprestar ou exibir em público. Hoje em dia são poucos filmes que merecem ser assistidos mais de uma vez. (Edição: Enock Cavalcanti)
Fonte: Diário de Cuiabá
João Elóy desafia o massacre cultural
"A nossa prioridade é o povo pantaneiro, o povo ribeirinho", afirma o cantor, compositor, médico e professor aposentado da UFMT, pesquisador historiador de Chapada dos Guimarães, João Eloy de Souza Neves, ao iniciar a falar de seu programa de televisão "Varanda Pantaneira", que este ano completa 9 anos de ininterruptos no ar. Em junho, Eloy vai comemorar os 70 anos de vida e 30 de carreira artística.
Essa prioridade é para enfrentar o quarto massacre cultural pelo qual ele garante que estamos passando. O primeiro massacre – segundo João Eloy – foi o dos portugueses, quando desembarcaram nesta terra brasilis e deram início ao genocídio indígena, enquanto o segundo aconteceu quando aqui chegaram os garimpeiros "detonando o meio-ambiente e mandando todo ouro para Portugal".
O terceiro é marcado pela chegada dos migrantes gaúchos e paranaenses em Mato
Grosso, na década de 70, "detonando todas as nascentes e nivelando tudo pela monocultura" e, finalmente, ele identifica que o quarto massacre "é a imposição de ritmos da Bahia e do interior São Paulo – que vão do hip-hop, fanque até o vaneirão – sob a justificativa da diversidade cultural de Mato Grosso".
João Eloy ressalta que os ritmos mato-grossenses foram elaborados – em quase 300 anos de processo cultural – pelos índios e negros. Todos sabem (ou deveriam saber) que o cururu, o siriri e o rasqueado são manifestações autóctones, que vem das nossas mais profundas tradições.
A consequência de tudo isso é que a cuiabania se vê descriminada em todos os aspectos. "Coloca aí, moradia, saneamento básico, saúde, lazer, além da Cultura". João Eloy recorda o caso de um empresário que, anos atrás, anunciou num cartaz que estava contratando, mas para as funções citadas não se aceitava cuiabano. "Não queremos cuiabano", dizia o cartaz. Ele recorda também a 'antológica' frase de Blairo Maggi, quando assumiu o governo e disse: "Vou descuiabanizar o poder".
Nesse meio, ele abre um parêntese para fazer um resgate do governo Dante de Oliveira. Lembra que Maggi dizia que iria abrir a "caixa-preta" do Fethab e o Fethab está aí, como tábua de salvação dos governos do Maggi, Silval e mesmo Pedro Taques. Hoje todos estão brigando pelo Fethab, uma criação de um cuiabano de visão: Dante Martins de Oliveira. Fecha parêntese.
Nesse resgate da autoestima do cuiabano, o "Varanda Pantaneira", na TV Rondon, é ponta de lança, ao apresentar a música regional, a dança do siriri, o rasqueado e a culinária cuiabana. No programa já se apresentaram mais de 50 artistas, o que resultou na produção do quarto DVD da carreira de João Eloy, "Rasqueadeiros do Varanda Pantaneira".
Por conta do "Varanda", hoje se sabe que o rasqueado não é apenas João Elóy, Pescuma, Henrique & Claudinho, Roberto Lucialdo, Bolinha. Ele cita como exemplo os artistas Elpídio Jucá, Claudia Siqueira, Taís Serra, Netinho de Oliveira, Matheusinho dos Teclados, João & Junior, Belita Lira, Nádia Neves, Semite, Meire Pinheiro, João Lira e Simone Reis, entre outros. "Esses artistas são garantia da continuidade do rasqueado.
O rasqueado, além de estar na alma do artista João Elóy, ele gosta de dizer que está seguindo a receita da pop-star Ivete Sangalo que, em uma dessas últimas edições do Festival de Inverno de Chapada dos Guimarães, quando um artista 'bobó chera-chera', no palco disse pra ela que sabia cantar todo o repertório da musa baiana, se virou e disse: "Cante a sua terra. A minha música já e conhecida no mundo todo". E João completa: "É o regional que alimenta o universal" e cita os clássicos "La Bamba", "Galopeira", músicas do folclore regional que se tornaram mundialmente conhecidas.
Ao perscrutar as nossas raízes, João Eloy nos trouxe o "Engenho novo estremeceu/ Garapa é meu, bagaço é seu// A canoa virou, tornou revirar/ Dona Maria não soube remar", colhida do nosso folclore. João Eloy conta que essa melodia ouviu ainda na infância, na voz de Alexandre Pinto da Silva. Esse velho fazia a reza cantada. Depois tinha o cururu, levantamento de mastro e siriri. Que faziam o bailão. No intervalo, pra descansar, cantava "Engenho novo...". O resto da história todos já sabem. Hoje é música obrigatória no seu repertório e de outros artistas mato-grossenses.
O cantor, em trinta anos de carreira, tem também 15 CDs gravados. O pesquisador tem dois livros da história de Chapada dos Guimarães – o primeiro editado na década de 80, quando Chapada ainda era o maior município do mundo. A segunda edição, ampliada, recebeu o título de "História Atualizada de Chapada dos Guimarães", editada pela UFMT, inclui o festival, Manso e Salgadeira. O poeta está com um terceiro livro no prelo: "Ressonâncias Poéticas", que deverá sair pela editora Entrelinhas, ainda este ano.
Este ano – o empreendedor – que nos anos 70, em Chapada, inaugurou a boate Patucha, acrônimo de Panorama Turístico de Chapada, agora volta e, em junho, junto com o lançamento do DVD, abrirá, em Cuiabá, o Clube do Rasqueadeiros, um espaço voltado para a música regional. (Edição de Enock Cavalcanti)
Uma coisa que falta em Cuiabá? Teatro!
Governo do Estado suspende encenação da “Paixão de Cristo”
“O cobertor é curto”
Ivan Belém revisita Liu Arruda
Revista da Passaredo está no ar
O mercado de mídia segmentada voltada para oS passageiros das companhias aéreas, ganha mais uma revista onboard. Trata-se da “Pass”, editada pela Passaredo Linhas Aéreas, considerada hoje a maior companhia regional. O lançamento aconteceu na quinta-feira (19), em Ribeiro Preto, sede da empresa.
A edição número 1, que já está circulando, traz reportagens de comportamento, estilo, moda e entretenimento aos clientes. A melhor informação, contudo, que a “Pass” traz para o mercado, todavia, é o anúncio da inauguração dos voos entre Ribeiro Preto e Rondonópolis, a partir do dia 5 de abril, com viagens de domingo a sexta-feira. Rondonópolis é o 20º destino da Passaredo, daí o destaque.
A partir de maio, conforme a revista, entram em operação os voos entre Rondonópolis e Brasília, já com horários definidos, às 6 horas, de segunda à sábado; e com horário de volta às 22 horas.
O representante de vendas em Mato Grosso, o executivo Carlos Almeida, que participou do lançamento da “Pass” em Ribeiro Preto, disse que o mercado de revistas customizadas tem uma grande aceitação, pois tem um público cativo. A tiragem da revista será de 10 mil exemplares. Também vai estar disponível gratuitamente para tablets e smartphones na App Store e Google Play.
Fonte: 20032015 http://diariodecuiaba.com.br/detalhe.php?cod=468503
O poeta Sebastião Carlos está de férias
Sebastião Carlos Gomes de Carvalho é uma infinidade de pessoas numa só pessoa: historiador, pesquisador, ensaísta, professor universitário, advogado e diplomado em História, além de membro da Academia Mato-Grossense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso e de Goiás, do Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB-RJ), do Instituto Brasileiro de Direito Constitucional (SP), a União Brasileira de Escritores (UBE) (seccionais de Goiás e de São Paulo), polemista e poeta.
Sebastião Carlos tem produção vigorosa, na área do direito, historiografia e, mais recentemente, dicionarista, com o lançamento do “Dicionário de Termos e Expressões de Mato Grosso”, antes o “Dicionário Jurídico do Ambiente” e, embora o autor classifique como ensaio, “A Poesia em Mato Grosso – Um percurso histórico de dois séculos”, mostra o seu fôlego para a pesquisa.
Mas é do poeta, Sebastião Carlos, que quero falar. E do poeta, que está presente nos livros “Pássaros Sonhadores” (2003); “Hematopoemas” (1989) e “A Arquitetura do Homem” (1980), que sinto mais falta. Aonde anda o poeta, por que ele não se manifesta em livros? Situo o livro “Arquitetura do Homem” entre os grandes obras da poética mato-grossense.
Fonte: 20.03.2015 http://diariodecuiaba.com.br/detalhe.php?cod=468499
A face cuiabana do movimento operário
A partir das greves na Sadia Oeste, na Teka e na Cervejaria Cuiabana, em 1990, Luiz Galetti disseca estrutura e ideologia do movimento operário em nossa região
As greves dos operários das empresas Sadia Oeste, em Várzea Grande, Cervejaria Cuiabana e Teka Agro Industrial, em Cuiabá, nos meses de maio a junho de 1990, são ‘destrinchada’ no estudo do professor Luiz Galetti, do Departamento de Sociologia e Ciência Política da UFMT, foco de sua tese de doutorado, defendida na USP, e que resultou no livro “Greve e Socialismo – Movimento Operário e Cuiabá e Várzea Grande”, editado pela Editora UnB.
Luiz Galetti, professor da UFMT, provisoriamente emprestado ao Departamento de Sociologia da Universidade de Brasília (UnB), está em Cuiabá para o lançamento desta sua mais recente obra,nesta quinta-feira, 19, no Saguão do ICHS da UFMT e deve reunir educadores, pesquisadores, lideranças sindicais e políticas.
Embora o livro seja resultado de um doutorado, defendido em 1999, o professor faz questão de destacar que foi acrescido de mais um capítulo para contar a história do movimento entre a data de defesa até 2009, quando se definiu pela sua publicação. Por que só agora, o livro chega às mãos do leitor? Porque aí entram os detalhes da dificuldade de se publicar qualquer trabalho de cunho acadêmico – de pouco apelo comercial – mesmo por uma editora universitária consagrada de uma das mais conceituadas universidades do Brasil que é a UnB.
Por que dessa abordagem, centrada no movimento grevista em Cuiabá e Várzea Grande, pergunta-se. Porque a greve dos operários nessas três grandes empresas foi “um acontecimento marcante na história do movimento grevista operário local”, com repercussão nacional, já que a Sadia já era bastante conhecida e sua unidade aqui em Mato Grosso abatia em média 1.500 cabeças de gado e exportava carne, com destaque para o mercado do Oriente Médio.
Luiz Galetti garante que antes de 1990 nenhuma greve marcou a história do movimento sindical de Mato Grosso. O que só faz crescer a importância das paralisações que sacudiram Cuiabá, no início dos anos 90.
A greve geral, é bom lembrar, aconteceu no governo Collor, depois da primeira derrota de Lula, quando as forças de esquerda ainda estavam unidas. Grupamentos como a CUT (Central Única dos Trabalhadores), o Partido Comunista Brasileiro, o Partido Comunista do Brasil, o PT e movimentos como a Convergência Socialista ( de viés trokstista) e a Pastoral Operária, da Igreja Católica. A investigação produzida por Luiz Galetti trata a manifestação grevista das mais diversas angulações, ao mesmo tempo que contextualiza a luta operária dentro do momento histórico de articulação de forças políticas tidas como progressistas em torno da causa democrática no contexto mato-grossense.
Essa greve em Mato Grosso, portanto, é um marco e precisava desse registro. Para fazer o recorte do movimento operário no Estado, o professor traça um rápido retrato da esquerda e de todos os partidos que atuaram nessa luta de forma conjunta.
A luta sindical dos trabalhadores na indústria de alimentos e bebidas, de acordo com o que revelam as pesquisas do professor Galetti, se iniciou de forma clandestina, embora a liberdade sindical – em tese –, com a Constituição Cidadã de 1988, já existisse.
Os operários primeiro formaram uma associação. Existia um temor verdadeiro de que se os patrões descobrissem a existência de um movimento sindicalista em gestação, seus líderes pudessem ser despedidos das fábricas. “Também faço uma breve história do empresariado em Mato Grosso, procurando documentar no surgimento de plantas industriais importantes como a Sadia Oeste, a Cervejaria Cuiabana e a Teka e os impactos destes investimentos na economia do Estado”.
O relato que fala mais diretamente ao coração cuiabano, claro, é o que trata do surgimento da Cervejaria Cuiabana, fruto da luta de empresários locais que queriam uma cerveja cuiabana para contrapor à produzida pela cervejaria de Corumbá. Depois de alguns anos de atividade, a fábrica fundada pelo empresário Arquimedes Pereira Lima, acabou incorporada pela Brahma que, por sua vez, veio a se fundir com a Antártica, resultando na poderosa Ambev - e sabe-se lá mais o que.
Luiz Galetti, doutor em Sociologia, iniciou a carreira profissional como Engenheiro, formado pelo ITA, trabalhava em uma indústria, onde ele se identifica como um “capataz” e acaba por envolver com o movimento de resistência à ditadura militar, preso por sua militância no ano de 1970 e recolhido ao DOPS do Rio de Janeiro. Depois desta experiência, se voltou para as ciências sociais e fez o mestrado em Ciência Política na Unicamp. Participou da fundação do Partido dos Trabalhadores, ainda em Campinas. Na década de 80 veio para Mato Grosso para realizar um estudo junto aos pescadores ribeirinhos, depois trabalha em uma pedreira e, finalmente, ingressa na UFMT, em 1986.
Pela sua formação na engenharia, o seu novo trabalho de pesquisa é calcado em dados substanciais. Tanto que o livro “Greve e Socialismo”, em seu capítulo 7 – ‘Os números da Greve’ - traz gráficos, tabelas de evolução dos salários, tabelas de produção, enfim, números que dão sustentação às teses levantadas e revelam um critério técnico acurado.
O professor Luiz Galetti avalia que as universidades tem prestado sua contribuição positiva quanto à pesquisa e à extensão, enquanto o acesso às essas universidades, continua privilegiando os filhos da da classe média, média alta e a burguesia.
Quanto ao movimento sindical que acontece na Grande Cuiabá, nos dias de hoje, o professor diz que existe uma fragmentação, um “racha”, que enfraquece muito a luta, principalmente das categorias menos politizadas e organizadas. Uma das causas dessa divisão ele credita ao “famigerado” imposto sindical e à existência de uma dezena de siglas: CUT, CTB, CGTB, NCS, Força Sindical, entre outras, que se batem pela apropriação deste imposto.
Os partidos políticos, por seu turno, também estimulam essa divisão, como as entidades religiosas e empresarias. Com a globalização, a grandes corporações tem investido nessa fragmentação. (João Bosquo/DC Ilustrado, edição de Enock Cavalcanti)
Serviço
Lançamento: “Greve e socialismo – movimento operário em Cuiabá e Várzea Grande – 1990”, de Luiz Carlos Galetti
Quando: Quinta-feira, 19 de março
Horário: 18h30
Aonde: Saguão do Instituto de Ciências Humanas e Sociais (ICHS), na UFMT, campus de Cuiabá.
FONTE: 19.03.2015: http://diariodecuiaba.com.br/detalhe.php?cod=468406
Decisão do Governo revolta artistas
Silval apresenta interior do VLT e mostra otimismo com o andamento das obras
O governador Silval Barbosa visitou o pátio de estacionamento e manobras do veículo leve sobre trilhos (VLT), localizado em Várzea Grande...